Capítulo 28 - Criação

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Os dias seguintes não foram melhores. A cada tentativa de treinamento, a mente de Vênus parecia se revoltar contra ela, trazendo de volta as memórias da tortura de Bellatrix. O rosto de sua mãe aparecia em cada sombra, em cada reflexo, sempre com aquele sorriso cruel e sádico.

— Você nunca escapará de quem realmente é, Vênus — sibilava a voz de Bellatrix em sua mente, provocando-a.

Vênus tentou usar as técnicas de Oclumência que Hermione lhe ensinara, mas a força das invasões mentais de Voldemort e a própria luta interna de Vênus tornavam tudo ainda mais difícil. Ela sentia-se aprisionada, uma prisioneira de sua própria mente.

Certa noite, após um dia particularmente difícil, Vênus colapsou de exaustão na caverna. Em seus sonhos, viu novamente sua mãe, Bellatrix, rindo enquanto a torturava, a dor intensificada por cada lembrança. Mas desta vez, havia algo diferente. Em meio aos gritos e à dor, Vênus sentiu uma presença, uma força que parecia estar tentando ajudá-la.

— Você pode vencer isso, Vênus — disse uma voz suave e familiar. — Você é mais forte do que pensa.

Ela abriu os olhos e viu a figura de Draco ao seu lado, oferecendo-lhe a mão. Mesmo sabendo que era um sonho, a sensação de conforto era real.

— Draco... — sussurrou ela, alcançando sua mão.

— Nunca desista, Vênus. Você tem a força para lutar contra isso — disse a figura de Draco, antes de desaparecer.

Vênus acordou com uma nova determinação. Ainda estava aterrorizada e atormentada pelos pesadelos, mas a mensagem do sonho ficou com ela. Sabia que Draco, onde quer que estivesse, acreditava nela. E, mais importante, ela precisava acreditar em si mesma.

Com esse pensamento, Vênus levantou-se, mais determinada do que nunca a enfrentar seus demônios internos. Ela sabia que a batalha seria longa e dolorosa, mas pela primeira vez em muito tempo, sentiu uma pequena faísca de esperança em seu coração. Ela não estava sozinha, mesmo na solidão da caverna. E com essa faísca, Vênus decidiu continuar lutando, um dia de cada vez.

Os dias passavam devagar na caverna solitária, mas a determinação de Vênus crescia, alimentada pela lembrança das palavras de Draco em seu sonho. Ela continuava a treinar e a tentar bloquear as invasões mentais de Voldemort, mas a solidão e os pesadelos constantes tornavam cada passo um desafio monumental.

Numa manhã fria, enquanto Vênus estava sentada à beira da caverna, exausta após uma noite de pesadelos intensos, ela ouviu um som inusitado. Era um leve crepitar, como passos sobre folhas secas. Com a varinha em punho, Vênus se preparou para enfrentar o que quer que estivesse se aproximando.

Para sua surpresa, a figura que emergiu das sombras não era um inimigo, mas alguém que ela não esperava ver: Severus Snape. Seu semblante severo, mas seus olhos revelavam uma preocupação genuína.

— Professor Snape? — Vênus exclamou, ainda em guarda. — O que está fazendo aqui?

— Acalme-se, Vênus — disse Snape, erguendo as mãos em um gesto de paz. — Estou aqui para ajudar.

Ela abaixou a varinha lentamente, ainda desconfiada.

— Por que eu deveria confiar em você? — perguntou ela.

— Porque, como você, eu também tenho uma dívida com aqueles que não compartilham de nosso legado de sangue. E porque Harry Potter me pediu para encontrá-la — explicou Snape, aproximando-se cautelosamente. — Ele acredita que você merece uma chance.

Vênus hesitou, mas a exaustão e o desespero em seus olhos eram inegáveis. Snape tirou um pequeno frasco do bolso e entregou a ela.

— Tome isso. É uma poção para ajudar com os pesadelos e a dor. Vai permitir que você descanse adequadamente — disse ele, com um tom de autoridade que não permitia objeção.

Vênus aceitou o frasco e bebeu o conteúdo. Em poucos minutos, sentiu uma calma desconhecida se espalhar por seu corpo, e pela primeira vez em semanas, conseguiu relaxar um pouco.

— Obrigada — murmurou, ainda incerta sobre as intenções de Snape.

— Precisamos tirá-la daqui — disse Snape. — Eu arrumei um lugar seguro para você, onde poderemos continuar seu treinamento e garantir que você esteja protegida.

Com a ajuda de Snape, Vênus reuniu suas poucas posses, e os dois aparataram para um local desconhecido. Eles apareceram diante de uma pequena casa, escondida à beira de uma floresta densa. A casa era simples, mas acolhedora, e parecia um refúgio seguro.

— Aqui você estará protegida — disse Snape, guiando-a para dentro. — E, mais importante, poderá continuar seu treinamento sem interrupções.

Os dias seguintes trouxeram uma nova rotina para Vênus. Snape estava determinado a ajudá-la a superar seus demônios e se preparar para qualquer batalha futura. Ele lhe forneceu poções que ajudavam a controlar os pesadelos e a fortalecer sua mente contra as invasões de Voldemort. Além disso, ele a treinava em habilidades avançadas de Oclumência e combate, sempre exigindo o melhor dela.

— Você é mais forte do que pensa, Vênus — disse Snape durante uma sessão de treinamento. — E com o tempo, você verá que pode controlar seu destino, em vez de ser controlada por ele.

A presença constante e o apoio de Snape começaram a surtir efeito. Vênus ainda tinha pesadelhos, mas eles eram menos frequentes e menos intensos. Ela começou a recuperar um pouco de sua confiança e força interior.

Um dia, enquanto praticava um feitiço defensivo, Vênus se virou para Snape com um olhar determinado.

— Obrigada, professor. Sei que ainda tenho um longo caminho a percorrer, mas estou disposta a lutar. Por mim mesma e pelo futuro que quero construir — disse ela.

Snape assentiu, um raro sorriso tocando seus lábios.

— Muito bem, Vênus. Vamos continuar então. Você está no caminho certo

Com o apoio de Snape, Vênus começou a descobrir uma força e uma capacidade que ela não sabia que possuía. A combinação de treinamento rigoroso e o ambiente seguro da casa na floresta deu a ela o espaço necessário para explorar e desenvolver suas habilidades.

Uma noite, depois de uma sessão intensa de treinamento, Vênus estava sentada sozinha em seu quarto, refletindo sobre tudo o que havia aprendido. Seus pensamentos se voltaram para a ideia de criar suas próprias magias — algo que poderia não só ajudá-la a se proteger, mas também a se definir longe do legado de seus pais.

Com determinação renovada, Vênus começou a estudar livros de magia avançada que Snape havia trazido para ela. Ela passava horas lendo, experimentando e anotando suas próprias ideias. Ela queria criar feitiços que fossem únicos, algo que fosse inteiramente dela.

Um dos primeiros feitiços que ela desenvolveu foi um encantamento de proteção chamado "Aegis Invictus". Inspirada pela necessidade de uma defesa impenetrável, Vênus trabalhou incansavelmente para aperfeiçoar o feitiço. Quando finalmente o testou, uma barreira mágica brilhante a envolveu, repelindo qualquer ataque.

— Impressionante — disse Snape, observando-a. — Mas lembre-se, a verdadeira força de um feitiço não está apenas em seu poder, mas em sua aplicação prática.

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