Não revisado.
......
Aemond
Acordei com uma maior disposição naquela manhã. O dia estava fresco e parecia que não iria chover. Após um banho longo me vesti e arrumei o meu cabelo, colocando o tapa olho cuidadosamente sobre meu olho. Tomei os devidos cuidados para não desarrumar meu cabelo e sai do meu aposento após me certificar de que nenhum fio de cabelo havia saído do lugar.
Não me considero muito vaidoso, mas quando se trata do meu cabelo é outro assunto. Gosto dele perfeitamente liso e sedosos, uso loções e mais loções para deixá-lo sempre brilhando, se meu cabelo está bonito o resto não importa.
Ao adentrar o grande salão percebi de cara que o clima ali não era dos melhores. A mesa como sempre estava cheia e de início achei que o problema fosse as provocações de Aegon para com nosso sobrinho mais velho, mas logo percebi que não era eles o motivo daquela tensão toda.
Vi minha mãe sentada em seu lugar de direito por ser a Rainha e notei a expressão raivosa em seu rosto. Rhaenyra também não tinha uma expressão muito boa e Daemon observava tudo em sua volta com um leve sorriso zombeteiro em seus lábios. O alfa movia seus olhos por toda a mesa como se fosse uma coruja astuta.
Me sentei em silêncio e pude perceber que os adultos daquela sala sequer notaram minha presença ali. Exceto por Lucerys que me encarou descaradamente e parecia querer me fazer de café da manhã, cruzes, tão cedo e o Alfa já pensando essas nojeiras.
- Meu filho não pode se casar com o seu bastardo. – ótimo, o dia começou bem, pensei comigo mesmo ao ouvir minha mãe praticamente gritando as palavras na cara de Rhaenyra . – Aemond é doce e delicado. Merece ser amado e não um bastardo que o deseja apenas porque sente atração em saber que foi o responsável por arrancar seu olho.
- Não chame meu filho de bastardo. – Rhaenyra gritou furiosa e bateu seus punhos na mesa com força. – Você fala de amor como se tivesse amado ele, não acha hipocrisia de sua parte exigir amor quando nem você quem o pariu deu amor a ele?
Encarei as duas mulheres a minha frente e suspirei. Minha mãe olhava com extremo ódio para Rhaenyra e o olhar da outra Alfa não era muito diferente.
Realmente nunca tive amor vindo de Alicent. Costumo dizer que minha mãe foi apenas uma chocadeira que nos gerou, nunca a vi se preocupar comigo ou com meus irmãos. A única exceção havia sido quando tive meu olho arrancado por Lucerys, mas agora depois de tantos anos compreendi que não havia sido preocupação de mãe vinda de si e sim o desejo de expor a ilegitimidade dos filhos de minha irmã.
- Aemond não irá se casar com o bastardo. – ouvi minha mãe gritar novamente e então o som cortante do tapa em sua bochecha se fez presente em meus ouvidos.
Rhaenyra havia acertado o rosto de minha mãe com tanta fúria que sua garra acabou cortando sua pele. Senti o cheiro forte de sangue e me virei para minha mãe afim de ver o estrago causado em sua bochecha.
Alicent apenas ignorou a dor, acredito que pela fúria que estava sentindo, seu cheiro forte de framboesa era extremamente enjoativo e azedo. Já Rhaenyra não exalava nenhum aroma, embora a Alfa estivesse muito brava e seu olhar ardendo em ódio ela se controlava bem.
- Meu filho é mais homem do que qualquer um neste castelo. É honrado e será um Lorde. – a Alfa rosnou em fúria e se virou para mim, senti seu olhar me queimar e mantive o olho preso em si. – Aemond tem sorte de ter Lucerys como alfa, meu filho o honrará como seu marido e se depreender de Lucerys o seu filho terá mais amor do jamais teve de você ou de qualquer outra pessoa.
As palavras de Rhaenyra soaram friamente e me vi desviando o olhar para Lucerys que até então se encontrava em silêncio. Senti seu olhar pesar sobre minha mãe e Alicent se virar para ele ignorando completente o corte em sua pele.
- Eu vou tirar o meu filho desse maldito castelo. – minha mãe encarou Lucerys como se estivesse o desafiando. – Prefiro ver meus filhos mortos a estarem casados com os bastardos Strong.
- Não se atreva a fazer nada estúpido, Alicent. – Lucerys se levantou e o vi olhar furioso para minha mãe. – Ou este corte em sua bochecha será apenas o começo da sua desgraça. – os olhos de Lucerys ficaram vermelhos e me vi desviando o olhar do alfa.
- Aemond, Aegon, venham comigo agora. – a voz de Alicent soou fria e firme, ela havia usado sua voz de comando comigo e aquilo era horrível. Me vi obrigado a me levar e acompanhá-la mesmo contra minha vontade mas parei assim que a voz de Lucerys se fez presente.
- O meu ômega não sairá daqui. – rosnou desafiador e me peguei recuando mesmo estando do outro lado da mesa. – Sente-se Aemond. Você ainda não tomou o seu café.
Me senti em um impasse, minha mãe tinha o poder necessário para me fazer obedecê-la e Lucerys era o meu Alfa, ou pelo menos viria a ser em breve. Olhei para Aegon que também se encontrava em pé por causa do comando de nossa mãe e suspirei sem saber o que fazer.
- Foda-se. – ouvi meu irmão vociferar irritado e caminhar para perto de nossa mãe, o que me deixou ainda mais confuso, eu iria também ou ficaria exatamente onde estava? Deuses, não sei o que fazer.
- Aegon volte para cá. – Jace usou sua voz de comando e acabei me virando para meu irmão. Ele não se mexeu. – Agora.
Jacaerys se levantou e encarou meu irmão. Percebi naquele momento que não havia nenhum resquício de provocação ou divertimento na ação do alfa. Me virei para Aegon mas ele não se mexeu, continuou do lado de Alicent e tinha um olhar sério.
- Você não é o meu Alfa, Jacaerys. Seu poder não irá me fazer obedecê-lo. – olhei para Aegon e me perguntei o que teria acontecido para que meu irmão mudasse de atitude tão repentinamente assim com nosso sobrinho. – Pare de tentar me fazer te aceitar, isso nunca acontecerá.
Encarei Aegon totalmente surpreso, não fazia ideia do que tinha acontecido, ele estava muito diferente do que ele costumava ser. Ele era doce e gentil e por mais que Jace o aborrecesse ele relevava porque no fundo ele sabe que ama o alfa.
- Aemond. – ouvi a voz de comando de minha mãe mais uma vez e me pus a caminhar para dar a volta a mesa.
- Você não vai sair daqui. – senti Lucerys segurar meu braço assim que me aproximei, mas seu toque não era suave ou gentil. Na verdade era forte e bruto como aquele que ele havia me dado no campo de treinamento. – Logo serei o seu marido e terá que começar a me obedecer.
- Se acha que conseguirá o meu amor dessa maneira, está muito enganado, Alfa. – desviei o olhar para meu braço e Lucerys acompanhou minha visão. – Se continuar agindo assim nosso casamento será anulado poucos instantes após a cerimônia.
O vi me olhar e levantei a sobrancelha em resposta, seus dedos permaneceram em volta do meu braço mas o aperto foi diminuído.
- Você prometeu não tocar em mim e mesmo assim insiste em mostrar que eu te pertenço. – rosnei as palavras em completo ódio, meu olho transmita fúria em sua direção. – Me pergunto como será nossa noite de núpcias. Você irá me tomar a força e dizer que sou seu enquanto usa o seu poder de alfa sobre mim?
- Chega. – Lucerys me soltou com brutalidade e se afastou de mim. – Quer ir? Vá! Mas se não estiver aqui amanhã na hora da cerimônia eu juro que você irá se arrepender.
O vi se sentar e pegar uma fatia de pão como se fosse a coisa mais natural do mundo. Minha mãe me empurrou afim de me tirar do grande salão mas me afastei de seus toques, dei a volta na mesa e me sentei de volta no meu lugar. Todos os olhares da mesa se viraram contra mim e sorri irônico sem me importar realmente com o que poderiam vir a pensar de mim.
Estou morrendo de fome e não iria me rebaixar diante ninguém, minha mãe me olhou feio e Daemon parecia se divertir com toda aquela confusão que havia se formado. Jacaerys lançou um olhar furioso na direção de minha mãe e Aegon apenas baixou o olhar. Lucerys não voltou a olhar para mim e senti uma onda de irritação correr por minhas veias.
Meu braço doía mas pelo menos não havia sido marcado novamente e isso bastava para me acalmar um pouco, só um pouco.
- Aemond. – minha mãe rosnou novamente e me virei para ela, seu olhar era furioso e brilhava em vermelho. – Venha.
- Ainda não tomei o meu café. – joguei as palavras no ar e me servi de uma xícara de chá.
Vi minha mãe sair pisando duro e levar Aegon consigo. Teria que falar com meu irmão mais tarde e tentar entender o que havia sido aquilo.
...
As coisas não estavam fáceis, em menos de vinte e quatro horas serei um homem casado e aquilo não me deixava ter um minuto de paz sequer.
Lucerys se mostrava diferente a cada hora que se passava. Em um momento era doce, gentil e suave, em outro ele se mostrava rígido, áspero e bruto. Em alguns momentos eu ansiava para ter sua presença por perto, algo que insisto em dizer que era somente por causa do meu ômega. Já na maioria das vezes eu o repudiava e sentia vontade de matá-lo apenas por ele se aproximar.
Sem querer me lembrei das palavras duras que minha mãe havia dito durante o desejum e me senti arrasado. Infelizmente ela está certa, Lucerys só me quer por causa do seu feito. Ele deve sentir alguma atração doentia por minha aparência bizarra, sei lá, ele deve sentir desejo em me foder enquanto olha para a cicatriz em meu rosto, cicatriz que ele me deu a anos atrás.
Me revirei nos lençóis mas nada do que eu fizesse me fazia pegar no sono. Me sentei na cama e senti o vento frio soprar pela festa da janela. Alguns minutos mais tarde me levantei da cama e ao perceber que não iria conseguir dormi decidi dar uma volta afim de ver se o sono chegava.
Vesti minha costumeira capa preta e peguei uma vela para iluminar o caminho. Meu casamento aconteceria dentro de poucas horas e me sentia confuso, ansioso e com raiva. Ah se eu pudesse fugir desse maldito castelo o faria.
Mas após o desentendimento que se passou no desejum a entrada do castelo foi fechada e havia mais guardas postos por toda a fortaleza, percebi que Lucerys possuía mais poder do que minha mãe que era a Rainha. Suas ordens foram prontamente atendidas por Daemon e então me encontro trancado dentro desse castelo imenso.
Pensar que logo estarei casado com Lucerys me causa dor de cabeça e um nervosismo fora do comum. É estranho saber que ômega mutilou quando criança me deseja. Não é algo natural ao meu olhar. Lucerys sendo quem é poderia escolher qualquer ômega que ele quisesse, o mais belo é obediente, mas sua obsessão por mim excede os limites.
Se eu fosse corajoso o suficiente pularia da torre mais alta, mas pelo visto nem pra morrer eu sirvo.
Passei por outro corredor vazio e segui reto, não sei exatamente para onde estava indo então apenas me deixei ir.
...
No fim das contas me vi na cozinha e aproveitei para tomar vinho, talvez o álcool me ajude a dormir mais rápido. Não sei exatamente quanto tempo fiquei ali ou quanto vinho tomei, mas ao me levantar me senti tonto e acabei trocando as pernas.
Sai da cozinha mas antes roubei alguns docinhos de abóbora que haviam sido preparados para o banquete do casamento. Passei por vários corredores e sentia que meus aposentos se encontravam cada vez mais distante. Merda, bebi tanto que acabei ficando bêbado igual ao Aegon, e porra, aquela era uma sensação muito boa.
Agora sei porque o idiota bebe tanto. Estava me sentindo tão leve e pleno que poderia jurar que tudo estava em paz. Até meu casamento parecia ser uma ideia aceitável, talvez se começar a me embebedar como Aegon conseguiria levar uma vida mais agradável ao lado daquele Alfa bastardo.
Ouvi um gemido rouco próximo ao corredor que dava para os aposentos de Daeron e segui naquela direção afim de descobrir o que poderia estar acontecendo.
Minha cabeça estava girando e eu sentia que o sono finalmente havia chegado, mas então vi meu irmão mais novo e meu sobrinho juntos.
Daeron estava sufocando Joffrey com as duas mãos e não pensei sequer uma vez antes de correr até o alfa o puxando pela barra de suas vestes. Meu irmão se virou para mim e seus olhos brilharam em vermelho.
Ah como esses alfas se acham apenas por ter olhos vermelhos, era ridículo toda aquela exibição desnecessária.
Senti minha cabeça doer ao ter seu olhar predominante sobre mim e pisquei rápido.
- Seu poder não faz efeito nenhum sobre mim. – rosnei as palavras ao sentir seu cheiro forte exalar pelo ambiente. – Você é um covarde desgraçado. – gritei alto, se minha intenção era não chamar atenção eu certamente falhei. – O que acha que está fazendo, hum? Joff é uma criança e você um filho da puta.
De repente uma ideia maluca surgiu em minha mente, provavelmente por culpa do álcool correndo em minhas veias. Então me virei para meu sobrinho encolhido na parede e me peguei imerso em dor ao vê-lo ali tão triste.
Joffrey parecia estar em puro choque e olhava para nós com um semblante apavorado.
- Corre. – disse para o garoto e vi Daeron se virar na direção do ômega, seus olhos vermelhos estavam o assustando. Vi meu sobrinho abraçar o próprio corpo e soltar um gemido agudo, era a marca. – Sai daqui Joffrey.
Falei alto e me vi socando o rosto de Daeron para desviar a atenção do alfa do garoto. Funcionou e agora meu irmão me encarava com ódio em seus olhos. Vi o ômega menor correr e sumir pelo corredor escuro e suspirei.
Agora era somente eu e o filho da puta desgraçado. Daeron iria pagar por sua maldade e então Joffrey poderia ficar em paz.
- Você vai pagar por isso, Aemond. – ele rosnou furioso e senti uma de suas mãos apertar meu pescoço com força. – Eu vou matar você, ômega.
- Não, não vai. – rosnei de volta com dificuldades, o ar estava falhando e senti minha cabeça girar novamente. – Mas vai tentar se aproveitar de um ômega comprometido.
Sorri para ele e o vi franzir a testa em confusão. Usei minhas mãos para empurrá-lo para longe e então me joguei para cima dele, o beijando com brutalidade. Ao tê-lo completamente envolvido a mim soltei meu cheiro, chamando por Lucerys.
Iria funcionar? Não sei, mas torço para que sim.
Senti o toque bruto de Daeron em minha cintura e gemi em dor ao sentir suas garras cravaram a carne da minha cintura. Senti o tecido da minha capa juntamente com meu pijama serem rasgados com brutalidade e me peguei em completo desespero.
Eu sabia que Lucerys viria até mim e aquela seria a melhor forma para ajudar Joffrey sem que ninguém soubesse dos abusos sofridos pelo meu sobrinho. Mas só agora me dei conta de que eu poderia acabar saindo como culpado. Merda, eu estava apenas de pijama e ainda me encontrava bêbado na presença de um alfa.
Havia soltado meu cheiro para seduzir Daeron e aquilo não seria visto com bons olhos.
Não demorou muito para que o ar mudasse e a presença do Alfa Velaryon se fizesse presente naquele corredor. Seu cheiro era forte e azedo. Mordi o lábio de Daeron e me afastei rápido ao ver Lucerys se aproximando de nós.
Seus olhos estavam vermelho sangue e pude sentir a fúria estampada em seu rosto. O vi caminhar até Daeron em passos firmes e o segurar com uma das mãos. Lucerys o jogou a vários metros de distância e ouvi o baque alto de seu corpo batendo com força contra o piso duro.
- Como você ousa a tocar no meu ômega? – o alfa rosnou furioso para Daeron e vi meu irmão desviar o olhar para mim em completo ódio ao perceber o que eu havia feito – Eu vou matar você.
Me escorei na parede e levei a mão até meu pescoço. Senti o sangue escorrer e respirei fundo tentando levar ar para os pulmões. Eu estava tremendo e minha cabeça girava, eu sentia que poderia desmaiar a qualquer momento.
Daeron havia perfurado meu pescoço com suas garras e só agora a dor se fazia presente. Senti meu estômago embrulhar e me vi caindo de joelhos no chão. Eu também pude sentir a dor excruciante em minha cintura, inferno, as garras de Daeron se encontravam em minhas coxas também.
Estava tão inerte a bebida e a adrenalina momentânea da minha fúria que sequer havia notado seus toques em minha pele. Nojo, eu estava sentindo muito nojo em saber que fui tocado por aquele monstro asqueroso.
Olhei na direção de onde os alfas estavam e pude ver com certa dificuldade o momento em que Lucerys desferiu um soco no rosto do meu irmão mais novo. Senti minha visão se embaçar e de repente ouvi passos vindo em minha direção.
Um grito apavorado foi ouvido e me permiti cair no chão, então tudo se tornou silêncio.
...
Abri meu olho com um pouco de dificuldade e pisquei algumas vezes tentando me acostumar com a claridade do ambiente.
Respirei fundo ao me lembrar do que havia acontecido e fiz menção de me levantar, mas vários pares de mãos me forçaram a permanecer deitado.
Me virei e encontrei Aegon, Jacaerys, Joffrey e... Lucerys me encarando.
Além deles também havia Rhaenyra ali e seu olhar sobre mim era indiferente e frio. Mas Lucerys parecia ser o único a quem eu havia notado sua presença.
Encarei o alfa de volta e pude notar que seu rosto estava machucado. Meu coração se apertou e suspirei fechando o olho.
Me lembrava de tudo, Daeron brigando com Joffrey e o enforcando, o alfa enfiando as garras em meu pescoço e em outras partes de meu corpo, Lucerys o surrando com fúria. Gritos e mais gritos e então o silêncio.
Eu havia desmaiado isso era um fato. Levei as mãos até meu pescoço e senti a dor percorrer por minha pele. Abri o olho e procurei por Lucerys, o encontrando um pouco afastado, mas o alfa ainda tinha o olhar preso em mim.
Senti a carne de minhas coxas e minha cintura formigarem e gemi sentindo a dor se apresentar de maneira bruta.
- Eu. – comecei a falar mas minha voz falhou. Senti o toque suave de Aegon em meu braço e me virei para ele. – Eu juro que não fiz nada. – comentei baixinho olhando para meu irmão mais velho. – Daeron ele...
- Está tudo bem, Mond. – Aegon disse usando sua voz mais suave e sorriu caloroso em minha direção. – Sabemos que a culpa não é sua, não é mesmo, bastardo?
O vi direcionar o olhar para Lucerys e então fechar a cara o encarando feio. Olhei para o alfa e notei seu olhar pesado sobre mim.
- É melhor vocês saírem, quero falar com o meu ômega. – Lucerys disse enfatizando bem as duas últimas palavras e engoli seco ao olhá-lo.
Todos saíram e então me vi sozinho com o alfa. Lucerys se aproximou se sentando no banco onde Aegon estava anteriormente e me encarou. Seu olhar desceu para meu pescoço e o vi rosnar descontente.
- Me explique o que aconteceu. – sua voz soou firme e me vi sentindo o peso de suas palavras. – Você estava completamente bêbado fora de seus aposentos e na presença de um alfa. – ouvi suas palavras e senti minha garganta seca, Lucerys estava me acusando de alg1o? – Como um ômega comprometido tem a ousadia de sair por aí bebendo e trepando com um alfa qualquer, em?
Ouvir Lucerys falando dessa forma comigo me fez sentir como se eu fosse um lixo, ele achava mesmo que eu seria capaz de tamanha ousadia?
As lembranças do acontecido voltaram com força em minha mente e então desviei o olhar de Lucerys. Encarei a janela na parede em minha frente e pude ver o azul do céu. Não havia nenhuma nuvem ou nada que pudesse atrapalhar minha visão.
Daeron me beijava com brutalidade enquanto passava suas mãos por todo o meu corpo de maneira fria e possessiva, consegui sentir sua rigidez pressionada em minha virilha e só conseguia sentir repulsa, nojo e... medo.
Medo de Lucerys não vir até mim, medo de me ver forçado por Daeron e medo de ser julgado por algo que julguei ser o certo a se fazer naquele momento.
Joffrey vinha sofrendo durante mais de um ano e não merecia aquela monstruosidade vinda de meu irmão, ele era um ômega doce e gentil, dono de um coração enorme e era o único a quem me via como família.
Havia sangue, muito sangue e fúria, Daeron rosnou algo que não pude compreender e Lucerys o atacou novamente, os punhos fechados e seu cheiro forte dominava o corredor de maneira absurda. Sei que alguém tocou em mim, senti o peso de mãos em meus ombros mas não pude reconhecer quem estava ali do meu lado.
Posso imaginar que Daeron tentou virar a situação a seu favor, afinal ele era um alfa solteiro e eu um ômega comprometido, pelos Deuses, o que eu havia feito? Cometi uma imprudência e agora posso sentir o peso das consequências de minhas ações impensadas recaírem sobre mim.
Tudo aconteceu muito rápido. Beijei meu irmão mais novo com a intenção de que aquilo parecesse uma tentativa de abuso, não pensei muito antes de fazê-lo, só queria que Joffrey pudesse voltar a viver em paz e defendê-lo daquele monstro. Seria uma boa forma de mostrar que minha amizade era sincera.
Agora Lucerys está me olhando diferente. Havia usado meu cheiro afim de reivindicar sua presença, essa é a melhor forma de chamar a atenção de um alfa e funcionou, porém Daeron também é um Alfa e eu havia simplesmente esquecido daquilo, Merda.
Sinto que as coisas não estão bem e não sei o que fazer.
- Estava voltando para meus aposentos quando o encontrei no corredor. – comecei a dizer mas não me atrevi a olhar para o alfa. – Ele simplesmente surtou e quando vi já estava sendo atacado.
De repente o azul do céu se tornou cinza e então pisquei, a lágrima repentina caiu por meu rosto e me vi fechando o olho novamente. Lucerys não estava acreditando em mim, podia sentir seu olhar pesaroso em mim.
- Não o provoquei, não faria isso com você. – minha voz soou tão baixa que tenho certeza que Lucerys teve dificuldade em ouvi-la. – Posso não te amar mas não serei infiel a você.
- Daeron deu a entender outra coisa. – a voz fria do alfa chegou aos meus ouvidos e então me virei para ele. Seu olhar embora preso em mim era distante e trazia um ar de decepção. – Ele deu bastante detalhes de tudo o que você gosta de fazer com ele.
Meu estômago embrulhou e senti uma grande vontade de vomitar, Daeron usou as coisas que ele obriga Joffrey a fazer para convencer Lucerys de que eu me submeto a fazê-las com ele.
- Seu cheiro era sedutor e muito doce. Nunca havia o sentido daquela forma. – ele ponderou enquanto ainda me olhava. – Sabia que seu cheiro possui um leve toque de mel? É extremamente agradável se misturado com amêndoas.
Do nada Lucerys muda a conversa e me pego olhando em sua direção.
Corei, senti minhas bochechas aderem e meu coração acelerar dentro do peito. Nunca havia ouvido ninguém falar tão especificamente sobre meu cheiro de ômega e ter Lucerys comentando que meu odor é agradável me fez sentir vergonha.
A presença do mel era algo que nem eu mesmo sabia que possuía, pois o amadeirado é forte e consegue se sobrepor ao cheiro leve de amêndoa.
Ainda mais em uma situação como aquela, onde supostamente uso meu odor para seduzir Daeron. Deuses, como cheguei até aqui? Como fazer Lucerys acreditar em mim e não deixar que todos acreditem em uma promiscuidade que não existe?
Embora sinta vergonha em falar sobre esse tipo de coisa eu sou virgem, nunca havia sido tocado por nenhum alfa.
- Não sabia sobre o mel. – respondi em um sussurro. – Soltei meu cheiro porque estava com medo Lucerys. Daeron me agrediu do nada e...
- Tudo bem, Aemond. Não tem que se explicar para mim. – senti meus dedos roçando o lençol fino da cama e parar sobre a mão do alfa, meu toque em sua pele era quase imperceptível mas podia sentir a quentura que emanava dele. – Não é da minha conta com quem você decide se deitar ou não. – ele moveu o braço afim de se afastar do meu toque e pude ver seu olhar rancoroso sobre mim.
Suspirei e me senti um lixo literalmente. Ver o afastamento de Lucerys me deixava mal e eu podia sentir sua repulsa, se ele sentia alguma coisa por mim não sente mais. Deveria estar finalmente em paz, não era justamente esse afastamento que eu queria?
Maldito ômega tolo e inútil.
A pior parte de ser um ômega era esse turbulhão de sentimentos, onde o ódio e o amor andavam lado a lado. Eu não entendia o que estava sentindo nesse momento, mas a frustração se encontrava estampada no rosto de Lucerys e aquilo me deixava com uma sensação ruim.
- Descansa um pouco mais, você perdeu muito sangue e está fraco. – a voz do alfa saiu grossa e senti meu coração se apertar mais um pouco. – Precisa estar bem para a cerimônia desta tarde. – o vi se afastar e então pude sentir o vazio se apoderar de mim.
- Você não vai cancelar o casamento? – perguntei surpreso. Se Daeron mentiu e Lucerys acreditou ele poderia querer cancelar o casamento, afinal eu era um ômega impuro em sua visão. – Eu não vou me opor se você quiser cancelar tudo.
- Não é porque o ômega que escolhi é um promíscuo que irei desistir desse casamento, Aemond. – A frieza em sua voz voltou e engoli seco ouvindo suas palavras. – Ninguém sabe que você não é mais puro além da família, então aos olhos de todos você ainda possui pureza.
Ele voltou a dar as costas para mim e pude sentir a dor percorrer por todo o meu corpo. Não sei porque estou me sentindo assim mas a frieza de Lucerys está me machucando como nunca pensei que fosse machucar algum dia, afinal eu não o amo e logo não já motivos para me sentir tão mal por seu desprezo.
- Lucerys. – o chamei baixinho e o vi se virar novamente para mim. – Eu juro que não é o que você está pensando. Daeron ele...
- Você se deita com quem você quiser, tio. – a voz de Lucerys soou tão amarga que senti um frio intenso se formar em meu estômago. – Só não me apareça grávido, pois não irei criar um filho bastardo do meu marido.....
Avisei que a partir daqui seria só ladeira abaixo 🥲
Daeron aqui não foi esquecido, porém, deveria 😅
Rhaenyra e Alicent finalmente tendo seu momento kkkkkkkkkk
Eu tô rindo pra não chorar, sério 🫣
Se eu pudesse matava o Luke, jurooo
Eu tô tão mal pelo Aemond 🥺.
Volto semana que vem, irei viajar e pra onde vou a idade é da pedra, sem Wi-Fi e sem sinal, irei morrer. Até logo ❤️
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Sua Marca Em Minha Pele
FanfictionApós ser reivindicado pelo filho bastardo de sua meia irmã, Aemond prometeu nunca se deixar ser marcado pelo Alfa Velaryon. Um documento fora assinado com sangue, onde a antiga magia Valíriana cobrará um preço alto pela quebra do contrato. "Eu prome...