GIRASSOL

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O amanhecer surge no horizonte da fazenda de girassol da família de Pol. Sua família é conhecida pelo plantio, e é o maior negócio da pequena cidadezinha, fazendo sua economia fora dela pela plantação e cultivo de girassóis. Não por coincidência a maior escola da cidade leva o nome da planta, a avó de Pol é a diretora do colégio, Josefa, um negócio passado por gerações, trabalhando junto com sua mãe, Regina, enquanto seu pai, Paulo, carrega os cuidados com a fazenda da melhor forma que pode, mas nunca valorizado por Josefa, sempre dizendo que seu falecido marido fazia melhor, se tornando um grande peso nas costas de Paulo, um homem amargurado e reprimido. Tanto mal em um homem, se não tratado, é repassado a seus filhos.

Naquela manhã de sábado, Pol precisa acordar cedo, mais cedo do que se fosse para a escola, ele vem trabalhando cada vez mais duro na fazenda, a mando do seu pai, já que um dia deverá ser ele a liderar o negócio da família. É um grande tormento sair da cama. Em casa Pol nunca se sente confortável, a não ser quando tem momentos de paz trancado em seu quarto. Apesar disso, a sua pessoa favorita alí é sua irmã mais nova, Júlia, de apenas 7 anos, que havia acordado cedo e invadia seu quarto, o acordando com beijinhos na testa.

– Papai tá chamando. – Diz ela, em voz doce suave.

– Ele te acordou de novo? Vem, vamos voltar pra cama.

Ele se levanta, tentando acordar, leva sua irmã para o quarto dela, a enrola no lençol. A voz do seu pai ecoa pelos corredores, o chamando em tom autoritário. Ele entra bravo em casa, pisando como pedras atingindo o chão, chuta a porta de Pol.

– Sai da cama preguiçoso! Cadê?

– Ei! Fala baixo, acordou ela de novo. – Diz Pol, do quarto ao lado, o de sua irmã.

– Se você acordasse na hora certa eu não ia ter que gritar seu babaca. Bora. Se veste logo e desce. – Diz e sai. Pol se volta para sua irmã.

– Eu vou lá tá? Mas você, volte a dormir. Tá muito cedo pra essa mocinha tá acordada. – Diz ele sorrindo e a cobrindo. Inocentemente, ela pergunta:

– Pol, o que é babaca?

– Nada com o que você precise se preocupar. – Rindo, ele beija sua testa, se levanta, desliga a luz e deixa a porta entreaberta.

Quando desce, come um pedaço de pão e vai ao trabalho. A plantação é enorme, há mais trabalhadores, e de fato a mão de obra de Pol não é tão necessária, mas é importante para seu aprendizado, há muito o que se fazer. A operação das máquinas, o separamento das sementes, a semeadura, o cuidado com o solo, cuidar para que as ervas daninhas não cresçam, com uso de probióticos. A colheita, os cuidados para uma nova colheita, e o transporte das sementes para as fábricas de óleo de girassol. Além disso, há plantios menores na fazenda que fazem uma economia local, de verduras e legumes. Apesar de estar em um bom momento, a fazenda já não vive mais seus tempos de ouro, quando o pai de Paulo, Raimundo, estava vivo e administrava aquele local.

Pol está trabalhando com as sementes quando seu pai surge com um desconhecido ao lado.

– Esse é o Mateus. Ele vai passar um tempo aqui com a gente. Ele já tem experiência, então só mostra o lugar para ele. Vai. – Diz e sai.

Mateus é um lindo jovem quase da mesma idade de Pol, talvez só um pouco mais velho. Pol vai até ele e se apresenta, apenas diz seu nome, Mateus faz o mesmo, então começa a apresentar a fazenda para o novato, como seu pai pediu.

A Natureza do MalOnde histórias criam vida. Descubra agora