A Carta

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Ariel


Hmm... Não, não está bom assim... Espera... Isso! Awn, será que eu deveria colocar meu coração em cada letra cursiva? Acho que já está bom de corações aqui. Oh, sim, nós vamos... Dormir juntinhos, assistir desenhos, comer pipoca, andar de mãos dadas e... Sim! Está pronto!

– Isso! – Dobro a folha, borrifo um pouco de perfume e guardo num envelope azul que levei horas para fazer.

– Cara, o que cê tá fazendo? – Os olhos do meu amigo Gael se direcionam para a minha carta.

– Fazendo uma carta declarando todo o meu amor ao meu futuro namorado. – Respondo como se fosse óbvio. Gael e Andrew são meus colegas mais próximos; são incríveis, mas são terrivelmente curiosos! Sempre estão de olho no que eu estou fazendo.

– O quê? Quem é? – Andrew aparece atrás de mim, tentando espiar por cima do meu ombro.

– Não interessa, idiotas! – Respondo com rispidez.

– Essa carta nem tem destinatário, né? – O ruivo idiota ri. A existência do Gael é tão desnecessária às vezes...

– Não, ainda não tem. Ah, me deixa! Qual é o problema em sonhar? – Coloco o pequeno e perfumado envelope azul na minha pasta. – Eu gosto de escrever... – Completo, meio triste.

– E se você... Hm... – Drew me observa pensativo. – Se você só colocasse essa carta na mesa de alguém aleatório? – Ouço Gael gargalhar.

– Ha ha! Muito engraçado. – Reviro os olhos. Eu só tô carente, poxa.

– Não, é sério! Você pode colocar em cima da mesa de alguém da turma C. Lá não tem tanta gente, e a maioria são garotos mais velhos. Eles são gente boa até. – Drew realmente conhece bastante gente dessa turma; o irmão mais velho dele estuda lá. A ideia me anima um pouco, uma dose de adrenalina não faz mal, né?

– Eu aposto cinquenta dólares que você não consegue. – Olho sério para Gael, enquanto o sinal do intervalo toca.

– Okay, vamos lá. – Tiro o envelope da pasta novamente e coloco no bolso. O que pode dar errado? – Mas, se eu conseguir, quero meus cinquenta dólares. – Preciso do dinheiro para comprar sorvete, caso eu saia desamparado.

– Espera, você tá falando sério? – Drew vem atrás de mim, incrédulo. – Eu tava só brincando.

– Shhh! Não desmotive ele! Eu realmente quero ver no que isso vai dar. Vá em frente e brilhe, Ariel. Vai dar tudo certo. – Que falso! Só quero ver se ele vai me pagar os cinquenta dólares agora.

Sinto meu coração acelerar a cada passo. O fluxo de pessoas finalmente diminui, e eu vou de fininho até a turma C. Andrew entra sorrateiramente comigo, e vejo muitos pertences e mochilas diferentes. Quem será o sortudo que vai receber a carta?

Tudo bem, tudo bem... Respiro fundo. Talvez essa seja minha chance de conseguir alguém legal. Eu não sou tão ruim assim. Posso não ser muito inteligente, mas tenho estatura baixa, meu corpo é meio magro, meu cabelo é bagunçado... Que desgraça, nem na beleza eu me garanto.

– Ah, cara, acho que não vou fazer isso não... – Recuo um pouco, com as bochechas coradas. Nunca me declarei para alguém antes. – Hm... Mas só se vive uma vez... – Dou um sorriso maroto, e Drew dá de ombros.

Coloco a carta em uma mesa no canto da parede, no centro, perto da janela, e saio correndo em direção à porta. É isso, agora não tem mais volta.

– VOCÊ FEZ ISSO MESMO? VOCÊ É LOUCO! HAHA – Gael olha pra mim, e agora estou com o rosto meio sério. Talvez eu não devesse ter feito isso... Enfim, vira uma história para contar.

– Agora já foi. Tomara que seja um cara legal. Já pensou se você consegue um namorado bonitão?

– Parem de me iludir! O máximo que vai acontecer vai ser uma bela ignorada e uns rumores. – Okay, okay, talvez eu esteja mentindo. Eu realmente tenho a expectativa de conseguir alguém legal... Mas, se não acontecer, tudo bem. Eu tenho meu travesseiro e minha mão para me consolarem.

– Agora é só esperar uma mensagem de volta...

– Uh, espera, que mensagem?

– Você não colocou seu número de telefone na carta? – Oh não!


– ...

– Mano, você as vezes é muito burro.

– Sim... – Abaixo tristemente a cabeça, como eu não pensei nisto?

Yes, I can be your little boy - Spankingfic -Onde histórias criam vida. Descubra agora