ANSIOSA

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Bruno acorda, o cheiro de café corre por toda a casa. Quando se levanta, se espreguiça, anda até o banheiro ainda adormecido, acordando aos poucos, desviando de alguns objetos no chão. A porta de seu armário está aberta, há roupa no chão, quando está prestes a entrar no banheiro, percebe o incomum, se volta para o quarto e todas as suas coisas em tão reviradas e jogadas no piso amadeirado. "Que?" Se pergunta sem entender. "O que eu fiz ontem? Não lembro disso" diz já começando a arrumar. Parece como se alguém estivesse buscando algo, ele chama sua mãe, que sobe as escadas.

– Olha aqui, o que aconteceu. A senhora veio aqui ou o pai?

– Que isso menino? Que bagunça, que horror. Ninguém entrou no teu quarto não, isso aí foi você, trate de arrumar tudinho, tente jogar a culpa pra ninguém não.

– Mas eu não lembro.

– Tô com as panela no forno. – E sai.

– Pai?

– Ele tá na cidade! – Ela grita.

– Mas que palhaçada... – Diz ele seguindo arrumando o quarto.

Quando termina, desce para tomar café da manhã com sua mãe. A campainha toca, ele vai atender. Quando abre a porta vê Sofia.

– Oi Bruno, bom dia, tudo bem?

– Bom dia, tudo sim.

– Sofia, entra, toma um cafezin - Diz Maria.

Bruno a chama para entrar também e ela entra.

– Eu não quero incomodar não, só vim perguntar.

– Quer tapioca? Tem tapioca. Pega a xícara pra ela Bruno.

– Não, brigada, é só que...

– Cuscuz também, eu amo, um cuscus com ovo pela manhã. Bruno não gosta muito, prefere com leite e açúcar, esses jovens né. O Lucas gosta?

– Ele gosta, mas a gente não comia muito na outra cidade. – Diz sorrindo, tentando ser educada.

– Mãe, acho que a Dona Sofia quer falar alguma coisa.

– Dona não, por favor. Mas sim. É sobre o Lucas, ontem ele teve um momento difícil em casa.

– Oh bixinho.

– Eu vim saber se ele tá aqui? Ele tá aqui Bruno?

– Não... ele não tá em casa?

Ela fica um momento calada, pensando, parece apreensiva.

– Não, ele não tá em casa. Eu pensei que ele tava, deixei dormir mais, mas quando abri a porta do quarto, ele não tava lá. Pensei que talvez tivesse vindo aqui.

– Ele não veio aqui, esse aqui acordou agora, se ele tivesse vindo eu teria visto. – Diz Maria.

– Então eu não sei. – Apreensiva, aperta seus próprios dedos por ansiedade.

– Calma, ele jajá aparece. – Maria tenta acalmar ela.

– É... eu vou voltar pra casa agora, talvez ele já esteja lá né? Eu vou lá. – Se levanta da cadeira e caminha até a porta.

– Eu levo a senhora até a porta. – Bruno a acompanha. Abre a porta e ela sai, se vira para ele e o agradece.

– Qualquer coisa eu aviso.

– Obrigada. – Tenta sorrir. Se vira e caminha para sua casa.

– Se precisar, eu tô aqui. Estamos aqui. – Se referindo a ele e sua mãe. Sofia agradece novamente, ainda parecendo ansiosa, Bruno sente isso, ela segue o caminho.

– Tem alguma coisa acontecendo. – Diz Bruno a sua mãe, voltando a cozinha.

– Vai ficar tudo bem, agora come teu café.

A Natureza do MalOnde histórias criam vida. Descubra agora