23. Neurodivergência

42 12 8
                                    

  Aviso: Esse capítulo tem cenas de violência, suicídio e capacitismo, então se você tem algum tipo de gatilho com esses assuntos, não leia!

---///----

  -O que? San? Ele é o monstro? - Jangmi perguntou, encarando a criatura em sua frente. Ele tinha um corpo gasoso, como um fantasma, se parecia com uma ameba enorme, com olhos amarelos esbugalhados e dentes tortos que mudavam de lugar toda hora.

     -Sim, Jangmi-yah, ele vai destruir o nosso mundo! Acredite em mim, eu sei o que estou falando!

      Jangmi piscava, atônita. -Eu preciso fazer o que? Matá-lo?

      -Isso. Mate. - Ela sentiu mãos segurarem seus ombros, havia outra criatura atrás dela. -Mate com uma faca da cozinha. Pegue e afunde no pescoço dele.

     -Pescoço?

     -Isso.

     Jangmi sorriu. -Então vou salvar todo mundo?

     -Vai.

     -Mas...eu gosto do San. Ele é meu filho! Ele saiu de dentro de mim.

     -Ele é um demônio. O diabo o colocou dentro de você para que o parisse. - A criatura atrás dela falou. -Ele é um filho do capeta, ele vai matar todos, começando por você e Sancheol.

      Jangmi piscou e sorriu. -Se eu vou salvar meu Sancheol, tudo bem, então.

      -Amor, estava falando algo?- Seu marido entrou no quarto, vendo a mulher sozinha no meio do cômodo, olhando para sua frente, onde não havia nada. -Achei que estivesse conversando comigo, não ouvi bem.

     -Não, eu não estava falando com ninguém. - Jangmi sorriu, os olhos sumindo no rosto, adoravelmente.

     Ela havia aprendido a mentir com a ajuda de suas miragens, os monstros diziam que se escondiam das pessoas por perto dela para que pudessem protege-la, que eles eram seus verdadeiros amigos. Então, toda vez que Sancheol ou o filho lhe perguntavam com quem ela estava falando, Jangmi mentia e dizia que não estava conversando com ninguém.

     Mal sabia ela de que sua mentira nunca passou de uma verdade.

     -O tratamento está te fazendo bem. - Sancheol tocou o rosto da esposa e sorriu, deixando um beijo em sua testa. -Está tomando todos os remédios?

      -Sim!

     Não. Jangmi não tomava os remédios porque as vozes em seus ombros lhe contaram que aquilo era veneno. San estava lhe dando veneno para que ela morresse e não impedisse seus planos de genocídio.

      Grande mentira da própria cabeça dela.

      San nem sabia que a mãe tomava remédios, e para falar a verdade, ele nem sabia o que "genocídio" significava.

      -Que bom, meu amor. - Sancheol a beijou. -Já jantou? Estou acabado do trabalho, quero dormir logo.

     -Vamos dormir. - Ela sorriu, tocando o ombro do marido. -Ou...quer se divertir um pouco antes?

      Sancheol não negava nada à esposa. Ele a segurou pela cintura e guiou até a cama, enquanto a beijava com todo o amor do mundo.

      Ele amou poucas mulheres na vida, mas tinha certeza de a que mais amou durante toda a vida foi e sempre seria Jangmi.

     Confiava nela, a amava, admirava aquela mulher e quase a idolatrava como uma deusa. Jangmi tinha dezenas de pretendentes e ela o escolheu, como Sancheol poderia não ser grato?

Eye-Path: A caminho dos seus olhos Onde histórias criam vida. Descubra agora