#16 Treino relâmpago

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Ariel corre até Bruno com o coração acelerado, os passos descompassados ecoando como marteladas em seus ouvidos. Ao vê-lo caído, desmaiado entre os escombros, uma onda de desespero a atinge como um soco no estômago. O mundo ao seu redor parece desmoronar junto com as pedras da arquibancada destruída. Ela se ajoelha ao lado dele, tremendo, a respiração ofegante e os olhos marejados. " Bruno... por favor... por favor, acorda...". Sua voz sai entrecortada, quase inaudível, sufocada pelas lágrimas que já não consegue conter. Ela pega o rosto dele com as mãos trêmulas, sentindo o peso da culpa esmagando seu peito. As lágrimas caem sem controle, molhando o rosto dele enquanto o abraça com força, como se o calor do seu corpo pudesse trazê-lo de volta. " Me desculpa... me desculpa, eu... eu podia ter evitado isso!" Sua voz quebra em soluços profundos. Ariel sente a dor rasgar seu coração, um turbilhão de arrependimento e impotência. Ela aperta Bruno contra si, o som do choro enchendo o ar ao redor. O tempo parece parar. O peso do que aconteceu a esmaga, como se tudo estivesse desabando, e a única coisa que importa naquele momento é ele abrir os olhos, é foi o que aconteceu.

— Cê tá bem, Ari? — diz com a voz baixa.

— Ainda bem — coloca a mão no rosto dele e o beija na boca.

— Só preciso de uma mão pra levantar.

Com esforço, Ariel ajuda Bruno a se levantar, a mão dele pesada em seu ombro enquanto ele luta para se manter de pé. O rosto de Bruno se contorce de dor a cada passo, o corpo fraco, mas determinado a continuar. Ele apoia o peso sobre ela, e juntos, com passos lentos e vacilantes, caminham até o banco da praça. Ao chegar, Bruno se senta com um gemido abafado, o corpo exausto afundando no assento. Ele leva a mão a bochecha, ainda sentindo a dor pulsante do impacto. Ariel fica ao seu lado, observando com olhos cheios de culpa e preocupação, o coração apertado ao ver o namorado tão vulnerável. Mas não consegue encontrar as palavras certas. A angústia em seu peito cresce, o peso do que aconteceu a sufoca. Cada movimento de Bruno é um lembrete doloroso de que, de alguma forma, ela poderia ter evitado aquilo.

— O cara falou uma parada, disse pra eu não confiar em você. Que cê é falsa e manipuladora.

— Ele é meu ex, e não lidou bem com o nosso fim. Eu fui evitando ele esses anos, aí acho que isso deixou ele ainda mais rancoroso.

— Tem mais alguma coisa que cê tá escondendo? Mais ex-namorados por aí?

— Não, ele foi o único.

Ariel entrelaça os dedos com os de Bruno. Ela observa seu olhar distante, fixo nas folhas da árvore que caem suavemente, como se o tempo estivesse desacelerando ao seu redor. Cada folha que toca o chão parece ser um eco das palavras não ditas, dos sentimentos enterrados. Bruno, apesar da dor, parece perdido em seus próprios pensamentos, talvez refletindo sobre o que aconteceu ou sobre o que virá. Ariel sente uma onda de arrependimento a invadir. Ela poderia aproveitar aquele momento vulnerável para abrir seu coração e compartilhar os fantasmas de seu passado. Mas a voz dentro dela a impede. O medo de piorar as coisas a silencia. Ela apenas observa Bruno, o rosto dele marcado pela dor, enquanto um turbilhão de sentimentos se agita em seu interior. A impotência a faz sentir-se ainda mais angustiada. Ela deseja poder curar as feridas dele, mas se sente incapaz de lidar com as suas próprias. Então Bruno corta o silencio.

— Preciso ficar mais forte pra lutar com ele. Eu venci o Valentim na sorte, mas esse cara é outro nível.

— Já pensei nisso, a gente vai fazer um treino relâmpago!

— Como assim?

— O líder Burro criou um jeito de fortalecer rápido, e a gente tá sem tempo, então vai ter que ser desse jeito!

Período BrancoOnde histórias criam vida. Descubra agora