Quando chegaram na loja, o céu já havia escurecido. As luzes das casas já estavam acesas, e as lojas noturnas já estavam abertas. A noite estava gelada, assim como o coração de Nilo. Não sabia quanto tempo levava para o sacrifício ser completo, mas pensava que não deveria ser muito. Se Dasu já tinha pego o corpo, talvez até mesmo já tivesse matado a filha.
Os três pousaram em frente à porta dos fundos. Anila conjurou seu rifle mágico e apontou com a cabeça para a frente da loja.
— Eu vou pela frente, vocês dois entram por aqui, procurem em direções contrárias, se acharem alguma coisa, mandem um sinal.
Os dois assentiram, e Anila se afastou. Nilo ficou em frente à porta, a adaga em punho. Oleandro se aproximou e a abriu com magia, sem fazer nenhum barulho. Os dois entraram. Oleandro sinalizou que ele ficaria naquela área e mandou Nilo para o outro lado.
Nilo andou rápido pelo corredor, olhando por todos os lados e deixando todos os sentidos em alerta. Ele olhou para o teto. A maioria das corujas já estava acordada, e ele conseguia ver os olhos brilhantes delas o seguirem conforme ele andava. Nilo não sentiu nenhuma magia vinda da parte delas, mas ainda lhe causavam uma sensação muito estranha.
Depois de uma volta em todo aquele perímetro, ele ainda não havia encontrado nada, e um leve desespero bateu, até ele sentir uma leve rajada de vento e a magia de Anila.
Nilo correu na direção do vento e encontrou Anila junto a Oleandro, Dara e o corpo de Nisu. O homem ainda estava inteiro, seu sangue ainda estava no corpo e sua cabeça no lugar. A menina estava ajoelhada no canto e não parava de chorar. Ela vestia um manto branco cerimonial, e pelo que era possível ver de sua pele, estava toda pintada com runas. Oleandro estava abaixado ao seu lado.
— Ei, calma, está tudo bem. Estamos aqui agora, nada de mal vai te acontecer.
— Você sabe onde está seu pai? — Anila perguntou. A menininha continuou a chorar, mas levantou a cabeça e olhou em uma direção. Anila e Oleandro olharam para lá e tentaram sentir alguma ondulação da magia.
Nilo manteve seus olhos na menina, seu coração se apertou. Ela era tão pequena e estava sofrendo tanto, como alguém conseguia ser tão cruel? Como Dasu poderia pensar em tirar a vida da própria filha? A única lembrança que sobrou da sua mulher. Como poderia pensar em tentar trazer ela de volta? Não seria algo natural, nunca seria ela, ele não conseguia perceber isso?
Nilo deu um passo à frente, querendo conversar com ela, mas parou quando o olhar de Dara mudou, seu rosto se contorceu em uma careta, seus olhos se arregalaram e ela olhou com pânico. Era o mesmo olhar da outra vez, e fez algo no estômago de Nilo se revirar. Novamente, ele sentia uma familiaridade que não sabia de onde vinha.
Dara começou a gritar, trazendo a atenção de Anila e Oleandro para ela. Nilo guardou sua adaga, xingando em voz alta. Ele tentou se aproximar, mas Dara gritou mais, então ficou onde estava e deixou que Anila e Oleandro cuidassem dela.
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As consequências de uma escolha
FantasyQuando se entra de férias é natural que se queira descansar. Pelo menos para Anila e Oleandro. Nilo, por outro lado, não se mostra bem um pouco disposto a isso. Na visão dele, já descansaram demais. Disposto a se mostrar o melhor detetive mágico, qu...