Se passaram quatro dias desde que vi Lucerys pela última vez. Ele havia sumido e só soube nesta manhã que meu noivo estava em Pedra do Dragão. Ouvi por acaso, através de uma conversa entre minha meia-irmã e Daemon que Lucerys retornaria amanhã pela tarde.
Aegon estava bebendo mais do que de costume e fazia de tudo para se ver livre de Jacaerys que o perseguia pelo castelo como um dragão astuto perseguindo seu inimigo. Me diverti muito vendo as fugas malucas de meu irmão.
Outra noite o pobre coitado acabou tendo que dormir na dispensa após se pegar trancado lá. Segundo Aegon os ratos lhe fizeram companhia e tinha vinho a vontade e Jacaerys não havia o incomodado.
Me vi lendo a mesma página pela quinta vez seguida e então fechei o livro ao chegar ao entendimento que sequer estava me esforçando para entendê-lo. A imagem de Lucerys se materializou em minha mente e me vi suspirando pesadamente ao não ver mais sua marca em meu pulso.
Devo confessar que tenho me sentido estranho desde sua última visita em meu quarto. A forma como o alfa falou comigo, o tom de voz suave e seu toque gentil em minha pele me causaram sessões diferentes das quais eu não conseguia entender muito bem o que era.
E a maneira repentina como ele se foi, como se não estivesse estado em minha frente me fazia sentir um arrepio estranho, ele se foi e deixou um grande vazio em meu peito, o qual está me deixando angustiado. A falta de notícias também era angustiante, nenhuma carta, nenhum aviso, nada.
Mas é claro que não haveria, eu o odiava e vinha deixando mais do que claro meu sentimento por ele.
Guardei o livro na estante e sai da biblioteca. Já estava perto da saída do castelo quando vi Rhaenyra receber uma carta e abri-la apressadamente, como se estivesse tão angustiada quanto eu e então me aproximei da alfa, afim de tentar descobrir se era de Lucerys.
- Lucerys quem mandou? – me surpreendi comigo mesmo, a pergunta saiu rápida e minha voz deixou transparecer preocupação. – Está tudo bem?
A futura rainha desviou o olhar para mim e grunhiu desinteressada.
- Ele chega amanhã. – ela respondeu sem olhar para mim. – Suponho que já tenha escolhido seu terno, já que você não quis se ocupar com a escolha da decoração.
- Não se preocupe, se está com medo que eu possa fugir não tem o que temer. – falei e me afastei em seguida indo até as portas grandes que davam para o pátio do castelo.
...
Cole e Joffrey disputavam de um treino árduo e perigoso, parece que meu sobrinho finalmente havia trocado a madeira por uma lâmina e devo dizer que o pirralho era muito bom.
O vi derrubar Sor Cole e soltei uma risada genuína ao ver o general se rendendo ao ômega e admitindo sua derrota. Ao olhar para meu sobrinho vi um sorriso divertido em seus lábios, me aproximei e o encarei.
- Se você me derrubar te levo pra dar uma volta em Vhagar. – dei um sorriso ladinho o desafiando e me coloquei em posição de combate assim que o vi endireitar sua postura. – Eu não vou facilitar.
- Não lembro de te pedir isso. – Joffrey mal havia terminado de falar quando o ataquei. – Dê o seu melhor, Mond. Mas garanto que hoje verei o por do sol montado na sua jacaroa.
Desviei de sua investida aos risos pelo apelido que ele havia dado a minha dragão e logo depois voltei a atacá-lo novamente. Joff era bom e não facilitava em nenhum momento.
Nossas espadas se choraram no ar e senti que Criston nos observava atento aos nossos movimentos. Vi Joffrey avançar para cima de mim e recuei, mas logo caí no chão por falta de atenção e o vi comemorar em um grito agudo.
...
- Não precisava ter se jogado no chão, sei que mesmo perdendo você iria me trazer com você. – o garoto disse assim que Vhagar alçou voo.
- Quem disse que eu caí de propósito? – perguntei em um sorriso enquanto puxava as cordas da sela. – Você é um convencido.
Joffrey sorriu mas logo se calou. Deduzi que ele estivesse apreciando a paisagem ali de cima e então me peguei sorrindo em silêncio. Era bom estar ali encima sobrevoando a floresta densa e sentindo a brisa fresca batendo em meu rosto.
Temo que não irei poder fazer isso em Driftmark, soube por rumores que o pessoal de lá são muito reservados e não gostam de ter dragões por perto. Meu peito se apertou com esse pensamento e me senti triste em saber que terei que ir embora de Porto Real, o lugar onde nasci e cresci.
E embora ache meu irmão Aegon um bêbado chato e inútil irei sentir sua falta e também de Helaena, ela que é sempre tão calada e distante. O que terei que fazer em Driftmark, será que Lucerys irá me dar uma função ali? Algo que não me fará ser visto com um peso morto, por exemplo?
Assim que o sol se pôs retornamos para o solo e seguimos de volta para o castelo. Meu casamento aconteceria em dois dias e a cada novo minuto que se aproximava eu me sentia mais apreensivo. Mil perguntas se passavam em minha cabeça e eu não conseguia ter uma resposta para nenhuma delas.
Joffrey e eu nos separamos assim que chegamos ao corredor de seus aposentos e dali segui para o meu próprio. Iria tomar um banho e tentar ler alguma coisa para tentar tirar aquela sensação ruim que venho sentindo desde a partida de Lucerys.
Deveria estar contente pelo afastamento do alfa, não faço ideia do motivo que o levou a ir para Pedra do Dragão, poderia ser eu ou não, mas a realidade era que sua presença estava fazendo falta.
Talvez fosse o desejo em tê-lo por perto para que eu pudesse afrontá-lo como vinha fazendo ou talvez sua presença fosse necessária para que eu me sentisse bem.
Não, com certeza não seria a última opção. Eu o odeio e sempre fiz questão de deixar isso muito claro para ele ou qualquer um que viesse a querer saber sobre meus sentimentos para com meu sobrinho.
...
O jantar já havia sido servido quando cheguei ao grande salão. Após o banho acabei pegando no sono e só acordei agora a pouco. Pelos Deuses, isso só poderia ter acontecido por causa da ansiedade ou apreensão que venho sentindo. Nunca fui um ômega frouxo ou desocupado e não começarei a ser agora.
Me vi obrigado a me sentar na cadeira de frente para Daemon e senti seu olhar pesado sobre mim. Apenas o ignorei e comecei a me servir. Enchi minha taça com vinho e comecei a comer minha comida em silêncio.
O clima estava tenso o bastante para pensar que estava em um velório e não em um jantar familiar.
Rhaenyra tinha uma expressão séria em seu rosto e Daemon parecia entediado em seu assento. Me deu a impressão de que algo ruim teria acontecido e então Lucerys surgiu novamente em minha mente. A imagem do alfa me passou um certo conforto e eu apenas suspirei confuso.
- Gostou dos chocolates que mandei para você, minha samambaia? – me virei para meu sobrinho de repente e Lucerys simplesmente deixou meus pensamentos. – Seu chocolate preferido é o branco, então fiz questão de montar uma cesta com todos eles.
O clima mudou drasticamente.
Flor de samambaia? Esse era o novo apelido de Aegon? Mordi os lábios contendo uma risada e desviei o olhar para meu irmão. Aegon não me olhou de volta mas pude ver claramente seu olhar de irritação.
- Pergunte aos ratos que vivem na dispensa, dei tudo a eles. – Aegon respondeu em uma voz arrastada. – Se estiverem vivos poderão dizer se estavam bons. – o biquinho que se formou nos lábios de Aegon era muito fofo e eu sorri. – Não se compra um amor com chocolates.
- Então me deixe colocar minha semente em seu ventre. – A fala audaciosa do Velaryon pegou todos de surpresa, até Helaena que parecia estar completamente perdida em sua própria bolha ergueu a cabeça o encarando. – Quer prova maior?
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Sua Marca Em Minha Pele
FanfictionApós ser reivindicado pelo filho bastardo de sua meia irmã, Aemond prometeu nunca se deixar ser marcado pelo Alfa Velaryon. Um documento fora assinado com sangue, onde a antiga magia Valíriana cobrará um preço alto pela quebra do contrato. "Eu prome...