𝐀𝐒 𝐒𝐄𝐓𝐄 𝐋𝐔𝐀𝐒| ᵀᵉⁿᵃˢʰᶦ ᴺᵃʳᵃ

Provocações

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━━━━━━ Seguimos pela trilha traiçoeira, o terreno rochoso e irregular tornava cada passo uma batalha contra a gravidade. O sol começava a aquecer o ambiente, e a tensão no grupo era palpável, cada um concentrado em seus pensamentos. Mas, claro, não demorou muito para Inojin começar com suas provocações habituais.

—Você dorme mesmo com aquela carranca no rosto?— ele perguntou, sua voz carregada de sarcasmo. —Achei que fosse uma máscara permanente, mas talvez você só acorde assim.

Revirei os olhos, sem dignar uma resposta imediata. Ele sempre sabia como puxar os piores sentimentos de mim. Mas, claro, Inojin não sabia parar por aí.

—Sabe, Tenashi, achei que você fosse mais leve de manhã... Mas pelo visto, nem o sol consegue derreter esse gelo que você carrega.

A cada palavra, meu sangue fervia mais. Ele fazia isso de propósito, era evidente. Tentando me desestabilizar, me fazer perder o foco. E a pior parte? Funcionava. Porque ele sabia exatamente onde apertar.

—Você acorda cedo só pra isso?—retruquei, a voz carregada de frustração. —Provocações idiotas e comentários inúteis? Porque se não vai contribuir com algo de valor, sugiro que fique quieto.

Inojin deu uma risada baixa, claramente satisfeito por ter conseguido uma resposta.

—Ah, então é isso! O problema é que você gosta da minha companhia, mas não quer admitir. Por isso fica tão nervosa.

Engoli em seco, tentando controlar a raiva que começava a borbulhar. Ele estava forçando a linha, testando os limites da minha paciência. E eu sabia que responder só alimentaria o ego dele, mas era impossível não reagir.

—Eu prefiro a companhia de uma rocha inerte do que de você, Inojin.

Shikadai, que caminhava ao nosso lado em silêncio, franziu o cenho. Ele tinha um jeito observador e tranquilo, mas algo nas farpas que trocávamos chamou sua atenção. Era como se ele estivesse começando a perceber que havia algo a mais, embora sua expressão permanecesse ambígua. Será que era apenas uma leve suspeita... ou ciúmes de irmão?

—Vocês dois não vão parar de brigar, não?— ele finalmente disse, com aquele tom exasperado, típico de quem já estava cansado. —Ou tem algo que vocês estão querendo dizer um para o outro e não sabem como?

Senti minhas bochechas queimarem por um breve momento, mas rapidamente me controlei. Não, não tinha nada a dizer, e com certeza não era o que ele estava insinuando. Inojin, por outro lado, aproveitou a deixa, com um sorriso travesso.

—Shikadai, acho que você está no caminho certo. Talvez a Tenashi já esteja guardando algo pra mim, só não sabe como expressar.

Eu parei, encarando-o com uma frieza que poderia congelar o próprio deserto.

—O único ‘algo’ que eu tenho pra você é um aviso: fique no seu lugar, ou você vai se arrepender, seu branquelo azedo!

Inojin me olhou de cima a baixo com o apelido e revirou os olhos, quem ficou com raiva agora ein?

Shikadai observava a troca com os olhos semicerrados, mas não disse nada. Apenas deu de ombros e seguiu em frente, mantendo seu habitual ar de indiferença, mas algo em seu olhar me fez pensar que ele estava avaliando a situação mais do que deixava transparecer.

Cho Cho, mastigando suas batatinhas em silêncio, finalmente interrompeu a tensão.

—Vocês dois são um pé no saco, sabiam? Eu juro que a trilha já é traiçoeira o bastante sem essa briguinha infantil.