Acordo Injusto

26 2 0
                                    

Pov. Tony

Rookery não era amigável, pelo contrário, sua face mostrava a mais pura polpa de sua personalidade, era repugnante e dava ânsia só de olhar.

Por um momento me senti envergonhado, os trajes de ambos eram estilosos, chiques, escolhidos a dedo para a ocasião e ,aparentemente, passados a mão.

Maney ficou ao lado do homem, esperando novas ordens como um cachorrinho ao lado de seu dono, se ele tivesse um rabo, ele estaria abanando freneticamente.

- Você fez muito bem Maney. - O corpo do beta enrijeceu e suas bochechas ruborizaram. Lembrando-me de que Rudolph me deixava daquele mesmo jeito com um simples elogio. - Exatamente como eu mandei, terá a devida recompensa mais tarde. Mas por hora, quero que nos deixe a sós.

O ruivo pareceu se incomodar com a ideia, mas andou de forma obediente até fora do recinto cabisbaixo.

- Maney. - O maior o chamou uma última vez, o que o fez o encarar esperançoso. - O chame para entrar.

A esperança desapareceu conforme ele acenava positivamente com a cabeça e saía do local.

- Agora que estamos sozinhos, gostaria de um vinho?

- Eu não bebo. - Senti o forte cheiro de vinho, o que me fez sentir uma leve tontura.

- Eu deveria imaginar.

O silêncio consumiu o espaço enquanto ele bebia de sua taça. Pelos feromonios, sei que estou diante de um Alpha dominante, meu corpo estremeceu com a ideia de estar sozinho com ele em um local que ninguém nos escutaria. A sensação de um calafrio medonho percorreu pelo meu corpo, mas me mantive imóvel por Rudolph.

- Então, vamos encurtar o papo, eu quero sua ajuda. - Ele indicou uma cadeira em minha frente para que eu me sentasse, o fiz por impulso.

- Para?

- Meu negócio é caçar vampiros, você parece alguém que consegue os atrair com facilidade visto que tem dois na sua cola loucos por você. - Outro gole foi dado no líquido alcoólico, me senti incomodado, mas não me deixei abalar. - Você é o que eu chamo de Sangue de ouro.

- Sangue de ouro?

- Esse tipo de sangue atrai os vampiros, principalmente os Alphas, você não sabe, mas o gosto do líquido que core suas várias para eles é como diamante em uma mina, nenhum vampiros que te morda poderá viver sem você, pois ele formará um elo contigo.

A minha mente travou, coloquei a mão no local onde Rudolph me marcou, ainda conseguia sentir a cicatriz se tocasse diretamente na pele, meu rosto empalideceu, ele estava conectado a mim, não havia o que fazer agora.

Por isso ele me seguiu como um maluco estando irritado comigo, por isso não largava de mim, por isso todos os toques eram torturante por acabarem.

Não era só amor, era obsessão, era necessidade.

Coloco as mãos na boca, sinto um enjoo consumir meu corpo com a ideia de que tudo era uma ilusão.

- Não, não pode ser. - Um suspiro trêmulo são da minha boca. O Alpha sorri satisfeito. - Não é possível, não tem como...

- Deve ser muita coisa para se assimilar agora, mas a minha sugestão é a de que você pode servir a mim pelos próximos anos, me ajudando a caçar a espécie que você atrai somente por existir.

- Ou o que? - Me levantei da cadeira irritado, mas antes que pudesse reagir ouvi um barulho de algo caindo atrás de mim, ao me virar vejo os corpos de Anna e Rudolph caídos no chão, chego perto do vampiro e verifico o pulso, só para lembrar que ele não tem.

Atrás deles, quem os teria derrubado, o professor do qual Anna sempre conversava após a aula, o que eu tive vontade de arrebentar a face.

- Eles estão bem, mas extremamente enfraquecidos, não se lembrarão nada dos últimos 5 dias.

Mesmo ouvindo o que ele dizia, minha preocupação por Rudolph não estava se estabilizando, queria chorar, gritar, acordá-lo e dizer que vai ficar tudo bem.

Mas no fim, seria só mais uma mentira.

Levantei com as lágrimas nos olhos, minhas vestes molhadas e meus sapatos não me ajudavam com o desconforto que sentia, meus olhos relaxaram, deixei uma única lágrima cair e acertar o rosto de meu amado, o vampiro não fez nada mais que abrir os olhos levemente e voltar a dormir, consegui ouvir um sussurro, algo foi dito, e eu não pude entender o que era.

- Se eu não aceitar você os mata? É isso.

- Você entende rápido. É uma espécie inteira, milhares de vampiros que serão mortos ou seu namoradinho e a família dele.

Limpou as lágrimas para que elas não tivessem o mesmo destino da anterior, olhou para trás com o rosto inexpressivo e estendeu a mão para Rookery.

- Que bom que concordamos.

- Espera - O maior parou - Você conseguiu apagar memórias de quatro dias certo?

- Sim - Sorriu animado. - É fruto de uma das invenções de meu criado.

- Ótimo. Quero que me apague das memórias de ambos. - O mais velho se espantou.

- O que?

- É a única coisa que lhe peço, me tire da mente deles, não deixe que saibam quem eu sou. E assim eu irei com você de forma obediente, abandono todos que conheço e vivo ao seu dispor. Só os libere e os faça esquecer que eu estive, sequer um dia, ao lado deles.

O maior revirou os olhos e sorriu vitorioso.

- Tem a minha palavra, eles não se lembrarão de você e viverão felizes como se você nunca tivesse existido. - As palavras fizeram o peito do menor doer, mas ele ignorou a sensação.

O aperto de mão foi finalizado, o professor pegou os vampiros sem cuidado e os levou para o andar de cima, me chamando para segui-lo.

Ao subir todos os lances de escada, vi que Maney nos esperava na porta, ele sorriu para o mim tristemente e me guiou até a saída pelo grande tapete vermelho Sangue.

Olhei para trás uma última vez, por um único instante. Reparei que no final das contas, apoiado no ombro do adulto, Rudolph estava acordado e visivelmente tonto, ele sussurrava a palavra "não" entre os lábios e tinha seus olhos cheios de lágrimas.

Dei um sorriso entristecido, e em seguida fui até a porta, onde o destino o aguardava nos próximos anos como um caçador de vampiros.

Um caçador de vampiros que estava ligado e apaixonado por um deles.

Um amor impossível  (rudony)Onde histórias criam vida. Descubra agora