O dia passou carregado de tensão para Simone, sua agenda cheia e Soraya enchendo-a de perguntas não ajudavam em nada a aliviar aquilo. Reuniões intermináveis com ministros e apoiadores que só queriam um pequeno erro de Tebet para mandá-la embora da presidência só aumentaram mais ainda a raiva e a exaustão da mesma.
Quando a madrugada chegou Simone levantou silenciosamente da cama para não acordar Soraya e foi ao closet colocar uma roupa discreta para não chamar a atenção quando chegasse na reunião. Assim que adentrou o local marcado Tebet reconheceu os rostos que trabalhavam exaustivamente na busca pelo seu inimigo. Começada a reunião o especialista informou a ministra sobre as novas descobertas:
- Hoje pela tarde conseguimos descobrir que um dos IPs usado para mandar e-mails teve o local real exposto e está localizado aqui em Brasília. Coincidentemente ou não perto da onde sua assistente mora presidente.
Simone sentiu um calafrio ao ouvir a notícia. -Perto da casa da minha assistente? - ela repetiu, tentando processar a informação. -Isso não pode ser uma coincidência.
O especialista assentiu. -Estamos investigando mais a fundo, mas achamos que é melhor você saber imediatamente.
- Devemos investiga-la presidente. Imediatamente, neste momento não podemos confiar em ninguém. - alertou o chefe da segurança.
- Claro, façam isso. Não quero deixar nada escapar, precisamos estar preparados para tudo e todos. - Concordou Simone ainda desacredita de que Ana poderia estar envolvida em algo assim.
- Sugiro colocarmos um dos seguranças para seguir Ana e ver se conseguimos pegar ela conversando com seu suspeito ou alguém ligado a ele. - disse a segurança pessoal de Tebet.
- Concordo, sabemos que ela tem contato frequente com muitos parlamentares que ainda são ligados ao suspeito. - Concluiu o chefe da segurança.
Calculados os próximos passos Simone encerra a reunião e retorna ao palácio. A morena tenta entrar com cuidado e silenciosamente na suíte, mas o que ela não esperava é que no escuro estaria Soraya esperando por ela e uma boa explicação de onde ela estava, pois o sentimento de que algo de errado estava acontecendo não abandonou a loira e isso estava deixando seu coração ainda mais apertado pois não queria outra briga como a que tiveram. O quarto estava mergulhado em uma penumbra suave, iluminado apenas pela luz fraca que entrava pelas frestas das cortinas pesadas. O ambiente era elegante, com móveis de madeira escura e estofados de veludo que conferiam um ar de sofisticação. Na parede, quadros abstratos adicionavam um toque moderno ao espaço clássico.Simone estava encostada na porta, ainda vestida com seu terno, a expressão tensa e os olhos fixos em um ponto distante. Soraya, por outro lado, estava de pé ao lado da janela, os braços cruzados e o rosto marcado pela preocupação. O silêncio entre elas era quase palpável, carregado de emoções não ditas.
O relógio na parede marcava as horas com um tique-taque constante, um lembrete incômodo do tempo que passava. A atmosfera estava carregada, como se uma tempestade estivesse prestes a desabar sobre elas. O ar parecia pesado, dificultando a respiração, enquanto a tensão entre as duas aumentava a cada segundo.
— Onde você estava? — perguntou Soraya, com um tom de voz que misturava preocupação e desconfiança.
Simone suspirou, não queria que a esposa soubesse das novas ameaças, queria resolver tudo sozinha como sempre. Ela acendeu a luz e viu Soraya sentada na cama, os olhos brilhando de ansiedade.
— Eu estava em uma reunião importante — respondeu Simone, fria e distante. — Precisava discutir alguns assuntos urgentes.
Soraya levantou-se, cruzando os braços.
— E por que não me contou? Eu sou sua esposa, Simone. Tenho o direito de saber o que está acontecendo.
— Eu não preciso te avisar de cada passo que eu dou Soraya. Eu não sou mais criança e você não é a minha mãe. - Gritou Simone.
Soraya ficou em silêncio por um momento, surpresa com a explosão de Simone. Ela respirou fundo, tentando manter a calma.
— Eu sei que você não é uma criança, Simone. Mas somos parceiras. Eu me preocupo com você — respondeu Soraya, com a voz trêmula.
Simone percebeu o impacto de suas palavras e sentiu uma onda de arrependimento. Ela sabia que estava sendo injusta, mas o estresse das ameaças estava afetando seu comportamento.
— Eu preciso dormir Soraya, tem um país inteiro precisando de mim. - disse já se retirando para tomar um banho antes de deitar.
— Você se quer viu a sua filha hoje Simone, você vai ser pra ela o que foi para as Marias. Uma mãe ausente! - Gritou Soraya com o rosto banhado em lágrimas.
As palavras da loira atingiram em cheio a morena. Tebet sabia que estava errando com Isadora também, mas era inevitável afastar-se quando o mundo parecia desabar sobre a sua cabeça.
Simone parou na porta do banheiro, as palavras de Soraya ecoando em sua mente. Ela fechou os olhos por um momento, tentando afastar a culpa que a consumia. O som da água correndo no chuveiro parecia distante, quase irrelevante diante do turbilhão de emoções que sentia.Soraya foi para sala, as lágrimas ainda escorrendo pelo rosto. Ela se sentou no sofá, abraçando uma almofada como se fosse um escudo contra a dor que sentia. O silêncio entre elas era agora parecia comi um muro que distanciava as duas cada vez mais.
Depois de alguns minutos, Simone saiu do banheiro, vestida com um roupão. Ela parou no meio do quarto, olhando para o lado de Soraya na cama com uma expressão de cansaço e arrependimento.
Simone deitou-se na cama, o silêncio do quarto amplificando seus pensamentos. Ela sabia que precisava encontrar uma maneira de equilibrar suas responsabilidades com seu casamento. O peso das ameaças e a pressão de seu cargo estavam começando a cobrar um preço alto.
Enquanto fitava o teto, lembrou-se dos momentos felizes que compartilhara com Soraya, antes de tudo se tornar tão complicado. Ela não podia deixar que o trabalho destruísse o que tinham construído juntas.
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Notas da autora
Me contem o que estão achando. Me digam quem vocês acham que é o inimigo?
Comentem muito e deixem a ⭐️
Bjs tia Mi❤️