Capítulo 16 - Solidão e temores

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O inverno em Hogwarts parecia estar mais frio do que o habitual. As temperaturas continuavam a cair, e a neve cobria o castelo com uma camada espessa e silenciosa. Para Vênus Riddle, o frio não era apenas uma sensação física; era também uma metáfora para o seu estado interno. Sua saúde continuava a se deteriorar, e a fraqueza que ela experimentava não parecia ter fim. Cada dia parecia trazer um novo desafio, e seu estado era uma preocupação crescente para os professores e seus colegas.

A febre de Vênus aumentou, e as frequentes visitas dos elfos domésticos e do professor Snape se tornaram uma parte regular de seu dia. Embora Snape tentasse fazer o possível para aliviar seus sintomas com poções e remédios, Vênus sentia-se cada vez mais distante da realidade, com episódios de delírio e uma sensação constante de fraqueza.

Naquela tarde, Vênus estava em sua cama na ala de recuperação, deitada com um cobertor pesado sobre os ombros. A febre havia retornado, e ela estava inquieta, seus olhos se movendo rapidamente enquanto tentava repousar. Snape entrou na sala para uma de suas verificações habituais e encontrou Vênus mais agitada do que o normal. Ele percebeu que a febre estava alta e que ela estava começando a murmurar palavras incompreensíveis.

"Senhorita Riddle," disse Snape, tentando capturar sua atenção. "Preciso saber o que está acontecendo. Você parece estar em agitação."

Vênus se virou lentamente para encará-lo, seus olhos vidrados e cheios de uma preocupação que não conseguia esconder. "Professor... eu... eu tenho visto coisas. Visões."

Snape inclinou a cabeça, interessado e preocupado. "Visões? Do que você está falando?"

"Visões de... meu pai. Voldemort," Vênus murmurou, sua voz tremendo. "Ele está me procurando. Ele está tentando me encontrar. Eu vejo sua face, vejo seus olhos... ele está sempre lá, me observando."

A expressão de Snape mudou de preocupação para um misto de cautela e surpresa. "Visões de Voldemort? Isso é grave. Pode ser um efeito colateral da sua condição ou algo mais significativo. Precisamos investigar isso com cuidado."

Foi nesse momento que Draco Malfoy, que estava passando pelo corredor próximo, ouviu os fragmentos da conversa. Ele estava preocupado com o estado de Vênus e decidira ir até ela, mas o que ouviu fez seu coração acelerar. Sem querer, ele se aproximou discretamente, escondendo-se perto da porta entreaberta da ala de recuperação.

"Eu não sei se isso é real ou apenas um delírio," continuou Vênus, sua voz agora quase um sussurro. "Mas é tão real para mim. Eu sinto como se ele estivesse sempre lá, como se ele pudesse vir a qualquer momento."

Snape ponderou por um momento antes de responder. "Se essas visões são verdadeiras, isso pode indicar que Voldemort está tentando se conectar com você de alguma forma. Mas também é possível que sua condição esteja contribuindo para isso. Vamos precisar monitorar essas visões e ver se há algum padrão ou frequência. E, acima de tudo, precisamos garantir que você se recupere."

Draco, ouvindo tudo, ficou paralisado. O medo e a preocupação se misturavam em sua mente. Ele sabia que as palavras de Vênus não eram uma mera coincidência e que algo muito mais sinistro estava acontecendo.

Assim que Snape deixou a sala para buscar mais poções e um meio de lidar com a situação, Draco entrou furtivamente na ala de recuperação. Vênus estava sozinha agora, com o olhar distante e inquieto.

"Vênus," Draco começou, sua voz carregada de uma preocupação sincera. "Eu ouvi o que você disse. Sobre as visões."

Ela virou a cabeça para encará-lo, seus olhos cansados e um pouco surpresos. "Draco, eu... eu não queria que você soubesse. Mas agora que você ouviu, talvez seja melhor falar sobre isso."

Draco se aproximou, tomando um lugar ao lado da cama. "Você está passando por um momento muito difícil, e eu quero ajudar. Se há algo mais acontecendo, eu preciso saber. Nós precisamos enfrentar isso juntos, sempre nos ajudamos desde crianças e agora você se afastou...."

Vênus suspirou, seu olhar misturando alívio e tristeza. "Eu não sei o que fazer. A sensação de que ele está me observando, me procurando, é opressiva. Não sei se isso é um efeito colateral da doença ou se há algo mais profundo em jogo. E, além disso, estou tão fraca que mal consigo pensar com clareza. "

Draco segurou a mão dela, sua expressão gentil e determinada. "Não importa o que esteja acontecendo, eu estarei ao seu lado. Vamos descobrir o que é isso e como podemos lidar com isso. Você não está sozinha nisso."

Os olhos de Vênus brilharam com uma mistura de gratidão e insegurança, Draco era tão diferente com ela, com os demais ele era sempre visto como "metido e insuportavel" mas com Vênus ele era quem a mantinha com esperança. "Eu aprecio isso, Draco. Mais do que você pode imaginar. É difícil acreditar que ainda há esperança em meio a tudo isso, mas ter alguém em quem confiar é um consolo."

Draco se inclinou um pouco mais perto, sua presença reconfortante. "Nós vamos superar isso. Você tem um grupo que se preocupa com você, e não vamos deixar que isso te derrube. Não enquanto houver algo que possamos fazer."

A conversa entre eles trouxe um breve momento de alívio para Vênus, um lembrete de que, mesmo em meio à sua solidão e fraqueza, ainda havia pessoas que se importavam e estavam dispostas a lutar ao seu lado. No entanto, os desafios ainda eram grandes e a situação não era simples. O que restava era enfrentar as visões perturbadoras, a saúde debilitada e a crescente ameaça de Voldemort com coragem e determinação.

Enquanto a neve continuava a cair e o inverno avançava, Vênus sabia que o caminho à frente seria árduo, mas com o apoio de Draco e a determinação de superar os desafios, ela tinha a esperança de que a escuridão poderia, eventualmente, dar lugar à luz.

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