III

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Nico Moretti

25-01-2024, Sicilia, Itália

- Então, meu? Tu não tens ninguém nem nada aí que te faça ficar, pois não? - disse Ryan.

- É, tu tens razão, mas pra que eu vou pra aí? A minha vida sempre foi aqui. 

- E? Tens a tua liberdade, não chega? Caga pros teus pais, eles nem querem saber se estás bem ou não. Vem pra cá! — tentou me convencer.

    Esse canalha é o Ryan O'Connor, meu melhor amigo. Nem lembro quando o conheci; ele simplesmente apareceu na minha vida. Eu digo que o odeio, mas ele sabe que não é verdade. Este cretino esteve lá quando mais precisei. Eu moro na Sicília e ele em Verona; quer que eu fuja de casa para ter liberdade. Desde sempre, este monte de bosta vem me tentando convencer a ir para Verona.

- Cara, isso não é vida. Olha só, você já tem 20 anos. Não tem mais que viver sob as regras deles. Precisa de um pouco de espaço, de liberdade - ele suspira enquanto fala

- Fácil falar. Eles ainda acham que eu sou o rebelde que precisa de supervisão constante. E só sabem quando saio de casa por conta dos empregados; se não, nem perceberiam que fui. - desabafo com ele.

- Exatamente por isso você precisa sair daí. Ou vai ficar preso nesse ciclo pra sempre? Não é a sua cara, Nico. Você é independente, sempre foi. Aqui em Verona, você pode fazer o que quiser, quando quiser - fala cautelosamente.

- E o que eu faria lá? Não dá pra simplesmente largar tudo e ir.

- Por que não? Eu tô te oferecendo um lugar pra ficar. Pode trabalhar comigo; sabe como sou bom em arranjar uns bicos. Verona é cheia de oportunidades, e você é esperto; vai se virar rápido. Além disso, essa cidade... cara, é incrível! Os bares, as festas, as corridas... você vai adorar - ele está empenhado em me convencer a ir.

- Ah, claro. Verona e suas corridas ilegais. Já sabia que isso ia ser o gancho - digo, rindo. Claro que ele iria usar meu ponto fraco contra mim.

- Você me conhece bem demais. Mas sério, Nico, o problema não são só os seus pais. Você tá sufocado aí. O que tem pra você na Sicília além de regras e rotina? Verona é liberdade. Aqui, você pode ser você mesmo, sem ninguém te prendendo - continua.

- É complicado... meus pais vão ficar furiosos se eu sumir. Eles vão pôr a polícia atrás de mim - falo, indeciso, enquanto balanço a cabeça em negação. Os meus pais não querem saber de mim? Não, mas com toda certeza eles fariam um escândalo.

- Chega uma hora que a gente tem que fazer as coisas por nós mesmos, não por eles. Olha, eu sei que são seus pais, mas viver pra agradá-los não vai te fazer feliz. E você sabe disso.

- E se eu me der mal? - falo hesitante.

- Aí você se levanta, cara. Mas você não vai se dar mal. Verona tem espaço pra você, mais do que a Sicília jamais teve. E eu tô aqui; não vou te deixar na mão. A gente vai fazer isso juntos, como sempre - fala confiante, o que me faz sentir mais seguro também.

- Parece uma loucura... mas faz sentido - admito, relutante.

- As melhores decisões são as que parecem loucuras no começo. Então, o que você acha? Tá na hora de dar o primeiro passo. Arruma suas coisas, vem pra Verona, e eu te mostro como a vida pode ser incrível sem ninguém te dizendo o que fazer.

- Tá certo. Eu vou. Vou arrumar minhas coisas - digo, sem saber o que será do meu futuro, mas sei que em Sicília não é de certeza.

- Isso, cara! Vai ser a melhor decisão que você já tomou, prometo. Tô te esperando aqui! - sei que se ele tivesse fogos de artifício, ele explodiria tudo. A verdade é que eu já queria sair daqui há tempo, e ele tem razão: não tenho nada que me prenda aqui. Vou começar uma vida nova.

A Ironia do DestinoOnde histórias criam vida. Descubra agora