Eu acordei mais tarde do que o habitual, o sol já alto invadindo meu quarto através da fresta estreita na janela. Pisquei, tentando afastar a preguiça que se enroscava em mim como uma teia. Era raro eu dormir tanto, e a sensação de estar atrasada para as tarefas da fazenda foi a primeira a se instalar. A cama parecia mais macia hoje, ou talvez fosse o cansaço dos treinos com Jungkook. O corpo inteiro doía, mas de um jeito bom – os músculos se lembravam do arco, do peso dos movimentos repetidos, como se fossem lembranças agradáveis presas na pele. Espreguicei-me devagar, os lençóis amassados caindo para o lado. Meu cabelo estava uma bagunça, e eu podia sentir alguns fios grudados no rosto por causa do calor da noite. Sentei na beirada da cama, esfregando os olhos com as costas das mãos, sentindo a leve ardência do sono mal digerido. Lá fora, o canto das aves já era alto e vibrante, um lembrete de que eu estava atrasada para tudo.Com um suspiro, levantei-me e fui direto para o banheiro, os pés descalços ecoando sobre as tábuas de madeira. A água fria do lavatório me arrancou um arrepio quando joguei o líquido no rosto, mas foi o bastante para me despertar de vez. Escovei os dentes lentamente, o reflexo no espelho mostrando uma versão meio sonolenta e amassada de mim. As marcas leves do travesseiro ainda estavam nas bochechas, e eu passei uma água em meu cabelo para abaixar os fios que estavam fora do lugar, para sair logo dali. Sabia que havia trabalho a ser feito, o tipo de trabalho que não espera por ninguém.
Vesti uma roupa simples e confortável: um short jeans, boa para o campo, e uma camisa velha de algodão. Antes de sair, coloquei meu tênis cano alto, desgastados, mas fiéis, e fui direto para a cozinha, esperando encontrar algum sinal de Jungkook, mas ele não estava lá. A casa estava silenciosa, exceto pelos estalos ocasionais da madeira velha que parecia respirar junto com o calor do dia. Estranhei não vê-lo por ali. Desde que ele apareceu na minha porta, havia uma energia nova que nunca me deixava sozinha por muito tempo. Ele parecia gostar de aparecer de repente, sempre com um comentário provocador na ponta da língua. Mas hoje ele não estava à vista, provavelmente estava no celeiro. Suspirei, ajeitando a barra da camisa e passando a mão pelos cabelos, enquanto decidia que era melhor começar logo o trabalho na fazenda.
Do lado de fora, o calor já começava a se instalar na terra, fazendo o ar vibrar levemente. As vacas estavam inquietas, como se me cobrassem pela demora, e eu sabia que o resto do dia seria longo. Comecei pelo básico: recolher os ovos do galinheiro. As galinhas cacarejavam em protesto, e eu precisei afastar uma ou duas com um leve empurrão para conseguir pegar os ovos sem quebrá-los. O cesto de palha rangia a cada ovo depositado, e eu gostava do som, familiar e confortável, parte da minha rotina.
Depois fui até o curral. As vacas se aglomeravam perto da cerca, mugindo baixinho enquanto eu enchia os cochos com feno fresco. Me abaixei várias vezes para arrumar o feno, sentindo os joelhos estalarem e o peso do cansaço acumulado. O cheiro da terra e dos animais era um misto de conforto e responsabilidade. Respirei fundo, tentando deixar a mente vagar, mas Jungkook não me deixava em paz. Não ele em si, mas a presença dele, a forma como parecia estar cada vez mais no centro dos meus pensamentos.
Mesmo quando fazia tarefas simples, como verificar a água do bebedouro ou remover o estrume, ele estava lá, como uma sombra invisível. Eu me peguei sorrindo uma vez ou outra, lembrando de suas provocações. A verdade é que ele me fazia sentir viva de um jeito diferente, era irritante e fascinante ao mesmo tempo. Joshua nunca me causava essa inquietação, essa sensação de desafio constante. E quanto mais eu pensava nisso, mais eu percebia como Jungkook se infiltrava na minha rotina, nos meus pensamentos, nos meus dias.
...
Terminei o trabalho no curral e me apoiei na cerca por um momento, limpando o suor da testa com o dorso da mão. O sol já estava forte, e eu sabia que ainda tinha mais coisas para fazer, mas um impulso me fez querer voltar para casa. Jungkook estava lá dentro, eu o vi saindo do celeiro há cerca de meia hora atrás, provavelmente enrolando, como sempre, e eu precisava falar com ele. Assim que entrei na casa, encontrei Jungkook largado no sofá, com uma expressão de tédio absoluto. Ele nem se incomodou em olhar para mim direito, mas um sorriso preguiçoso surgiu no canto dos lábios quando percebeu minha presença.
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The prince in my path - Jeon Jungkook (BTS) Fanfic / imagine
FantasyEu sempre quis uma vida simples na fazenda, longe dos problemas da cidade. Joshua, meu namorado, me trazia um pouco de conforto nas visitas esporádicas, e eu acreditava que isso era tudo o que precisava. Até que, em uma noite tempestuosa, Jeon Jungk...