PARQUINHO

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Quando era criança, Lucas costumava passar alguns finais de semana na casa onde sua mãe cresceu, na época em que seus avós ainda estavam vivos. Havia alguns amigos de infância por aquela região, mas em especial, seu vizinho Bruno.

Bruno sempre foi um menino muito criativo, quando criança amava brincadeiras de aventuras, coisas para gostos mais radicais, até mesmo para Lucas , que sempre foi mais quieto do que ele, mas suas personalidades sempre se completaram bem.

Bruno cresceu naquela cidadezinha, nunca saiu de lá, sempre morou na mesma casa, e sempre conheceu as mesmas pessoas. Seu pai, Arnaldo, sempre foi um homem muito respeitado na cidade, e sua mãe, Maria, sempre a mais simpática e prestativa. Sua irmã mais velha, Brenda, tornou-se a primeira da família a entrar em uma faculdade da grande cidade, o que é algo inspirador, mas também um teto alto para alcançar.

Através da sua janela, Bruno avista Lucas andando pelo gramado, não acreditando no que seus olhos assistiam, pois já fazia provavelmente mais de 10 anos que os dois não se viam. "Será que é ele mesmo?" Se perguntou. Empolgado, ele desce as escadas, abre a porta de casa e corre até seu amigo de infância.

No quintal da nova morada de Lucas, há uma área destinada às crianças, um parquinho, que costumavam brincar. Próximo a algumas árvores, um pequeno playground, com escorrega, balanços, uma casinha de madeira e algumas outras brincadeiras. Agora o local foi assumido pela vegetação local, brinquedos enferrujados, tintura saindo, algumas madeiras apodrecendo, e muitas folhas no chão. Naquela tarde, Lucas só precisava de um pouco de ar para respirar, toda essa mudança em sua vida estava lhe sufocando, então decide ir caminhar.

Chegando ao antigo playground, as memórias o vem acompanhar. Sentado no balanço, olhando a paisagem, Lucas nem nota Bruno se aproximando.

- Então é você mesmo! – Diz ele, sorridente e empolgado, chegando mais perto, dando um soquinho amigável no ombro e sentando no balanço ao lado.

– Bruno! Quanto tempo. Tinha esquecido que você mora aqui do lado. – Diz Lucas , surpreso, dando um gentil sorriso.

– O garoto da cidade esqueceu dos amigos... não posso dizer que tô surpreso – Bruno diz.

– Para, faz muito tempo.

– É, faz mesmo. E aí, como você tá?

– Ah... tô, é... Tô bem. – Diz, meio vago e pensativo. – A última vez que a gente se viu, ainda brincava de jogo esconde e coisas assim.

– É, a gente ainda pode fazer isso. - Bruno responde, sorrindo. Lucas sorri.

– E então, como tão as coisas, seus pais? Fiquei curioso agora, porque voltaram? Não tô reclamando, só curiosidade. Se não for perguntar demais, claro.

– Ah... É complicado... Eles queriam um lugar mais calmo. – Diz, se referindo aos seus pais.

– E você? Cansou da cidade grande e tá afim de uma vida mais calma também?

– Hm... – Lucas tenta responder mas é como se as palavras se embolassem em sua garganta sem sair, há um assunto delicado demais para prosseguir.

– Foi mal, tô fazendo muitas perguntas. Acho que é a empolgação de te ver aqui de novo. – Ele dá uma pausa, com um sorriso leve no rosto. Olhando em volta, diz: – Quer dizer, olha esse lugar, faz muito tempo!

– É, não tá muito legal aqui agora. – Diz Lucas tentando sorrir também. Após isso, os dois ficam um pouco em silêncio, questão de segundos, mas que parecem minutos na cabeça de Lucas , então ele quebra o silêncio. – E você? Como tá?

– Eu tô bem, cê sabe, aqui nada muda né. A escola é uma droga, meus pais cada vez mais doidos. – Diz sem tirar a expressão empolgada do rosto. – Que bom que você voltou.

Eles sorriem um para o outro.

– Eu acho melhor eu voltar agora, terminar de arrumar minhas coisas. – Lucas se levanta do balanço.

– Claro, depois a gente se fala mais. – Diz Bruno, se levantando também do balanço. – Qualquer coisa, cê sabe onde me encontrar. Bem ali! - Apontando para sua casa. - Não vai errar, ein!

Lucas sorri e segue seu caminho. Enquanto Bruno o observa, sentindo que nada mais na sua vida será como antes.

A Natureza do MalOnde histórias criam vida. Descubra agora