CAPITULO 11

648 77 169
                                    

Borya

Hoje...

Não achei que fosse voltar a esse lugar e encontrar essa bagunça.

Quando vinte anos não eram vinte meses ou só alguns dias, vi melhorias no local, o que eles chamavam de eco estradas, carros elétricos, utilizando materiais reciclados pegos no mar e nas praias, dentre outras coisas que não tive tempo de ver, já que o foco era recolher o filho que se embolava na areia.

A Leoa com os seus filhotes e todos outros que já haviam crescido um bocado estavam ajudando os animais shifters que vieram até a praia intoxicados pelo óleo, eram casos de emergência, e o meu Jørgen me pediu para ficar de olho nas crianças que também estavam ajudando, eu só não esperava ver o famoso evento em cadeia de encontros de destinados.

Esse fenômeno geralmente acontecia em gêmeos que tinham companheiros diferentes, era bem legal de ver a sincronia com que eles encontravam seus parceiros quase ou ao mesmo tempo. E isso aconteceu com os filhos da Julie, primeiro com o Mitsuki, esse que estava nos meus braços porque era um menino tão mimado e manhoso que amava está no abraço de alguém, ao menos eram assim como os outros viam, porque isso fazia parte do seu instinto de serpente cem por cento arborícola.

A força que esse menino tinha para ficar agarradinho nas coisas era no mínimo impressionante, muitas vezes tive que tirar seu braço do meu pescoço, era mais fácil a gente desmaiar do que tirar pequeno de cima, e ele conseguia passar horas na mesma posição sem ao menos se mexer e dá toda a liberdade para  gente usar os dois braços e abaixar, na hora do banheiro ele esperava pacientemente o tempo que fosse preciso, mas era meio incômodo, então a estratégia de todo mundo era passar o garoto para outra pessoa.

Algumas coisas meio que já nos faziam desconfiar de que espécie eram os companheiros das crianças, eu tirava pela única mancha de vitiligo que ele tinha no corpo, um prefeito desenho de panda na sua barriga, mas juntando o fato de que os pandas só existiam na Ásia, e o que o Mitsuki era muito novo para passear sozinho, esse encontro ainda iria demorar muito, se não fosse pelo Jørgen que resolveu mobilizar seus irmãos.

Nessa ele deixou o garoto no braço do Yin enquanto disse que ia intervir com a pequena Jay que queira entrar no mar. Eu fiquei encarando os dois meninos, o Yin-Yin de olhos arregalados segurando o pequeno suspenso no ar, isso foi tão divertido de assistir.

— Jiejie! (irmã mais velha) — Ele veio com o Mitsuki até na minha direção e eu apenas sorri. — Jie-Bo, (Irmã Borya) onde achou essa criança?

— É o irmão mais novo das companheiras do meu filho. O nome dele Mitsuki. — Falei com entusiasmo e o vi o panda completamente bobo com o moreninho de cabelos cacheados.

— O que foi? — Perguntei desconfiada, mesmo sabendo o que esse brilho no seu olhar significava.

— Ele é uma serpente... Minha nossa, agora não vou mais ser um Xiong (galho seco) — Ele continuou na mesma pose de sustentação, segurando o Mitsuki como geralmente se segurava um gato e fez parecer que o garoto não pesava mais do que uma pena.

— O que disse? — Eu não tinha ouvido essa expressão ainda.

— Um solteiro encalhado. — Pareceu envergonhado. — Meu pai reclama que sou preguiçoso e não vou atrás da minha companheira, mesmo que eu sempre tenha dito que sou gay.

— O que é gay? — Mitsuki perguntou.

— Gay é um nome que a gente usa para dizer que: sou um garoto que gosta de garotos.

— Eu gosto das meninas. — Retrucou e isso fez nós dois perdemos quase a voz e encarar ele. — Minhas irmãs são muito legais.

— E pra namorar?

52 HertzOnde histórias criam vida. Descubra agora