capitulo 4

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Acordei no sofá mais uma vez, com o pescoço dolorido e os músculos rígidos. A luz do sol entrava suavemente pelas frestas da janela, iluminando a sala em tons de amarelo claro. Olhei ao redor, sentindo o ambiente frio e quieto, quase como se estivesse abandonado. Mas ele ainda estava lá em cima, dormindo, provavelmente ocupando a minha cama. Jungkook já estava na minha casa há cinco dias. cinco longos dias em que a nossa comunicação havia se reduzido a quase nada. E, honestamente, eu já estava ficando sem paciência.

Desde o primeiro dia, depois das discussões sobre as armas e a comida, algo mudou. Jungkook havia se fechado ainda mais, como se tivesse erguido uma parede intransponível entre nós. Ele não me provocava mais tanto quanto antes, mas o silêncio também não era confortável. Era como se estivéssemos vivendo em mundos separados dentro da mesma casa. A rotina dele era previsível: acordava tarde, comia pão, mas agora apenas o pão caro que ele trouxera consigo; claro, nada do que eu pudesse oferecer era bom o suficiente para o príncipe. Depois, ele ficava lá fora, sentado, observando-me enquanto eu tentava dar conta da bagunça que a chuva havia deixado. Quando eu terminava, voltava para dentro e o encontrava assistindo à televisão, sem sequer se importar em olhar para mim ou perguntar como eu estava.

Eu não sabia por quanto tempo isso continuaria, mas estava claro que ele não pretendia ir embora tão cedo. E para piorar, a comida estava acabando.  Me levantei do sofá, esticando as costas enquanto o desconforto nos músculos cedia lentamente. Fui até a cozinha, o chão de madeira rangendo sob meus pés descalços, e abri o armário. Estava praticamente vazio. A única coisa que restava eram ovos, e eu sabia que isso não seria o suficiente. Suspirei pesadamente, pegando uma cesta e começando a colocar os ovos nela com cuidado. Talvez eu pudesse vendê-los na cidade e comprar comida. O pão caro que Jungkook comia estava no balcão, faltando apenas uma fatia para acabar, e as compras que eu tinha feito antes de sua chegada já estavam no fim. Eu não podia continuar sustentando um príncipe arrogante que se recusava a se misturar ao meu mundo.

Enquanto colocava os ovos na cesta, meus pensamentos voltavam para os últimos dias. Tentei, nos primeiros dias, puxar conversa. Perguntei uma ou duas vezes o que ele planejava fazer, quanto tempo pretendia ficar, se tinha algum plano para resolver a situação no reino. Mas todas as minhas tentativas foram ignoradas ou recebiam respostas curtas e evasivas, sempre carregadas de sua prepotência habitual. Ele não parecia disposto a compartilhar nada, e eu, com o tempo, desisti de insistir.

Não que eu fosse alguém acostumada ao silêncio absoluto; viver sozinha na fazenda me acostumou com isso. Mas a presença dele, sempre tão distante e inacessível, me incomodava de uma forma que eu não conseguia explicar. Eu o sentia em todos os cantos da casa, como uma sombra. Cada movimento dele era marcado por um certo desprezo pelo meu jeito simples de viver. E, ainda assim, ele permanecia. Como se não tivesse para onde ir. Como se estivesse esperando por algo, ou alguém.

Fechei o armário vazio, sentindo a ansiedade apertar no peito. Precisava ir à cidade. Se não por mais nada, ao menos para escapar por algumas horas daquela atmosfera opressiva que ele criava ao seu redor. Fui até o banheiro para me arrumar. Peguei uma camisa simples e calças jeans gastas pelo uso diário no trabalho, que eu havia deixado em uma das cadeiras da mesa, junto com algumas outras peças de roupas, para não precisar subir e vê-lo. O tempo ainda estava nublado, embora a tempestade tivesse passado já alguns dias. Precisava aproveitar enquanto não chovia de novo.

Olhei para mim mesma no espelho, puxando o cabelo em um rabo de cavalo apressado. Meu reflexo parecia cansado, como se esses cinco dias tivessem drenado mais do que energia física. A presença constante de Jungkook, com sua arrogância, havia transformado o espaço que eu chamava de lar em um lugar onde eu mal conseguia relaxar. Suspirei de novo, saio do banheiro, e para minha surpresa lá estava ele, sentado no sofá assistindo televisão, despreocupado com que acontecia ao seu redor, ignoro a presença dele e caminho até a geladeira, pegando os últimos ovos que estavam ali. Eu não tinha escolha; precisava vender o que restava para garantir o próximo café da manhã, e almoço. Enquanto colocava os ovos na cesta e me preparava para sair, senti os olhos de Jungkook em mim. Ele ainda estava no sofá, como sempre, assistindo à televisão como se o mundo ao redor não existisse.

The prince in my path - Jeon Jungkook (BTS) Fanfic / imagineOnde histórias criam vida. Descubra agora