CAPÍTULO 4

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Jorge


Antes...

Eu disse ao berros que o Shark levasse o Pav para um lugar frio, enquanto carreguei o bloco de gelo nas mãos até a traseira da picape da Letícia. Dei para ela a minha irmã, a Lisa, e a Lelê meio que ficou encarando a bichinha como se fosse uma alienígena.

O doutor estava meio enjoado, fazia quase quarenta graus, o que para ele era um verdadeiro inferno.
O homem baixinho e corpulento delirava mediante o calor e por esse motivo tivemos que correr até a clínica da leoa que já estava nos esperando junto com os ursos, a coelhinha, outras duas pessoas que eu não conhecia ainda, o tatuado e desconfiado homem baixinho e a morena alta com cabelo black Power castanho, não tive tempo de reparar mais do que isso, mas tentei gravar seus rostos na minha mente como eu fazia com todo mundo.

Nós descemos às pressas, eu fui até a parte detrás para pegar o gelo quando um dos ursinhos me abordou.

— Eu não sei que loucura é essa que você tá fazendo o Shark se meter, mas se o meu amigo se machucar...

— Eu sei, eu sei... E sendo bem sincero eu temo mais o Shark do que você, até porque quando eu morrer eu vou virar comida de quem? — Um baquete, por assim se dizer. — Mas sei que devo uma explicação, principalmente porque estão me ajudando sem fazer muitos questionamentos. Vamos entrar.

Letícia abriu a porta do estabelecimento para eu entrar e olhei o Shark dentro do quarto frio ainda segurando o Pav quase morrendo.

— Shark, joga ele dentro do freezer! — Eu deixei o bloco sobre a maca e abri a tampa do recipiente refrigerado a seco.

— Tá doido? — Ele colocou o meu amigo no chão, o mesmo que não conseguia se manter em pé direito e eu mesmo o peguei e deixei dentro do compartimento. — Ele não vai morrer? — O tubarão me encarou curioso e surpreso.

— Vai, se ficar do lado de fora. Tudo bem aí, Pav?

Ele se transformou em pinguim e soltou um piado parecido com uma corneta. O pessoal se aglomerou para ver o meu irmão dentro do freezer, e enquanto isso fui ver como a Letícia estava junto da Lisa.

— Ei, pequena, pode sair daí, está na hora de me ajudar. — Falei assim que a segurei nas mãos com bastante cuidado e a coloquei no chão.

A Lisa de transformou, ajeitou o seu cabelo arco-íris todo para trás, com um olhar analítico na minha direção ela se curvou com as mãos juntas e disse:

— Namastê, querido irmão. Como tem estado? Você está cheirando a peixe tostado, mas continua bonitão.

— Um caos, consegue me ajudar? — Não enrolei no assunto. — Namastê.

— Hum... — Ela me olhou de cima abaixo. — Vejo que o nível de radiação no seu corpo tá um pouco alto, precisa aplicar mais protetor solar...

— Não é sobre isso. — Agarrei ela pelos ombros e a empurrei para dentro da sala. — Preciso que faça os seus trabalhos de escultora, consegue quebrar esse gelo sem danificar os corpos?

Ela olhou para pessoal, deu bom dia, um namastê, olhou para as meninas já pronta para indicar produtos de cuidados estéticos e da saúde quando eu a impedi de dá uma de doutora. Eu precisava da minha irmã escultora!

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