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A manhã estava envolta num manto de neblina que se arrastava sobre o pátio da escola como um presságio.

Noah não gostava daquele tipo de clima. Dava-lhe uma sensação de peso nos ombros, como se o ar estivesse saturado de segredos por descobrir.

As luzes fluorescentes da sala de aula tremeluziam fracamente enquanto a turma se acomodava nos seus lugares, as conversas animadas enchendo o ambiente com o habitual burburinho das primeiras horas da manhã.

Noah já estava sentado no fundo da sala, observando as interações à sua volta, quando a porta se abriu com um estrondo incomum.

O som das vozes diminuiu instantaneamente, e todos se voltaram para a entrada.

A professora, entrou acompanhada pelo diretor, o sempre austero senhor direitor. A tensão era palpável.

Algo estava errado.

"Bom dia, turma", começou a professora, a voz firme, mas carregada de um tom sombrio que não passava despercebido.

O senhor direitor permaneceu à sua direita, de braços cruzados, com uma expressão severa.

"Hoje não vamos começar a aula como de costume", continuou ela, endireitando-se.

O murmúrio que ainda restava entre os alunos cessou por completo.

O diretor deu um passo em frente e, com o seu tom autoritário, disse: "Aconteceu algo grave na nossa escola."

Os alunos trocaram olhares inquietos. Noah endireitou-se na cadeira, os olhos saltando de rosto em rosto, tentando captar qualquer reação que revelasse mais sobre o que estava por vir.

No entanto, foi apenas Ema quem lhe chamou a atenção, como acontecia quase sempre.

Ema estava sentada no seu canto habitual, perto da janela, isolada do resto da turma.

Com a cabeça baixa e os ombros encolhidos, parecia alheia ao que se passava.

Usava, como de costume, roupas pretas. Mas hoje, algo sobressaiu aos olhos de Noah.

Uma mancha avermelhada na perna esquerda das calças.

O seu coração bateu um pouco mais rápido.

Algo não estava certo.

Enquanto Noah tentava processar o que tinha acabado de reparar, o diretor continuou: "Nos últimos dias, houve relatos de objetos desaparecidos.

Não só pertences dos alunos, mas também documentos importantes relacionados com a escola foram roubados.

As nossas investigações estão em curso, mas precisamos da vossa colaboração."

Um murmúrio de surpresa ecoou pela sala.

O rumor sobre os roubos já circulava entre os corredores, mas ninguém tinha levado a sério.

Quem se atreveria a roubar da própria escola? E porquê documentos?

"Documentos?", perguntou em voz alta uma das alunas da frente, Sofia, uma rapariga que nunca tinha medo de expor as suas dúvidas.

"Que tipo de documentos?"

O diretor olhou para a turma com um ar de reprovação, como se cada aluno fosse igualmente suspeito.

"Informações sensíveis sobre a gestão da escola, registos financeiros, relatórios de avaliação.

Este tipo de material. E a verdade é que estamos a tratar isto como uma questão muito séria."

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