Capítulo 42 - Fofocas

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Juliette estava parada na entrada da sala, os braços soltos ao lado do corpo, mas seu olhar era pesado. Não era apenas surpresa — era decepção. A expressão em seu rosto me fez sentir um nó no peito.

— Ju, eu... — comecei, nervosa, andando rapidamente até ela.

Antes que eu pudesse falar mais alguma coisa, Juliette segurou a minha nuca com uma delicadeza quase dolorosa. Seus dedos acariciaram minha pele, e, em seguida, ela me deu um selinho demorado. Seus lábios nos meus transmitiam tanto carinho, mas havia também uma tensão silenciosa naquele beijo. Quando nos afastamos, ela abaixou um pouco o olhar, aproximando-se da minha barriga e plantou um beijo longo e cheio de ternura ali.

— Bom dia, meu amor — sussurrou, falando diretamente para o nosso bebê.

Acariciando meu rosto com o polegar, ela me olhou mais uma vez, mas, sem dizer nada, virou-se e começou a caminhar em direção à cozinha.

— Amor, eu... — tentei falar, dando um passo na direção dela, mas Juliette levantou a mão, os dedos esticados, pedindo que eu parasse. Bom, aquele gesto também parecia indicar o número cinco.

— Cinco minutos. — Sua voz era baixa e firme. — Eu preciso de cinco minutos pra me acalmar, e depois a gente conversa.

Assenti em silêncio, soltando um suspiro nervoso.

O beijo dela aliviou um pouco a tensão que me corroía, mas a sensação de que eu tinha pisado em falso ainda me pesava no peito. Eu sabia que a Juliette precisava do tempo dela para processar as coisas e organizar os pensamentos. Ela sempre foi assim: calma, ponderada... mas quem disse que eu conseguia esperar?

Cada milésimo parecia uma eternidade. Fiquei parada por uns segundos, tentando respeitar o pedido dela, mas meu coração estava apertado demais. Eu simplesmente não conseguia ficar ali sem fazer nada.

Suspirei profundamente e, decidida, fui atrás dela na cozinha.

Ela estava de costas para mim, as mãos apoiadas na bancada enquanto encarava uma caneca vazia, como se o café que pretendia fazer fosse uma solução para o que estava sentindo. Os ombros dela subiam e desciam em um ritmo lento, mas eu sabia que, por dentro, algo fervia.

— Amor... — sussurrei, aproximando-me dela.

Ela não se virou de imediato, mas eu notei o leve movimento dos ombros dela quando percebeu minha presença.

Sem pensar duas vezes, coloquei as mãos ao redor da sua cintura e encostei minha testa em suas costas. Senti seu corpo se enrijecer por um instante, mas logo ela relaxou, soltando um suspiro longo e pesado.

— Eu só... eu precisava contar pra ela. Foi mais forte do que eu... Ela percebeu que eu estava feliz e eu não consegui me segurar. — murmurei contra sua pele, apertando-a um pouco mais forte, temendo que ela se afastasse.

Juliette não falou nada por alguns segundos, apenas ficou ali, absorvendo minhas palavras e o contato do meu corpo no dela. Então, lentamente, virou-se em meus braços. Seus olhos encontraram os meus e, mesmo com um leve brilho de frustração, havia amor neles. Sempre havia.

— Eu queria muito que tivéssemos contado juntas. Mas eu entendo... Ela é sua mãe, e é natural que você quisesse compartilhar algo tão importante com ela. Sei o quanto essas duas coisas significam para você , nosso casamento e nosso bebê, e são igualmente importantes para mim. — Juliette suspirou, desviando o olhar por um breve instante. — Mas... o que realmente me incomodou não foi você ter contado antes. Foi o que ela disse. A ideia de que seria melhor você não estar morando comigo...

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