Nilo batia o pé no chão freneticamente na recepção do hospital. Seus dedos se apertaram uns nos outros e sua mente corria a mil. Já fazia vários minutos que haviam chegado ali, e o estado daquele homem ainda era o mesmo. A última coisa que souberam dele foi que teve um infarto, e os médicos estavam tentando reanimá-lo. Mas muito tempo já tinha se passado e eles não tiveram nenhuma notícia.
Nilo pensava em tudo que sabia sobre feitiços e magia ruim, tentava lembrar de tudo parecido. Mas nada lhe vinha à mente.
Ele olhou para Anila e nem mesmo ela parecia ter certeza, apesar de seu semblante demonstrar alguma desconfiança. Oleandro não parecia saber de nada, na verdade, nem parecia estar pensando nisso. Sentado na cadeira em frente a ele do outro lado do corredor, Oleandro tinha uma postura meio jogada, com os braços cruzados e os olhos cravados em Nilo.
No caminho até ali, e quando o homem começou a infartar, Nilo teve pequenas crises que não conseguiu esconder muito bem. Anila estava mais focada no que estava acontecendo, fazendo pesquisas no tablet de Oleandro, então não percebeu, mas Oleandro sim. Ele o olhava como se soubesse que Nilo escondia alguma coisa, o que, é claro, ele estava fazendo.
Ele pensava que já deveria ter contado. O que aquele homem falou fazia sentido com o que ele viu. E o estado dele naquele momento tinha algumas semelhanças com os corpos encontrados. Ele era a vítima da vez, e talvez Nilo fosse a próxima.
Já deveria ter contado, mas pensou que queria saber primeiro o que estava acontecendo antes de sair preocupando todo mundo. Principalmente Anila. Apesar do seu jeito meio fechado e esquivo, Nilo sabia que ela se importava com eles, não queria preocupá-la.
Mas talvez… ele olhou para Anila de novo, ela parecia ter ideia de alguma coisa. Talvez, se Nilo falasse o que sabia, ela soubesse o que era, talvez poderiam até mesmo salvar aquele homem, apesar das poucas probabilidades.
Nilo respirou fundo, tomando o controle de si e se levantou. Mas antes que falasse qualquer coisa, as portas no fim do corredor se abriram, e o médico se aproximou deles. Assim que Nilo viu seu rosto, seu coração pesou. O homem comprimiu os lábios, fazendo uma pequena reverência para Anila, e se dirigiu a ela:
— Sinto muito, Senhora, mas não conseguimos salvá-lo. Qualquer que fosse a magia que houvesse nele, estava além das nossas habilidades.
Nilo apertou as mãos e olhou para o chão. Não conseguia acreditar. Ouviu Anila suspirar.
— Deixe o corpo separado e continuem fazendo exames para ver se descobrem alguma coisa, farei algumas pesquisas a respeito e em breve contato o senhor.
Nilo ouviu os passos do homem se afastarem e levantou a cabeça. No final do corredor que as portas abertas levavam, havia outra sala, não era possível ver o corpo, mas Nilo conseguiu ver as expressões dos médicos que estavam de pé. Era de pesar, confusão, impotência. Anila suspirou mais uma vez e se desencostou da parede. Ela conjurou um livro grosso. Nilo reconheceu pelo formato e pelos detalhes que era um livro de magia, um livro de magia da Realeza.
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As consequências de uma escolha
FantasyQuando se entra de férias é natural que se queira descansar. Pelo menos para Anila e Oleandro. Nilo, por outro lado, não se mostra bem um pouco disposto a isso. Na visão dele, já descansaram demais. Disposto a se mostrar o melhor detetive mágico, qu...