VERDE

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Árvores verdes, vento forte, grama fresca, céu ensolarado. João Lucas olhava pela janela do banco traseiro, sentindo o ar no seu rosto, seu futuro surgindo enquanto avançava.

Há muito tempo não visitava aquele lugar. Uma casinha isolada, um grande sítio de longas terras esverdeadas. O local onde sua mãe cresceu, no interior, onde todos se conhecem, onde as estradas são de terra, e o vento corre livre entre as milhares de vegetações que lá habitam.

Uma casa é antiga, mas gigante, conservada, apesar da poeira e dos maltratos do tempo. O cheiro da madeira vinda do piso, janelas sendo abertas por todo lado, e aquele aroma do campo a adentrar junto da luz solar. Os móveis, um pouco empoeirados, "nada que uma faxina não resolva", diz sua mãe. Quando sobe as escadas, escuta o ranger dos degraus. Há um lindo corredor, e seu quarto está logo na entrada, maior do que o que tinha na sua casa anterior, o que o faz sentir um pouco melhor, pois deixou seus amigos para trás. Uma cama de casal, mas aquele espaço é só dele. Um banheiro pessoal, tapete no chão, grande janela, teto azul, paredes em tom rosado, como um fim de tarde no jardim.

Quando se senta na cama, a poeira sobe do colchão. Uma cadeira e uma mesinha para estudos em sua frente, ao lado de uma estante para seus livros. Sofia, sua jovem mãe, se anuncia, ao entrar, com três batidinhas no canto da porta, buscando saber como seu filho está. Aquele quarto de teto azul um dia lhe pertenceu, e agora, a ele o servirá.

A família vivia em uma grande metrópole, onde o pai trabalhava na prefeitura e Sofía como professora, mas por conta da crescente violência, falta de oportunidades, e o crime crescendo cada vez mais na cidade, Antônio resolveu aceitar a proposta feita por seu cunhado, o prefeito Lúcio, daquela bela cidadezinha de interior, de trabalhar junto a ele na prefeitura, onde sua mãe assumiria o cargo de professora na grande escola da cidade. 

A Natureza do MalOnde histórias criam vida. Descubra agora