Fotos e constrangimento

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Que merda, o céu já está escurecendo de novo! Vai começar a chover.

Apresso o passo e chego ao apartamento antes de me molhar muito. Subo de elevador até meu andar e, assim que entro, sou recebido por um aroma agradável de chá. Mamãe deve ter preparado.

– Ariel! Que bom que você chegou, filho. Não se esqueça de tirar o tênis antes de entrar – ela grita de longe. E claro, ela detesta qualquer marca de sujeira no chão imaculado dela.

Tiro os tênis e os deixo num canto, entro na cozinha enquanto me espreguiço, mas não a vejo lá. Desligo o bule de chá, sirvo uma caneca para mim e adiciono um cubo de açúcar. Vou para a sala com a caneca em mãos e quase derrubo tudo ao ver a cena na minha frente: minha mãe e meu namorado no sofá, folheando um álbum de fotos antigo.

– MÃE! MAS O QUE--

– Ah! Oi, querido! – Timmy me olha com as bochechas coradas e algumas fotos no colo.

– Filho! Desculpe, eu não resisti. Tive que convidar seu namorado para um chá enquanto vejo umas recordações – ela diz com um sorriso. É a cara dela fazer isso. Que vergonha!

– Timmy, você não precisava se incomodar – resmungo, colocando minha caneca na mesa para evitar um acidente. Ele apenas sorri.

– Não é incômodo nenhum, eu agradeço a recepção... de novo – ele diz, visivelmente sem qualquer arrependimento.

– Timmy, querido, já disse que a casa é sua também. Sua presença é sempre bem-vinda – minha mãe responde, toda amável. – Ariel, por que não vai buscar umas xícaras na cozinha?

Cerro os lábios e vou até a cozinha pisando duro, mas resolvo não criar uma cena na frente do Timmy. Pego uma bandeja com xícaras e volto para a sala, e minha mãe já serve chá para ele, que agradece com um "obrigado" bem educado.

– Sente-se com a gente, Ariel! – Timmy dá batidinhas no espaço ao lado dele no sofá. Eu me sento, um tanto contrariado.

– Olha, nessa foto o Ariel estava se divertindo tanto na areia... Ficou todo sujo! – Minha mãe sorri, entregando a foto para Timmy, que me puxa pelo braço.

– Awn... Que gracinha! – Ele sorri para a foto, e eu reviro os olhos.

– Ah, mãe! Para com isso... – resmungo, envergonhado.

– Deixa disso, Ariel! Não tem nada de mais em ver umas fotos suas de pequeno – ela diz, folheando mais o álbum. – Olha essa, quando ele tinha cinco anos... Amava tomar banho de mangueira!

Meus olhos se arregalam ao ver o conteúdo da foto. EU ESTAVA PELADO!

– MÃE, QUE VERGONHA! – Tento pegar a foto, mas Timmy segura minha mão, ainda sorrindo.

– Aww! Como você era fofinho, Ariel! – ele ri, olhando a foto mais de perto. – Senhora Lívia, eu posso ficar com uma dessas fotos?

O QUÊ!?

– Claro que pode! Fique à vontade para escolher! – Eu queria desaparecer...

Enquanto eles tomam chá e conversam sobre minha infância, fico com o rosto enterrado nas mãos, só saindo quando sou chamado: “Olha essa, Ariel!”, “Você lembra desse dia, amor?”, “Olha que gracinha!”. Pareciam duas senhoras de idade. Ugh!

– Ah, quase me esqueci. Ariel te comunicou que vai passar a noite na minha casa amanhã? – Timmy pergunta de repente, me lembrando do plano que eu tinha quase esquecido.

– Ah, Ariel não vem me contado as coisas como antes...

– Mamãe!!

– Entendo, coisa de jovens... Mas posso levar ele amanhã? – Ele pergunta num tom doce, aquele que não dá para dizer "não"

– Claro, querido! Só vou lembrar ele de uns bons modos antes disso – ela ri, guardando o álbum, enquanto eu abaixo a cabeça, corado. – Ariel, você está molhado? Por que não foi se trocar?

– Eu... hã...

– Vai logo, menino! – ela me interrompe, e vou para o quarto, sem ter muita opção.

Oh Deus, eu só peço que nunca mais passe por uma situação dessas, por favor...

Troco de roupa e volto para a sala, onde eles já estão na porta se despedindo.

– Tem certeza que não quer ficar para o jantar, querido? – ela pergunta a Timmy pela milésima vez.

– Tenho sim, dona Lívia. Sinto muito, mas preciso arrumar algumas coisas em casa – ele sorri e olha para mim. – Ariel? – Ele me chama.

– Hãnn...

– Ariel, seja um bom rapaz e acompanhe seu namorado até a recepção – minha mãe ordena. Deus, porque todo mundo me trata igual criança!?

– Vamos, Timmy – resmungo, indo para o lado dele, que parece achar a situação engraçada.

– Até a próxima, dona Lívia! – ele se despede, apertando a mão dela, que o acolhe com um grande sorriso.

Finalmente, quando entramos no elevador, não consigo esconder a carranca. Ele percebe meu desconforto.

– Ariel, está tudo bem? – ele pergunta, preocupado.

– Aham.

– Tem certeza?

– Sim.

– Não está chateado por eu ter visto suas fotos de garotinho, está?

– Não, já disse que estou bem! – resmungo, mas ele me prende contra a parede do elevador, me pegando de surpresa.

– Então mostra que realmente está bem. – ele diz, se aproximando mais.

Claro, justo agora ele resolve... que inferno.

– Anthony me contou que você não comeu o almoço todo... – ele sussurra ao pé do meu ouvido. Ah, então o nome do engraçadinho é Anthony? – Parece que aquele castigo não foi o suficiente.

– N-não! Eh, foi que eu... uh... – A tensão no ar é finalmente cortada quando as portas do elevador se abrem, revelando a recepção.

Nós dois saímos de lá como se nada houvesse acontecido. Sinto a palma das minhas mãos suarem. COMO ASSIM "AQUELE CASTIGO" NÃO FOI O SUFICIENTE?

Será que ele quer que eu passe a noite na casa dele só para me punir!? Não! Eu não quero apanhar!

– Tchauzinho, baby! Estou ansioso para amanhã... – Deus, talvez eu nem tanto.

– Tchau... – Ele me abraça e me beija na bochecha.

– O que você tem? Parece triste. – Ele pergunta sem me soltar de seus braços.

– Hm... Nada, eu só fiquei com vergonha. – Ele solta uma risada nasal e simplesmente MORDE minha orelha.

– Auu!!

– Você devia dar mais ouvidos à sua mãe, sabia? – Ele me dá outro beijo, dessa vez no pescoço, o que faz os pelos do meu corpo se arrepiarem.

– Você não está querendo me levar para sua casa só para me... castigar, não é? – Pergunto num tom quase inaudível.

– O quê? Claro que não, baby – ele ri e eu me escondo envergonhado em seu peito. – Porquê? Acha que merece? – Estremeço.

– Não! De forma alguma. – Respondo rapidamente.

– Hmm... Então tudo bem. Vou estar contando com isso. – Ele me solta e me entrega um sorriso acolhedor. – Até amanhã.

– Até... – eu me despeço.

Assim segue o resto do dia, com bons puxões de orelha da minha mãe e um sermão.

Droga.

Yes, I can be your little boy - Spankingfic -Onde histórias criam vida. Descubra agora