IV

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Nico Moretti

26-01-2024, Sicilia, Italia

- Já estou pronto. - sussurro, apertando o telefone contra a orelha, nervoso. Olho para a janela do quarto, que parece mais alta agora que estou prestes a saltar.

- Boa! Certifica-te de que ninguém está por perto. O carro estará na esquina em dez minutos. Tenta não fazer barulho, cara.

Engulo em seco, com o coração batendo forte. Empurro a janela, sentindo o ar frio da noite bater no meu rosto. A escuridão lá fora me espera.

- E o segurança? Ele tá no pátio da frente. Se me vir, já era.

- Relaxa, eles nunca olham para os fundos. Só pula, cara. Dois metros não é nada. Já fez coisas mais loucas do que isso, seus medos você já conhece, experimente suas coragens.

- Mais loucas? Isso parece cena de filme... - resmungo.

- Nico, foco! A janela está aberta?

- Sim, sim, eu consigo... Vou agora. - Coloco uma perna para fora e sinto a borda da janela com os pés. O vento assobia, e por um momento, hesito

- Vamo, cara! A liberdade tá a dois metros de distância!

- Tá! - Lançando-me para fora, minhas mãos deslizam na borda da janela. Caio em um baque suave, dobrando os joelhos. Respiro fundo, mas de repente vejo o feixe de luz de uma lanterna.

- Nico, tudo bem? - Ryan ouve minha respiração acelerada.

- Merda! O segurança tá vindo pra cá! - falo desesperado.

- Fica calmo, abaixa e espera. Não te mexe até ele ir embora.

Agacho-me atrás de um arbusto, os olhos fixos no segurança que passa devagar, sem notar minha presença. Fico imóvel até que a luz finalmente se afasta.

- Ok, ele passou.

- Bom garoto. Agora corre para a saída dos fundos. O carro vai te levar direto pro aeroporto. Não vai ter volta depois disso.

- Já tô indo. - Corro pelo jardim escuro, os passos suaves na grama molhada. O tempo parece uma bomba-relógio prestes a explodir. Preciso sair de lá antes que percebam minha ausência. As luzes da casa ainda estão acesas. Esgueiro-me pelas sombras até o portão dos fundos.

- Já estou na saída, Ryan. E agora?

- Fica atento. O carro vai chegar em menos de dois minutos. Assim que ele parar, você entra e vai direto pro aeroporto. Você vai estar em Verona antes do sol nascer.

O coração acelera. O silêncio é quebrado por um motor ao longe. As luzes baixas aparecem pela esquina, e me agacho, observando com atenção.

- Tá, eu vejo o carro. Vou correr.

- Vai, cara! Essa é sua chance. E não olha pra trás.

   Inspiro fundo e corro em direção ao portão. Passo rápido, sentindo o alívio à medida que me aproximo do carro. O motorista, um homem de óculos escuros, me olha através do vidro.

- Nico? - Ele pergunta, destravando as portas.

- Sou eu. Vamos logo! - Entro no carro, batendo a porta.

   O carro acelera, deixando a mansão para trás. As luzes da casa desaparecem por completo. Um misto de euforia e ansiedade toma conta de mim.

- Consegui, Ryan. Tô fora.

A Ironia do DestinoOnde histórias criam vida. Descubra agora