009| 𝔉𝔞𝔩𝔢 𝔪𝔞𝔦𝔰

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BLAIR organizou-se para as novas tarefas que o havia lhe passado. Ele pediu que ela limpasse as janelas dos escritórios adjacentes, organizasse os arquivos e arrumasse o pequeno refeitório onde as irmãs se reuniam para as refeições. As tarefas eram simples, mas ocupavam bastante tempo e, por algum motivo, a faziam sentir-se mais próxima do cotidiano do convento.

Ao entrar na sala do padre Nicholas, sentiu uma leveza no ambiente, mas também uma tensão, como se algo estivesse prestes a acontecer. Nicholas estava sentado à mesa, revisando alguns documentos, e ao notar a presença de Blair, ele sorriu, seu olhar profundo penetrando a alma dela.

— Ah, Blair, que bom vê-la aqui. Como estão as coisas para você até agora? — perguntou ele, puxando assunto enquanto continuava a trabalhar.

Blair hesitou por um momento, a voz dela saindo um pouco hesitante.

— Bem... Eu estou me acostumando. As tarefas são boas, e eu... — ela começou, mas logo se sentiu nervosa, a presença imponente do padre quase a intimidando. — Eu realmente gosto de ajudar as irmãs.

— Fico feliz em ouvir isso. E como está sua vida fora do convento? Tem algo que sente falta? — O padre estava genuinamente interessado, seus olhos não desviando do rosto dela.

No entanto, antes que ela pudesse responder, Nicholas, distraído com um copo de café que havia acabado de servir, moveu a mão de forma desajeitada e acabou derramando a bebida sobre si mesmo. A batina branca ficou manchada de café, e ele soltou um palavrão baixo.

— Ah, não! Isso não é bom! — ele exclamou, levantando-se rapidamente para ir ao armário em busca de outra batina.

Blair não pôde deixar de rir da situação, mas logo percebeu que estava prestando atenção demais em como o padre se movia. Ele abriu o armário, pegando uma batina nova e, sem pensar duas vezes, começou a tirar a que estava suja ali mesmo na sala.

Ela ficou paralisada por um momento, os olhos arregalados. A cena a deixou sem palavras; nunca havia visto um homem se despindo assim à sua frente. A batina caiu ao chão, e Nicholas, completamente à vontade, não parecia se importar com a presença dela. O que a deixou mais confusa foi a forma como ele se sentiu confortável o suficiente para agir daquela maneira.

— Não pare, continue falando — disse ele, com um tom de voz suave, enquanto se vestia novamente.

Blair se sentiu um tanto quanto envergonhada, mas obedeceu. Ao falar, sua voz estava baixa, gaguejando enquanto tentava encontrar as palavras certas.

— Eu... Eu sinto falta de... do sol, sabe? E... e dos meus amigos. — Ela olhava para as costas dele, que eram musculosas e bem definidas, e não conseguia evitar a distração. Era uma visão estranha e hipnotizante ao mesmo tempo.

Os braços do padre, cheios de veias que se destacavam sob a pele, a atraíam de maneira quase inexplicável. Cada movimento que ele fazia parecia revelar um pouco mais de seu corpo escultural, e Blair se pegou desviando o olhar, lutando para manter o foco na conversa. Era como se um magnetismo a atraísse, mas ela sabia que precisava se controlar.

— Sinto que você tem uma vida interessante, Blair. Acredito que todos têm histórias a contar. O que você gosta de fazer fora do convento? — Ele se virou para ela, os olhos brilhando com curiosidade.

A pergunta a fez sentir-se mais confortável, mesmo que sua mente ainda estivesse confusa com a imagem dele se despindo. Com um esforço, Blair começou a falar sobre sua vida anterior, seus hobbies, e como ela costumava passar os dias livres. A conversa fluiu um pouco mais facilmente agora, apesar da distração constante que ele proporcionava.

— Eu costumava fazer jardinagem com minha mãe, e adorava... — ela dizia, mas logo parou de falar, sua atenção desviada novamente para a maneira como ele ajeitava a nova batina.

Nicholas pareceu notar sua distração, e um sorriso divertido apareceu em seu rosto.

— Você se perde em seus pensamentos, não é? É natural, Blair. Às vezes, as distrações são uma parte do processo. Apenas lembre-se de que estou aqui para ouvir você. O que mais gostaria de compartilhar?

Ele a encorajou, e ela percebeu que precisava voltar ao foco. O coração dela batia mais rápido, mas conseguiu articular algumas palavras a mais sobre o que a movia e como os dias no convento a estavam mudando.

Enquanto falava, a atmosfera na sala parecia mudar lentamente. Havia um toque de intimidade que antes não existia, um laço sendo forjado entre os dois. Mesmo assim, Blair se sentia um pouco dividida, entre a curiosidade pelo padre e as regras que pareciam tão rígidas.

A conversa continuou por um tempo, com Blair finalmente se sentindo mais à vontade ao compartilhar aspectos de sua vida. No fundo, no entanto, ela sabia que precisava descobrir o que estava acontecendo no convento, e essa curiosidade a acompanhava, como uma sombra.

E assim, enquanto a conversa se desenrolava, ela se sentia cada vez mais intrigada por Nicholas, mas a necessidade de desvendar os mistérios ao redor dele e do convento crescia a cada dia.

𝕲𝖗𝖔𝖙𝖊𝖘𝖖𝖚𝖊𝖗𝖎𝖊, Nicholas Alexander Chavez.Onde histórias criam vida. Descubra agora