CAPÍTULO 19

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Borya

Alguns meses depois

A parte de ser Mãe e avó ao mesmo tempo, foi gratificante assim que tive meus bebês. Dois meninos, totalmente diferentes um do outro. O primogênito tinha cabelos escuros e os olhos claros do pai, enquanto o outro era uma cópia minha, cabelo cinza com olhos castanhos. Foi um choque para mim vê-los sendo tão diferentes.

— O que foi? — Olhei para Sena amamentando meu outro bebê. Eu fiquei abismada quando ela aceitou numa boa ser ama de leite. Na realidade até ficou animada e era muito pontual e responsável com a função.

— O Håkan está brincando com o leite. — Ela olhou para a situação, fazendo uma expressão caricata para a criança.

— Ele deve ter enchido. — Diferente do Magnus continuava a comer como se o mundo fosse acabar.

Eles mal tinham dois meses de vida já se diferenciavam demais na personalidade. Meu pequeno clone era o Håkan, brincalhão, observador, curioso, tinha a personalidade do pai por inteiro. O Magnus era mais na dele, interagia pouco com o ambiente e as pessoas, gostava de ficar quietinho, chegava a ser engraçado como conseguia dormir sozinho desde o primeiro momento em que o coloquei no berço, e tudo nele denotava ser como a espécie da mãe do Jørgen.

— Ei, bolotinha, já chega. — Ela arrumou a blusa e ajeitou o menino no ombro, esperando que arrotasse.

Minha cunhada cruzou as pernas e suspirou, olhando para o tempo enquanto se matinha em silêncio. As vezes esse seu lado mais calmo me assustava, a Sena preocupada e calada era um acontecimento, ainda mais porque todos a chamavam de Moby Dick, a temida baleia branca, que não era branca.

— Aconteceu algo? — Perguntei em voz alta.

— Sim... Não... Quer dizer, estou pensando no que fazer. — Falou baixo, sua voz era grave, mas geralmente estridente.

— Fazer em relação ao quê?

— Calipso.

Ah...

— Ainda está em conflito com o Sindri?

Porque meu irmão estava depressivo desde que soube da ligação da filha com a Sena. Eu achei exagero, ela era maravilhosa, super responsável, tinha lá seus momentos de raiva e teimosia... Mas, quem não se extressava com a vida?

— Aquele macho não é o problema, a criança que não parece gostar muito de mim.

— A Cali? — Fiz uma careta.

— A outra criança deles.

Outra?

A quem se refere? Genevieve?

— O pai dessa daí.

— Ah! O Tatum! — Minha careta aumentou. — O que tem o Tatum? — Quase ri ao lembrar que ela o chamou de criança.

— Fica se intrometendo nos meus assuntos. Eu não me importo que me odeie abertamente...

— O Tatum não te odeia, Sena. — A interrompi.

— Eu não me importo.— Piscou, olhando para mim dessa vez. — Só não quero que se meta na minha vida.

— Bem... Digamos que não foi lá muito saudável a forma como você declarou sua ligação com uma criança com menos de cinco meses na época. Que, caso ainda não tenha aceitado, é a irmãzinha mais nova dele.

— Eu só falei a verdade.

— É que geralmente isso assusta um pai. — Tentei explicar. — Eu fiquei apavorada quando descobri sobre o B-Jin. E nunca é bom bebês já serem ligados, eles amadurecem precocemente.

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