CAPÍTULO 16

292 44 98
                                    

K-Jell

Ofrio do Ártico era a unica coisa que eu poderia dizer que conhecia, o mesmo se aplicava a crocância das minhas pegadas nuas na neve, ao céu que passava a maior parte do tempo escuro, o cheiro de peixe no cais, as casas ovais feitas de gelo e metal, eu vi isso durante toda a minha vida e amava meu lar com todo meu ser, porém parte de mim sentia que não era suficiente.

Era fácil atingir as profundezas...

— Mas o céu é muito para mim. — Olhei para ele, sentindo-me incapaz de ter o que eu tanto queria, de seguir meu destino.

Enquanto eu tinha as estrelas no fundo do mar, minha metade era capaz de almejar as que brilhavam no céu, éramos tão opostos que me convenci por fora que deixa-lo apenas me olhar do alto era colina era suficiente.

Suficiente para quem?

— Um peixe e um pássaro não podem mergulhar no mesmo espaço.

— O que disse? — Anneliese perguntou.

— Eu falei? — Pisquei desnorteado, fiquei envergonhado por deixar meus pensamentos soltos e me fiz de bobo, não queria que me questionasse, eu mesmo não sabia porque estava me ocupando com esses pensamentos desnecessários.

— Falou sim, tá tudo bem?

Assenti e mordi meus lábios, estava pensando alto demais, mais do que deveria, então tentei me concentrar no meu trabalho ou me distrair com outra coisa.

— Sim, estou bem, eu só... é que você sabe, lá em casa tá tudo muito animado.

Minha família iria crescer novamente. Mamãe anunciou para nós durante o jantar da semana passada que estava grávida de gêmeos, posteriormente ela pediu descrição, principalmente por causa da recém notícia sobre o pequeno Tyr ter ficado doente.

Meu irmão crente de isso era o carma, não mediu esforços para tentar resolver o problema de saúde do afilhado, ele e a Mila, juntamente do Tatum e o Ezequiel, arrumaram uma forma, isso dentro de uma semana, de poder fazer com que as chances da minha cunhada de engravidar fossem altas.

Eu não tive muita participação no assunto. O Tatum ainda estava sob estreita vigilância depois que ele recuperou as memorias e do seu pai saber e o que de fato estava acontecendo. O tio Sindri ficou ainda mais paranóico e tratou de deixa-lo preso debaixo da sua asa... Digo, nadadeira.

E por falar em asa...

Tive que me contentar com as dúvidas. O mundo sempre girou em torno do caos da minha família, do papai, do B-Jin, do Tatum, eu nunca tive muito espaço para ser rebelde ou ser a preocupação de alguém, achei que isso fosse mudar quando eu achasse meu companheiro, mas nem mesmo ele queria me dar atenção ou se importar comigo.

Bem, eu não estava chateado.

— Kendall?

Eu pisquei atônito e olhei para o rosto da minha professora de pilates, que também era a minha chefe e estava me encarando como se tivesse visto um fantasma.

— Hum?

— Eu estou te chamando faz um tempão. Você estava encarando o oceano, nem piscava.

— E-eu estava? — Fiquei envergonhado, nem ao menos percebi que havia me distraido novamente. — Me desculpa.

Com seus olhos castanhos escuros, cabelo preto na altura das orelhas e muita personalidade em um metro e meio de altura, ela me lançou um olhar questionador, mas se manteve calada porque sabia que eu não iria falar nada.

52 HertzOnde histórias criam vida. Descubra agora