eu vou aonde você for.

273 29 2
                                        

Amelie estava sentada no sofá com um livro em mãos, as pernas esticadas sobre uma almofada, enquanto Chan, aparentemente concentrado no laptop à sua frente, digitava com menos entusiasmo do que o normal

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Amelie estava sentada no sofá com um livro em mãos, as pernas esticadas sobre uma almofada, enquanto Chan, aparentemente concentrado no laptop à sua frente, digitava com menos entusiasmo do que o normal. Embora a atmosfera estivesse calma, algo no ar parecia diferente. Chan estava inquieto.

Nos últimos dias, ele vinha se sentindo ansioso. Não era algo que costumava compartilhar com facilidade, mas aquela inquietação estava relacionada a algo específico que o atormentava: a viagem que planejava para a Austrália. Fazia tempo desde que Chan havia visitado sua família, e agora, mais do que nunca, ele queria voltar para casa — mas, desta vez, havia algo novo no cenário. Ele queria que Amelie fosse com ele.

A ideia de apresentar Amelie à sua família, de mostrá-la ao mundo que o formou, era um pensamento que o enchia de alegria. Mas, ao mesmo tempo, um certo receio o deixava paralisado. E se Amelie não quisesse ir? E se ela achasse a viagem prematura? Ou, pior ainda, e se ela se sentisse pressionada por algo que ele sabia ser tão importante para ele?

Amelie, por outro lado, não percebia o turbilhão de pensamentos de Chan. Ela continuava sendo a mesma garota tranquila e carinhosa que ele conhecera meses atrás. Seus sorrisos, suas risadas e a maneira como ela o olhava só faziam com que Chan se apaixonasse mais e mais. Mas, mesmo assim, aquela insegurança sussurrava em sua cabeça.

Durante o jantar de uma terça-feira qualquer, Amelie estava no meio de uma história animada sobre suas amigas, rindo de algumas situações que haviam acontecido recentemente. Chan ouvia, tentando focar na conversa, mas sua mente se desviava constantemente para o pedido que ele ainda não conseguira fazer.

— Então, a Seoyeon derramou toda a taça de vinho no Junseo. Foi uma bagunça! — Amelie ria ao recontar o episódio, os olhos brilhando com a lembrança. Ela olhou para Chan esperando uma reação, mas tudo o que recebeu foi um sorriso leve e um aceno distraído de cabeça.

Chan, sentado do outro lado da mesa, estava fisicamente ali, mas sua mente estava a quilômetros de distância. Ele mexia distraidamente o garfo no prato, olhos fixos no molho, mas sem realmente ver ou ouvir o que estava acontecendo à sua frente. Seu coração estava acelerado, não por causa da história divertida de Amelie, mas por um peso silencioso que carregava há semanas.

Ele queria tanto contar para ela sobre a viagem, sobre o desejo de apresentá-la à sua família na Austrália. Mas como dizer? As palavras pareciam simples na teoria, mas a insegurança o sufocava. E se ela achasse cedo demais? E se não quisesse ir? O que isso significaria para eles? Essas dúvidas formavam uma tempestade silenciosa dentro dele.

— Chan? — A voz de Amelie o chamou de volta à realidade, mas ele ainda estava imerso demais nos próprios pensamentos para perceber a mudança no tom dela.

— Sim, sim, claro... — Ele respondeu automaticamente, sem ter a menor ideia do que ela havia dito.

— Você nem ouviu, né? — Amelie franziu a testa levemente, sem perder o humor, mas claramente notando que algo não estava certo.

Ele finalmente ergueu os olhos, vendo o olhar questionador dela. Ela estava brincando, mas havia um toque de preocupação. Chan tentou sorrir de forma convincente, mas sabia que não estava conseguindo disfarçar.

— Desculpa, Amy. — Ele murmurou, largando o garfo no prato e esfregando o rosto com as mãos. — Eu... só estou com a cabeça em outro lugar.

— Eu percebi. Quer me contar o que está te preocupando? — Amelie colocou o cotovelo sobre a mesa, descansando o queixo na mão, observando-o com um olhar carinhoso. — Não é comum você se desligar assim.

Chan hesitou. Aquela era a oportunidade perfeita para finalmente falar o que tanto o angustiava, mas a insegurança o prendeu mais uma vez. Ele suspirou, tentando encontrar as palavras, sentindo-se como um adolescente inseguro, o que era estranho para alguém como ele, que normalmente sabia exatamente o que queria.

— É complicado. — Ele disse, evitando o olhar dela por um segundo.

— Pode confiar em mim. — Amelie, percebendo que algo sério estava se passando, estendeu a mão sobre a mesa e segurou a dele com delicadeza. Chan olhou para a mão dela segurando a sua, o toque familiar e reconfortante que ele sempre amava. Ele não queria que ela se preocupasse, mas sabia que estava sendo injusto mantendo isso só para si.

— Eu estava pensando... — Chan começou, mas logo parou, engolindo em seco. Era agora ou nunca. Ele respirou fundo, forçando as palavras a saírem. — Eu estava pensando sobre a viagem para a Austrália.

— Ah, você estava preocupado com isso? — Amelie sorriu suavemente. — Quando vai ser mesmo? Eu sei que você disse que seria daqui a algumas semanas.

— Sim, daqui a algumas semanas. — Chan assentiu, desviando o olhar por um momento. — Mas... na verdade, o que eu queria dizer é que... eu queria que você fosse comigo.

Amelie piscou, surpresa. Ela abriu a boca, mas não disse nada de imediato, tentando processar o que ele havia acabado de dizer.

Eu quero que você conheça minha família. — Chan continuou, as palavras saindo agora de forma apressada, como se ele temesse que, se não dissesse tudo de uma vez, perderia a coragem. — Sei que pode parecer cedo, mas... é algo que eu venho pensando há muito tempo, mas estava com medo de te contar. Não queria te pressionar, mas é importante para mim, Amy.

O silêncio se estendeu por alguns segundos que pareceram uma eternidade para Chan. Ele estava com o coração acelerado, temendo a reação dela, cada segundo aumentando sua ansiedade. Então, de repente, Amelie riu suavemente. Uma risada suave, mas cheia de ternura.

— Você estava preocupado com isso? — Ela perguntou, apertando a mão dele. — Chan... eu ficaria honrada de ir com você! — Sua voz suave e sincera. — Eu só não entendo por que você não me contou antes.

— Eu fiquei com medo de você achar que é cedo demais, ou de você não querer. Eu... eu nunca levei alguém para conhecer minha família antes. — Ele baixou a cabeça, sentindo o peso de sua insegurança.

Amelie ficou em silêncio por um momento, absorvendo suas palavras. Ela nunca havia visto Chan tão vulnerável. A ideia de conhecer sua família era grande, claro, mas não algo que a assustasse. Na verdade, sentia-se honrada por ele confiar tanto nela.

— Amor, eu adoraria ir. Fico feliz que tenha me perguntado. — Amelie olhou para ele por alguns segundos antes de apertar a mão dele de volta.

— Sério? Você quer mesmo? — Chan piscou, surpreso pela resposta rápida e positiva.

— Claro que quero. Estou com você, não estou? Então, conhecer sua família parece o próximo passo natural.

— Eu estava tão nervoso sobre isso. — Ele sentiu o alívio tomar conta de seu corpo e não conseguiu evitar o sorriso largo que se formou em seu rosto. 

— Eu percebi! — Amelie riu, provocando-o. — Mas não precisava se preocupar tanto. Eu vou aonde você for, Chan.

Chan olhou para ela com uma expressão de pura adoração, ainda surpreso pela facilidade com que ela aliviou todos os medos que ele tinha.

— Eu não sei o que fiz para merecer você. — Ele murmurou, puxando-a para um beijo carinhoso.

E pela primeira vez em semanas, Chan sentiu que tudo estava no lugar certo.


𝑶𝑵𝑫𝑬 𝑽𝑶𝑪𝑬̂ 𝑬𝑺𝑻𝑬𝑽𝑬?, 𝘣𝘢𝘯𝘨𝘤𝘩𝘢𝘯Onde histórias criam vida. Descubra agora