Capítulo 36 - Vamos ter um bebê?

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Morder a minha bochecha era, sem dúvidas, o passatempo preferido da Juliette. Toda vez que estávamos juntas, sem fazer nada, ela simplesmente me colocava deitada em seu colo, fechava os olhos e começava a mordiscar a minha bochecha, como se estivesse degustando algo saboroso.

Eu, inevitavelmente, sempre acabava rindo, porque ela fazia isso com tanta naturalidade que parecia um reflexo automático. Às vezes, até reclamava de leve:

— Você vai acabar me deixando sem bochechas! — dizia, tentando conter o riso.

— Elas são tão gostosas! — ela respondia, de olhos fechados e com um sorriso satisfeito nos lábios, continuando com as mordidinhas.

— Amor.. — eu tentava protestar, mas no fundo adorava essa forma carinhosa, mesmo que um tanto inusitada, de ela demonstrar afeto.

Era o jeito dela de me acalmar, de me manter perto, como se estivesse marcando um território invisível. E, claro, sempre me fazia sentir amada e protegida, do jeito mais bobo e carinhoso possível.

Às vezes, eu tentava retribuir o gesto, mordiscando sua bochecha também, mas Juliette sempre sorria antes que eu conseguisse, e sua bochecha escapava da minha boca. Isso a fazia rir ainda mais, o que só me deixava mais determinada a tentar de novo.

— Ei! Para de fugir! — eu reclamava, fingindo estar chateada, enquanto ela continuava a se esquivar com aquela risada contagiante.

— Você que precisa treinar mais! — ela brincava, tentando me provocar, o que me fazia rir também.

— Amo esse treinamento.

A verdade era que esses pequenos momentos de brincadeira só reforçavam a cumplicidade que tínhamos. Mesmo nas coisas mais simples, era fácil perceber o quanto nos conectávamos, de uma forma leve, divertida e cheia de carinho.

Em um domingo, fomos almoçar na casa dos pais de Juliette. Fomos recebidas com abraços calorosos assim que cruzamos a porta. A casa tinha aquele aroma gostoso de comida caseira, e tudo parecia preparado para uma tarde agradável em família.

— Sarah, minha querida! — Fátima, a mãe de Juliette, me abraçou com carinho. — Estávamos ansiosos para esse almoço.

— Também estava com saudades, dona Fátima! — respondi, sorrindo. Já me sentia parte da família.

O pai de Juliette, Lourival, logo apareceu, com aquele sorriso caloroso e o mesmo olhar carinhoso que a filha tinha. Ele me abraçou com firmeza e nos guiou para a sala, onde já estavam Junior irmão de Juliette,e os sobrinhos Gabriel, Hugo e Ryan. Eles estavam sentados no sofá, rindo de algo que assistiam na TV.

Fiquei feliz com o carinho deles, e logo nos juntamos à mesa de jantar, que estava repleta de pratos deliciosos preparados por Fátima. Havia tamales, enchiladas, arroz, e várias opções para todos os gostos.

Enquanto comíamos, a conversa fluía naturalmente. Lourival contava histórias engraçadas sobre Juliette quando era pequena, e todo mundo ria. Junior fez questão de me provocar, dizendo que eu tinha sorte de aguentar o temperamento de Juliette.

— Aguentar a Juliette não é fácil, Sarah. Ela é mandona, você sabe! — Junior brincou, fazendo todos rirem.

— Olha quem fala! — Juliette revidou, com um sorriso travesso. — Você não fica muito atrás, irmãozinho.

— Ela é mesmo. — brinquei. — Acreditam que eu aluguei um apartamento no México e a Juliette não deixa eu ir lá nem para pegar uma roupa?

Todos na mesa riram da minha brincadeira, e eu pude sentir o olhar de Juliette me perfurando de lado, fingindo estar ofendida.

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