CAPÍTULO 13

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B-jin.


Uma tempestade de neve nos pegou assim que estávamos na estrada, ficamos algum tempo na loja de conveniência da tia Emma no posto de carregar as moto neves.
O frio foi um problema logo de cara, tivemos que abrir as malas e eu ajudei as meninas a se vestirem, elas deixaram suas escamas à mostra para poderem conseguir regularizarem a temperatura e achei fofo que as duas pareciam rolinhos.

A Mila achou mais divertido ir com a minha mãe, já que sentia que era mais seguro, e o meu pai se desafiou a fazer um caminho difícil com a Kim, ela sorria tanto e dava tantas voltas e curvas, onde não existia curva, que tive a impressão de ver meu pai com o coração quase pulando para fora da boca.

A tempestade deixou um rastro pesado de gelo frouxo na estrada, então tive que ir com a máquina limpa-neve na frente e fazer o trabalho de liberar a via até o alto da montanha, como era pertinho foi rápido.
Eu estava no carro com os nosso amigo e a Genevieve no meu colo, assim que neve cessou fomos seguindo por caminhos sinuosos até chegar na vila.

O frio foi algo que me senti aliviado, por mais que o calor do Brasil em certos momentos fosse agradável, nada se comparava a sensação de ter gelo crepitando a cada passada que eu dava, ver minha respiração sendo projetada em nuvens de vapor, nunca ter a sensação de suar e precisar se refrescar a cada tinta minutos. climas frios eram ótimos, porque tudo era mais úmido.

Assim que desci do limpa-neve, mantendo a cachorrinha dentro do meu casaco e o Quiel dentro da gaiola, eu dei a volta pela frente da máquina e vi a Mila pulando alegre enquanto tinha neve até os joelhos. Ela mergulhou na pilha recém caída e depois voltou batendo o queixo de frio.

— Não vai brincar? — Perguntei quando a vi estremecer.

— Tá frio! Muito frio!

— Tá um pouquinho. — Sorri e olhei a placa de frente para a minha casa com o nome de "Casa do líder".

A paisagem no Ártico não era rica em cores, mas era um lugar bom de se viver, contanto que gostasse da sensação de ter lábios ressecados e cílios congelados.

A vista da minha casa era incrível, dava para ver o oceano, o cais, os iglus rodeando o lago abissínia, as casas no setor costeiro, a floresta de troncos, e todo o perímetro onde se encontrava o hospital local, o centro de convivência, e a montanhas que estavam cheias de neve e muita história congelada.

Esse lugar era incrível, meus pais meio que foram forçados a assumir uma corporação, mas no castigo acabaram achando a suas vocações de vida, e foi nesse lugar que passei a maior parte da minha, e vendo as minhas cobrinhas comigo eu me sentia em paz e completo.

— Um poquinho? Tô me sentindo um pinguim! — Ela veio caminhando meio dura até mim, só dava para ver o seu rosto de tanta roupa que usava e tratei de bater a sujeira do seu corpo, olhando seu cabelo também cheio de neve.

Assim que toquei o seu rosto corado pelo frio, eu  deduzi pela milésima vez o quanto era estranho saber o que ela sentia. Não me arrependi do ato, me vincular foi menos assustador do que imaginei e nunca pensei que eu pudesse me sentir tão satisfeito. Todas as coisas que elas faziam e diziam eu conseguia sentir a intenção por trás e o nosso diálogo ficou infinitamente melhor depois disso.

— Vamos entrar, lá dentro está mais quentinho.

— Você vai me ensinar a descer de trenó, né? — Resistiu um pouco e passou por baixo do meu braço quando tentei agarrá-la para levá-la até dentro de casa.

Ela estava animada, com o coração acelerado, o jeito como mexeu nas mãos vestidas com as luvas denunciava o seu nervosismo. Eu acariciei o topo da sua cabeça e sorri. Estava difícil tentar fazer alguma coisa, elas já conseguiam me ler com extrema facilidade e conseguiam ser ainda mais teimosas e resistentes, meus pontos fracos foram revelados e não fui capaz de opinar.

52 HertzOnde histórias criam vida. Descubra agora