Capítulo 33
Martina estava sentada ao lado de Kira no quarto, os olhos fixos na amiga enquanto tentava esconder a própria agitação. O ambiente hospitalar parecia sufocá-la, mas a companhia de Kira lhe dava algum conforto. Ainda assim, o peso de tudo que havia acontecido recaía sobre seus ombros, e ela sabia que não conseguiria suportar por muito mais tempo.
O som da porta se abrindo interrompeu seus pensamentos. Salvatore entrou, seguido de seus dois irmãos, Marco e Francesco. O ar no quarto ficou denso com a tensão no instante em que os três cruzaram a porta, e Martina sentiu o estômago se contrair. Não queria vê-los, especialmente Salvatore. Não agora.
Kira, que estava deitada na cama ao lado, se ajeitou ao perceber a chegada deles, sua expressão se suavizando ao ver Marco, embora houvesse um leve desconforto em seu olhar. Martina respirou fundo, pronta para se levantar.
— Eu preciso ir embora — murmurou Martina, olhando para Kira com uma expressão determinada.
— Por favor, fique um pouco mais, Martina — Kira pediu, estendendo a mão. — Não precisa ir por causa deles. Você não deveria estar sozinha agora.
Martina hesitou, mas seu desconforto ao estar tão próxima de Salvatore era palpável. Ela simplesmente não conseguia suportar a presença dele naquele momento.
— Eu não quero ficar aqui — disse ela, a voz baixa mas firme.
Salvatore manteve-se em silêncio por alguns segundos, observando-a com um olhar contido, antes de finalmente se dirigir a ela.
— Como você está, Martina? — Marco perguntou, quebrando o silêncio com sua voz sempre gentil, embora o clima estivesse pesado ao redor.
Martina olhou para ele, os olhos marejados. Ela sabia que eles estavam tentando ser gentis, mas a dor da perda ainda era muito recente.
— Sinto muito pelo bebê — Marco lamentou, e Francesco logo se uniu a ele, sua voz grave ecoando no quarto.
— Lamentamos profundamente — completou Francesco, sem qualquer tom de sarcasmo dessa vez.
Martina respirou fundo, forçando um sorriso triste. — Obrigada — murmurou, tentando manter a compostura.
Marco, sempre mais atento ao clima, se virou para Kira, que observava tudo em silêncio. — E você, Kira, como está? — perguntou ele, aproximando-se com um sorriso suave.
— Estou bem — Kira respondeu, a teimosia em sua voz evidente. — Só quero ir para casa.
Marco riu suavemente, balançando a cabeça. — Você é muito teimosa, garota. — disse ele, enquanto se inclinava e beijava a testa de Kira com um carinho quase fraternal.
Francesco, que até então mantinha um semblante sério, revirou os olhos, claramente irritado com o gesto de Marco. — Você nunca muda, não é? — disse Francesco com um tom levemente cortante.
Marco apenas sorriu sarcasticamente em resposta, como se provocasse o irmão.
Martina observava os dois, sentindo-se estranhamente deslocada no meio da interação dos irmãos. Era como assistir a uma peça que não queria mais fazer parte. Enquanto Kira e Salvatore bufavam, trocando olhares de reprovação pela atitude infantil dos dois, Martina sentia que sua paciência estava no limite.
— Vocês parecem crianças — murmurou Kira, enquanto Salvatore balançava a cabeça em concordância.
Salvatore então se aproximou de Martina, os olhos cravados nos dela com uma preocupação sincera.
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Salvatore Romero: Dançado com o perigo
Ficção GeralMartina Moretti sempre encontrou na dança sua maior paixão e liberdade. Raptada ainda bebê e levada da Itália para o Brasil, foi criada com o nome de Thamy Costa por uma família adotiva que jamais lhe deu amor. Crescendo em um ambiente de desprezo e...