E no fim eu me pareço de mais com você, mesmo nas coisas que eu não quero me parecer, eu olho no espelho cansada, e vejo as coisas que mais detesto em você em mi. Quando foi que eu comecei a me tornar uma versão mais nova de você, pai?
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Arthur acordou, ainda sozinho no seu quarto, estirado na cama, mas com um sorriso de orelha a orelha no rosto. Abraçou Jennifer, beijou-lhe com afeto, se vestiu enquanto cantarolava, nem queixou-se do calor, não queixou-se de acordar cedo, radiante, bem vestido, perfumado e de barba feita, foi a cozinha, abraçou a mãe, lhe beijando a testa com carinho enquanto ainda cantava, dessa vez junto com ela.
- Bom dia, mãezinha!- Torpedeou as bochechas da senhora com beijos e a ouviu rindo.- O dia tá lindo, não acha?- Abriu a porta da geladeira, pegando os frios e a manteiga, pondo-os em cima da mesa, buscando o pão, cortando e o recheando.
- Bom humor...- Ivete deu uma risadinha.- Dormiu fora...- Cutucou ele com o cotovelo e Arthur riu.- Transou foi?
- Mãezinha, não posso só ter dormido bem? Que ideia pejorativa é essa sobre a minha imagem?
- Pia, te conheço desde o útero, com todo respeito meu filho, mas você gosta de homem, bebida e cigarro.- Sorriu e Arthur meio sem graça, riu.- Ele volta quando?
- Ninguém vai voltar não mãe, não sei do que você tá falando.- Bebeu um gole de café.
- Vou fazer bolinho de cenoura pra ele.- Riram.
Mãe e filho se sentaram a mesa e como de praxe, dividiam um chimarrão, bom, isso até a atenção deles ser presa na terceira pessoa da casa levantando.
Agatha, já arrumada, saiu do seu quarto, mau humorada como sempre, ia falar com Ivete, mas travou no corredor, vendo Arthur sentado a mesa. Bufou, deu meia volta nos calcanhares e foi voltando pra dentro.
- Agatha.- Arthur a chamou, firme, sem meia palavra, a voz dele ecoando tão claramente pela casa que tinha certeza que os vizinhos tinham ouvido.- Vem tomar café.
E a porta do quarto bateu tão sonoramente, se não até mais, que a voz de Arthur, que precisou respirar fundo.- Adolescente é foda.- Murmurou Ivete.- Menina tá sem educação nenhuma com você.
- O que eu faço? Tem duas semanas que as coisas tão assim.- Ivete deu de ombros.
- A filha é tua, não vou me meter nisso.- Encarou a cuia do chimarrão em mãos, pensativo de mais. Os olhos se voltaram ao corredor e então Arthur estava de pé. Chega daquilo, ele não tinha feito nada de errado para aquilo.- Boa sorte.- Murmurou Ivete.
Arthur bateu na porta do quarto da filha, mas não obteve nenhuma resposta, pensou em dar meia volta, mas sinceramente? Tinha perdido a paciência, tinha se aborrecido, se chateado de mais com aquela situação. Abriu a porta.- Chega disso Agatha, faz duas semanas que tá nessa, o que eu fiz pra você ficar tão brava comigo?
- Sai.
- Não.
- Sai!
Arthur se escorou na parede, olhando no fundo dos olhos da filha.- Não.
- Vai se foder, me deixa em paz!
- Porra, me diz alguma coisa! Por que você é sempre tão madura pra outras coisas e pra isso tá agindo que nem criança?!
- Eu não sou criança, Arthur!- Agatha se levantou.- Você não tem o direito de vir aqui exigir alguma coisa de mim, não depois do que você fez.
- Eu tenho todo o direito de vir aqui, eu sou a porra do seu pai!- Agatha desviou os olhos do dele, um sorriso amargo no rosto.- Eu tô há semanas tentando entender essa porra, eu tô há semanas tentando sentar e conversar com você, e você tá agindo como se eu fosse um fantasma dentro de casa, por que? O que eu fiz?
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alinhamento milenar - Danthur
Fiksi Penggemar"O que existe além do que já foi dito sobre o amor?" Para Dante, Arthur sempre foi a representação mais bela, singular e pura dele, aquele homem que esteve para si em momentos corriqueiros, ou nos mais difíceis, o consolando com seus abraços apertad...