Ganhando nossa corrida

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Ganhando nossa corrida

Raquel

Dias depois...

Hoje é dia de campeonato de Motocross.

A Radcsportes oferecia Rapel, Escalada e Trilha. Mas a cada dois meses nós participávamos de um campeonato de Motocross oferecido pela empresa de motos do meu pai. Alguns de nossos clientes, que amavam ainda mais adrenalina, sempre se inscreviam para participar dessas corridas e os dias antes do evento eram bem movimentados aqui na empresa. Tinha até cliente nosso que já deixava a vaga preenchida um mês antes do evento para não a perder.

Zyan e eu sempre participávamos do campeonato e eu até já ganhei algumas de corridas nossas.

— Pronta para comer poeira hoje, Quel? — Zyan perguntou entrando no meu quarto.

Tínhamos essa abertura de sempre estar no quarto um do outro.

— Você que vai comer poeira hoje, Zy. — Falei terminando de fechar o macacão e pegando meu capacete.

— É bom ver que está confiante, pois, assim, será mais divertido ver sua cara quando perder. — Zombou.

— Há, há, há, sou eu quem vai rir da sua, Zyanzinho. — Ele odeia ser chamado assim.

Sorrio da cara feia que ele faz ao ouvir seu apelido.

Dei um soco em seu braço e saí do quarto com ele rindo enquanto me seguia.

— Prontos, garotos? — meu pai perguntou assim que chegamos a sala.

— Eu já nasci pronta, pai. — Joguei meu cabelo para o lado em forma de deboche, o fazendo quase bater no rosto de Zyan que estava ao meu lado, e meu pai e meu tio Ryan, pai de Zyan, deram risadas altas.

— Só você, princesa, só você. — Tio Ryan beijou minha cabeça.

— Ela que vai comer poeira hoje, mas deixem-na pensar que vai ganhar. — disse Zyan, puxando meu cabelo de leve.

— Tio Ryan, eu acredito fielmente que hoje o senhor voltará para casa sem filho. — Zyan me deu língua e nossos pais sorriram.

— Vocês parecem que continuam na pré-adolescência pela forma que implicam um com o outro. — Tia Rana falou vindo me dá um beijo.

— Ele (ela) que começou. — Eu e Zyan falamos juntos.

— Vamos, crianças. — Minha mãe pegou na mão do meu pai e tia Rana na do tio Ryan.

Zyan pegou na minha e saímos da minha casa.

Eu subi na minha moto e Zyan na dele. Meu pai e tio Ryan em suas motos com suas esposas na garupa.

— Te vejo na pista, paçoquinha. — Zyan provocou e acelerou a moto, fazendo o ronco de seu motor chegar aos meus ouvidos e me arrancar risadas.

Liguei a minha e dei partida saindo logo atrás dele, apostando corrida pelas ruas de Floripa. Era domingo e as ruas estavam calmas a despeito do movimento de carros que acontece durante a semana.

Eu amava isso, amava sua amizade e nossos momentos de cumplicidade. Amava sentir o vento bater em meu rosto ao andar de moto e sentir a adrenalina que os esportes radicais que nós realizávamos nos davam.

Eu e Zyan, éramos o complemento um do outro e seria assim para sempre, independente do que nos acontecesse no futuro. Estaríamos sempre juntos.

Alguns minutos depois já estávamos na pista de Motocross do meu pai.

— E aí, Zyan, vai competir hoje? — perguntou Adam ao se aproximar de nós.

— Oi, Adam! É claro que eu vou. Está preparado para comer muita poeira?

— Acredito que é você quem vai comer poeira hoje, hein. — Provocou.

— A Quel disse a mesma coisa. — disse Zyan fingindo tristeza.

— Vai competir, Quel? — Adam me perguntou com um lindo sorriso em seus lábios cheios.

Ele era um homem muito bonito, alto, loiro, corpo musculoso, mas nada muito exagerado. Seus olhos são verdes e ele tem uma boca linda, bem desenhada e com lábios carnudos que dá vontade de beijar em quem olha para ele. Na verdade, todos os amigos de Zyan são lindos. E eu poderia ficar com alguns deles se não fosse tão travada com relação a isso e nem nutrisse a esperança de Zyan me notar como mulher e dizer ser apaixonado por mim.

Bobo, eu sei.

— Vou, sim, Adam. E vou fazer o Zyan comer poeira.

— É isso aí, garota, manda ver e deixa esse moleque metido no chinelo. — Tio Ryan diz me abraçando.

— Vamos parar de conversa e ir para a ação?

Zyan colocou o capacete, pegou a moto e a levou até o início da pista de corrida. Fiz o mesmo.

Nós já tínhamos passado pelo Box e conferido nossas motos. Estava tudo certo e pronto para a corrida.

Parei ao lado dele e dos outros participantes na largada e montei na moto.

— Te vejo na chegada, Zyan. — Gritei colocando o capacete e sorrindo ao ligar a moto e fazer seu motor roncar alto.

— Boa sorte com isso, paçoquinha. — Gritou de volta.

Ele fechou a fivela do capacete e se posicionou a espera da largada. Os minutos foram contados e no final a largada foi dada. Aceleramos praticamente no mesmo tempo e eu saí pela pista de barro a todo gás fazendo manobras e dando pulos ao passar pelas curvar e lombadas.

Mais a frente eu dei uma derrapada, porém, mantive o comando da moto firme e não caí. Vi deixar os outros participantes para trás e vibrei internamente por essa conquista.

Dei alguns pulos e rasteiras que faziam a poeira subir e continuei acelerando. Eu sorria, meu corpo quente pela adrenalina e o coração disparando de emoção.

Continuei acelerando mais e mais e logo vi Zyan quase me ultrapassar. Empinei a moto pegando mais velocidade e o ultrapassei passando por mais uma curva e vencendo a corrida.

Parei a moto no final da chegada e levantei os braços comemorando a vitória. Eu estava suja de barro e poeira, mas não me importei e apenas comemorei minha conquista.

— Eu sou demais, porra. — Vibrei descendo da moto e indo abraçar meus pais e tios.

Joguei-me nos braços do meu pai que me abraçou apertado e me rodou. Meu pai era um cara forte e muito bonito, assim como minha mãe. Eles e meus tios Ryan e Rana são amigos de infância e começaram a namorar ainda muito jovens. Eles estavam no colégio quando cada um fez seu par e se casaram no mesmo dia.

Tia Rana já tinha o Zyan quando se casou com o tio Ryan, após terminar o ensino médio, e minha mãe engravidou um mês depois que se casou com meu pai. Eles ainda são bem jovens e eu sou muito ciumenta com meu pai e já briguei muito com minhas amigas por ficaram secando-o quando elas iam lá na minha casa para fazermos os trabalhos da escola.

— Parabéns, princesa. — Eles me felicitaram.

— Realmente me fez comer poeira, hein, Quel. — Zyan veio até mim e me abraçou apertado me girando no ar.

— Parabéns, paçoquinha. — Ele apertou meu nariz e beijou minha testa.

— Eu disse que eu ia ganhar, Zyan. Chupa essa. — Gargalhei e dei um soco em seu braço, que resmungou dizendo que foi forte demais.

— Essa é minha princesinha — Tio Ryan beijou minha testa e apertou minhas bochechas. Ele fazia isso direto e eu sempre me sentia de volta aos seis anos quando tinha as bochechas bem redondas por ser gordinha.

Após comemorar minha vitória com nossos pais e amigos, nós fomos almoçar em uma churrascaria próxima de onde nós estávamos. Passamos um dia bem divertido e eu, que não sou besta nem nada, zoei muito o Zyan.

Meu melhor amigoOnde histórias criam vida. Descubra agora