Prim seguiu o fluxo entre os Clareanos tão curiosos quanto ela até a grande caixa metálica, buscando cortar caminho. Newt estava pálido, confuso, olhando para cima enquanto segurava um pequeno pedaço de papel. Quando direcionou as orbes azuladas para baixo, se espantou com a figura feminina desacordada. Por um segundo, achou que eram parecidas fisicamente: fios negros, pele clara, bochechas coradas. Não que aquilo fosse ruim, mas uma angústia esvaiu no peito da primeira garota daquele lugar. Era medo de perder o posto de única trolha da Clareira ou ciúmes por ter que dividir toda a atenção que recebia por ser, até minutos atrás, a número um?
— É uma menina. — Newt ditou enquanto abria o pedaço de papel. — É a última. Pra sempre.
Todos esboçaram a mesma feição: medo. Suas bocas estavam entreabertas, como se aquilo fosse chocante demais para mudar suas rotinas.
— Então a Prim não é mais a única garota da clareira. — Gally resmungou enquanto cruzava os braços. — Ela estar aqui já era estranho, agora outra?
— São idênticas... — Thomas cortou Gally com suas palavras que até pareciam uma tiragem com os pensamentos de Prim.
— Fala sério, não tem nada a ver. — Primrose revirou os olhos e saiu do meio da multidão enquanto os rapazes tentavam tirar a garota de dentro do elevador enferrujado. Minho a seguiu, esbarrando em alguns trolhos curiosos.
— Ei, ficou chateada?
— Não confio nela.
Minho arqueou a sobrancelha e segurou seu braço.
— Está com raiva por não ser mais a única garota aqui?
— Eu simplesmente não confio nessa menina. Ela é estranha, tem algo que grita dentro de mim que ela não é confiável e eu vou provar.
— Prim... não seja impulsiva. Muitos aqui não confiavam em você também e agora você provou ser confiável.
— Mas eu não cheguei com um bilhete em mãos alegando ser a última. Você não tá achando isso estranho demais?
— Pode ser, mas... — O asiático apertou os olhos e bateu o pé no chão. — Não temos como saber.
— Essa menina vai ferrar conosco, seu plong! Por que não acredita em mim?
— Você só tá supondo algo que acha que pode acontecer.
— Minho, você precisa confiar em mim.
Por um momento, o rapaz olhou para a grama e resmungou, deixando o ar quente escapar de sua boca carnuda. Em um mordiscar de lábios, assentiu com a cabeça, redirecionando os olhos escuros para a face preocupada de Prim.
— Prove, mas prove rápido, não temos tempo a perder.
— Obrigada... eu sei que estou certa. Vocês não podem se cegar nesse momento.
Minho seguiu pequenos passos até estar, finalmente, perto o suficiente da acastanhada para ouvir sua respiração sôfrega. Sua expressão permanecia um tanto neutra, embora uma sugestão de sorriso tênue aparecesse por um breve momento. As mãos grandes trilhavam caminhos entre a cintura curvilínea doutra e seu quadril apertado pela calça justa. Ele ficou impressionado com sua necessidade primordial de fazer dela a sua garota, mesmo que diante de tantos desafios e questionamentos destrutíveis daquele labirinto.
— Sinto que vou me arrepender de te tornar uma corredora. — Esboçou Minho em uma feição entristecida.
— Por que? É tudo o que eu sempre quis desde que cheguei aqui.
O asiático não resistiu, então tomou os lábios rechonchudos da menina em um selar magoado, com o coração em mãos. Suas testas agora estavam grudadas e os peitos, ofegantes, subindo e descendo na mesma proporção.
— Eu não posso te perder, Prim.
— Isso não vai aconte...
— Ela acordou e tá chamando por você, Primrose. — Uma voz masculina, desanimada e cabisbaixa, ecoou pelo ambiente. Thomas estava parado, longe, com os braços cruzados, e suas linhas de expressão não pareciam as melhores.
— Por mim?
— Seu nome não é Primrose?
— Como ela sabe meu nome? Quem é essa fedelha?
A garota jogou os fios longos de cabelo para trás e caminhou irritada até a enfermaria, contendo todos os nervos para não acabar voando em cima da trolha que acabara de chegar. Como sabia seu nome? O que ela fazia ali? Por que a última? Nada daquilo fazia sentido na cabeça de Prim. Minho e Thomas, estranhando um ao outro, seguiram a morena até a cabana de cuidados improvisada, buscando conte-la de quaisquer atitudes que poderia tomar em um impulso.
— QUEM É VOCÊ, FALA! — Ela escancarou a porta da enfermaria e agarrou a gola suja da camiseta da nova clareana, que arregalou os olhos com aquele ato. — FALA! ABRE O BICO.
— Meu nome é... Teresa. — A novata engoliu seco, fugindo com os olhos azulados, assim como os de Prim, para Thomas, como se estivesse implorando por socorro.
— Não adianta olhar pro Thomas, quem tá falando com você sou eu. — Prim soltou a gola abarrotada da blusa de Teresa e passou as mãos nos próprios fios de cabelo, pensativa. — De onde você me conhece?
— Eu... eu não sei, eu só lembro de você e do seu nome.
— Coagindo a novata, Prim? — Newt adentrou ao pequeno espaço da cabana segurando uma pá suja de terra, apoiando-se na parede bamba de madeira.
— Essa plong tá falando que me conhece. — O loiro franziu o cenho, confuso com a afirmação da acastanhada, que ainda encarava Teresa. — Escuta, trolha, eu não confio em você. Não tenta bancar a espertinha pra cima de mim, esse território é meu. Se eu descobrir que você tá armando contra qualquer um aqui, você tá morta. Quero ela no amansador essa noite. — As últimas palavras foram direcionadas para Newt, que entreabriu a boca surpreso com o pedido.
— Amansador...? Isso é loucura! — Thomas indagou em discordância.
— Façam o que ela disse. — Newt deu o aval enquanto assistia Prim com seus olhos profundamente castanhos, tentando confiar em sua intuição aguçada.
— O que é um amansador? — Teresa ousou questionar, construindo uma feição falsamente confusa no rosto magro.
— Sua nova casa por uma noite. — Primrose riu, deixando a enfermaria.
Capítulo curtinho só pra avisar que essa semana tem mais e que não esqueci de vocês! ♡︎
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𝐑𝐄𝐕𝐄𝐍𝐆𝐄 | The Maze Runner (GRAPHICS EM REFORMA)
Fanficㅤㅤ ㅤㅤ ㅤㅤ ㅤㅤ 「 𝗥𝗘𝗩𝗘𝗡𝗚𝗘 」 ㅤㅤ ㅤㅤ ㅤㅤ ㅤㅤ © lovelyclwb ㅤㅤ 𝐄𝐌 𝐔𝐌 𝐌𝐔𝐍𝐃𝐎 𝐃𝐈𝐒𝐓𝐎́𝐏𝐈𝐂𝐎 𝐎𝐍𝐃𝐄 ──── Prim foi a primeira garota a ser levada para a Clareira...