Capítulo 39 - Riddle

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Vênus sabia que estava chegando ao limite de sua resistência. As noites eram longas e repletas de pesadelos, e os dias passavam em uma névoa de tensão constante. Finalmente, tomou uma decisão que poderia mudar o curso de tudo. Ela precisava encontrar Voldemort e contar a verdade.

Aproximando-se do grande salão onde Voldemort costumava se reunir com seus seguidores, Vênus sentiu o peso de cada passo. Os Comensais da Morte guardavam a entrada, mas permitiram sua passagem com um aceno de cabeça. Ao entrar, encontrou Voldemort sentado em seu trono, seus olhos vermelhos brilhando na penumbra.

— Vênus, que surpresa. — disse Voldemort, sua voz gélida ecoando pelo salão. — O que a traz aqui?

Vênus respirou fundo, seu coração batendo furiosamente. — Lorde Voldemort, eu preciso falar com você. Algo importante.

Ele a observou por um momento, seus olhos estreitando-se. — Muito bem. Fale.

— Eu quero que você me mate. — disse Vênus, sua voz firme, mas tremendo levemente.

A surpresa passou pelo rosto de Voldemort antes de ser substituída por um olhar calculista. — E por que eu faria isso, Vênus? Você tem sido útil para mim.

Ela engoliu em seco, reunindo toda a coragem que tinha. — Porque há algo que você precisa saber. Harry Potter não é a criança da profecia.

O silêncio que se seguiu foi opressor. Voldemort se levantou lentamente, seu olhar fixo em Vênus, agora mais penetrante do que nunca.

— Explique-se. — ordenou ele, sua voz baixa e perigosa.

Vênus começou a contar, sua voz trêmula, mas determinada. — A profecia que você está buscando... ela não se refere a Harry Potter. Ele é apenas uma distração, um engano. A verdadeira criança da profecia é outra, e eu não sei quem ela é. Mas sei que Harry não é o escolhido.

Voldemort caminhou lentamente em direção a ela, sua expressão indecifrável. — E como você sabe disso, Vênus?

Ela mordeu o lábio, sentindo a pressão aumentar. — Eu ouvi conversas, pedaços de informação. Você focou tanto em Harry que não percebeu a verdade. Ele não é seu inimigo final.

Voldemort parou bem na frente dela, seu rosto a poucos centímetros do dela. — E por que você me contaria isso agora?

— Porque... — ela lutou para encontrar as palavras certas. — Porque eu não aguento mais viver assim, sabendo que estou perpetuando uma mentira. E também porque... — ela hesitou, mas decidiu ser honesta. — Porque eu espero que, sabendo a verdade, você possa mudar. Que talvez, de alguma forma, isso possa trazer uma mudança.

O riso de Voldemort foi frio e sem humor. — Mudar? Você realmente acredita nisso, Vênus? Eu sou o Lorde das Trevas. Não há redenção para mim.

— Talvez não. — admitiu Vênus, com tristeza. — Mas pelo menos você merece saber a verdade. E talvez, ao saber, você possa ver que há um outro caminho, mesmo que não seja o da redenção.

Voldemort ficou em silêncio, refletindo sobre as palavras dela. A tensão no ar era palpável, e Vênus sentia como se estivesse na beira de um precipício.

Finalmente, Voldemort falou, sua voz baixa e fria. — Você é corajosa, Vênus, mas também tola. A verdade é que a profecia sempre foi apenas uma parte do meu plano. Harry Potter pode não ser o escolhido, mas ele é uma ameaça que precisa ser eliminada. E você, minha querida, será minha ferramenta para isso.

Vênus sentiu o coração afundar. Ela sabia que suas palavras não tinham alcançado o resultado desejado, mas pelo menos agora ela estava livre do peso do segredo.

— Eu farei o que for necessário para servir você, meu Lorde. — disse ela, abaixando a cabeça em submissão, sabendo que a batalha final ainda estava por vir.

Voldemort voltou ao seu trono, satisfeito com a submissão de Vênus. — Muito bem. Você continuará a me servir, Vênus. E lembre-se, a lealdade é recompensada, mas a traição... — ele deixou a ameaça pairar no ar.

Com um aceno, Voldemort a dispensou, e Vênus deixou o salão com o coração pesado. Ela sabia que a luta estava longe de terminar, e que cada passo à frente seria ainda mais perigoso. Mas estava determinada a continuar lutando, de qualquer maneira que pudesse, para proteger aqueles que amava e encontrar uma maneira de derrotar as trevas que a cercavam.Vênus saiu do grande salão com o coração pesado, mas sabia que não podia deixar as coisas como estavam. Precisava ir até o fim, revelar a verdade que guardava desde sempre. Com passos decididos, voltou ao salão, onde Voldemort estava, agora em profunda reflexão.

— Vênus, novamente? — Voldemort perguntou, sua voz gélida, sem levantar os olhos. — O que mais você deseja me contar?

Vênus respirou fundo, enfrentando o olhar penetrante do pai. — Voldemort, eu quero que você me mate. De verdade.

Voldemort levantou-se novamente, a expressão curiosa e irritada. — Você já disse isso. Por quê? Qual a razão de sua insistência?

Com lágrimas nos olhos, Vênus se aproximou, seu corpo tremendo de emoção e medo. — Porque... porque a criança da profecia... sou eu.

O silêncio no salão era ensurdecedor. Os olhos vermelhos de Voldemort se estreitaram, e ele se aproximou ainda mais de Vênus, cada palavra dele carregada de incredulidade e fúria.

— O que você está dizendo? — perguntou ele, sua voz baixa e perigosa.

Vênus sentiu uma onda de desespero e alívio ao confessar a verdade. — Sou eu, pai. Eu sou a criança da profecia. Sou a única que tem o poder de derrotá-lo.

Voldemort recuou um passo, a raiva e a surpresa misturando-se em seu rosto. — Você... você é minha filha. E você acredita que pode me derrotar?

Vênus assentiu, as lágrimas escorrendo pelo rosto. — Sim. E é por isso que peço que você me mate. Não quero lutar contra você, não quero ser a causa da sua queda. Mas eu sei que, enquanto eu viver, serei uma ameaça para você.

Voldemort ficou em silêncio por um longo momento, processando a revelação. Então, finalmente, ele falou, sua voz carregada de uma frieza mortal.

— Você me traiu, Vênus. Você, minha própria filha, sempre foi o inimigo que eu procurava destruir.

— Eu nunca quis trair você. — disse Vênus, sua voz quebrando. — Eu só queria ser livre, viver minha vida sem essa guerra, sem essa dor. Mas agora vejo que não tenho escolha. Se preciso morrer para que você viva em paz, então que seja.

Voldemort levantou a varinha, seus olhos brilhando com uma fúria contida. Mas antes que pudesse lançar qualquer feitiço, hesitou. A mão que segurava a varinha tremeu, e por um momento, ele parecia lutar contra si mesmo.

— Você é minha filha... — murmurou ele, quase para si mesmo.

— Sim. — disse Vênus, dando um passo à frente, desarmada e vulnerável. — E eu amo você, apesar de tudo, apesar da dor, apesar da tortura, das ameaças, eu ainda sim te amo.. Mas sei que nunca haverá paz enquanto eu viver. Então, por favor, acabe com isso.

Voldemort abaixou lentamente a varinha, sua expressão mudando de fúria para confusão e algo que Vênus nunca tinha visto nele antes: tristeza.

— Não posso... — disse ele finalmente, quase inaudível. — Não posso fazer isso.

Vênus respirou fundo, o alívio misturado com a incerteza. — Então, por favor, pai... encontre outra maneira. Não deixe essa profecia nos destruir.

Voldemort virou-se, seus pensamentos claramente tumultuados. — Saia daqui, Vênus. Eu preciso pensar.

Vênus saiu do salão, seu coração ainda pesado, mas com uma nova esperança. Talvez, apenas talvez, houvesse uma chance de mudar o curso de seu destino e encontrar uma forma de trazer paz, não só para si, mas para todos ao seu redor.

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