003| 𝐔𝐧𝐢𝐟𝐨𝐫𝐦𝐞?

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ERA um novo dia no convento, e Blair caminhava pelos corredores em silêncio, os pensamentos ainda vagando sobre o estranho encontro com o padre Nicholas no dia anterior. O conteúdo das sacolas e a tranquilidade do padre a intrigavam, mas ela decidiu não questionar demais. Afinal, todos ali pareciam seguir regras implícitas, mesmo que algumas coisas não fizessem sentido de imediato.

Enquanto caminhava em direção à cozinha para ajudar com as tarefas do dia, ouviu a voz grave do padre Nicholas chamando-a: ━ Irmã Blair, poderia vir até aqui por um momento?

Ela parou, hesitando por um segundo, mas se virou e o viu parado no final do corredor, com um sorriso gentil. ━ Sim, padre? ━ respondeu, aproximando-se dele.

━ Gostaria que me acompanhasse até minha sala. Temos alguns assuntos para resolver sobre suas responsabilidades aqui no convento ━ disse ele calmamente, gesticulando para que ela o seguisse.

Blair sentiu um aperto no peito. A lembrança dos objetos nas sacolas voltou à sua mente, mas ela acenou com a cabeça, seguindo o padre pelos corredores silenciosos. Ao chegar à sala dele, uma pequena e simples sala de estudos, Nicholas abriu a porta e indicou para que ela entrasse.

━Entre, irmã Blair. Fique à vontade ━ disse ele, fechando a porta atrás deles.

A sala era minimamente decorada, com uma grande mesa de madeira no centro, algumas cadeiras, e estantes cheias de livros religiosos. O ambiente parecia tranquilo, mas havia algo no silêncio que a fazia se sentir desconfortável. Blair ficou de pé perto da porta, aguardando que ele dissesse o que queria.

Nicholas caminhou até a mesa, onde alguns objetos estavam dispostos: produtos de limpeza, panos e um uniforme simples e modesto. Ele olhou para ela com um semblante sério, mas ainda sorridente.

━ Blair, como nova irmã do convento, você terá algumas responsabilidades que precisam ser seguidas com rigor. A disciplina é um pilar de nossa vida aqui, e parte do seu dever será ajudar com a limpeza de alguns espaços. ━

Ele entregou os materiais de limpeza a ela e continuou: ━ Esses serão seus instrumentos de trabalho. Quero que você, a partir de agora, cuide da limpeza da minha sala e de alguns outros cômodos que lhe indicarei. No entanto ━ disse, sua voz ficando mais séria, ━ só poderá limpar a minha sala quando eu lhe der permissão.

Blair franziu a testa, intrigada com a especificidade do pedido. ━ Somente quando o senhor pedir?"

━ Exatamente. Esta sala é um espaço privado, e só será acessada por você com minha autorização expressa. Se, por qualquer motivo, entrar aqui sem minha permissão, terei que impor uma punição. Isso faz parte da nossa disciplina. Está claro para você?

Blair sentiu um leve desconforto com o tom dele, mas acenou com a cabeça, segurando os materiais de limpeza com firmeza. ━Sim, padre. Entendi.

━ Ótimo ━ disse ele, sorrindo novamente, desta vez com uma satisfação estranha. ━ Pode ir agora. E lembre-se, eu lhe chamarei quando for o momento certo para limpar esta sala.

Blair vestiu o uniforme simples que ele lhe deu e saiu da sala, tentando afastar a sensação incômoda que crescia dentro de si.

Blair pegou o uniforme das mãos do padre Nicholas, e enquanto o segurava, algo nela não parecia certo. O tecido era simples, mas havia algo que a deixava desconfortável. Ao tocar o pano, percebeu que ele parecia mais leve e revelador do que os uniformes que as outras irmãs usavam para as tarefas diárias.

Quando finalmente vestiu o uniforme, sentiu um desconforto ainda maior. Apesar de não ser propriamente curto, o corte parecia justo demais, quase vulgar, contrastando com a modéstia que era tão rigorosamente exigida dentro do convento. Ela estranhou o fato de ser diferente dos trajes que as outras usavam, mas não disse nada. O padre Nicholas continuava a observá-la com seu sorriso habitual, aparentemente satisfeito com a escolha do uniforme.

Ela quis perguntar por que o uniforme era daquele jeito, mas as palavras ficaram presas na garganta. Em vez disso, apenas agradeceu e apressou-se em sair da sala, segurando os materiais de limpeza com uma ansiedade crescente.

Enquanto caminhava pelos corredores, as palavras do padre ecoavam em sua mente: "Somente quando eu pedir. Caso contrário, haverá punição." Havia algo de perturbador naquela ordem, mas, mais uma vez, ela decidiu não questionar. Contudo, a sensação de estranheza aumentava a cada passo que dava, como se estivesse entrando em um terreno desconhecido e perigoso.

𝕲𝖗𝖔𝖙𝖊𝖘𝖖𝖚𝖊𝖗𝖎𝖊, Nicholas Alexander Chavez.Onde histórias criam vida. Descubra agora