# 20 Matheus e Eduardo

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Desde que eu era moleque, meu pai sempre me falava: "Cuida do que você ama

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Desde que eu era moleque, meu pai sempre me falava: "Cuida do que você ama." Ele foi traído uma vez, e disse que, depois daquilo, não ia deixar ninguém passar por cima dele. Um dia, rolou uma festa do trabalho da minha mãe, era aniversário de um amigo dela, e eles iam fazer uma surpresa. Lá fomos nós. Tudo tava normal até que meu pai apareceu por lá. Foi direto na minha mãe e puxou ela pro canto. Eu fui chegando mais perto pra escutar a conversa. "Por que você não atendeu minhas ligações?", ele perguntou, bem irritado. Ela explicou: "O celular descarregou." Aí, meu pai pediu pra ver o celular dela. Ela tentou acalmar as coisas, falando que ali não era o lugar pra isso e que podiam resolver em casa, porque ela tava no ambiente de trabalho. Mas ele nem quis saber, falou que iam pra casa na hora. Ela ainda perguntou se podia se despedir do pessoal, e ele foi curto: "Não."

Ele pegou no braço dela e depois me chamou. Eu fui e segurei a mão da minha mãe. Pra mim, meu pai é um herói. Além de ser dono de empresa, é respeitado por todo mundo, sabe? Ele sempre controla tudo, e eu decidi que vou seguir os passos dele. Depois de anos quando fui para o ensino médio, ele até me disse uma vez: "Você deu sorte de nascer homem, sabia? Você nasceu pra ser rei!" Eu nunca esqueci disso. E foi com isso em mente que, quando eu entrei no CENSC, decidi meu objetivo: eu vou me tornar o rei dos bichos!

Em 2011, eu virei o líder macaco. Era um nível baixo, mas eu queria ir subindo aos poucos. E, como todo mundo, acabei me apaixonando. O nome dele era Eduardo. A gente se conheceu nas reuniões dos bichos, eu fazia ele rir, e ele... Ele era, e ainda é, muito bonito, sempre cheiroso. Os lábios dele, grossos, me seduziam; eu amava beijar aquela boca, cada beijo me fazia querer mais. O que eu mais queria era transar com ele, mas ele dizia que não era o momento certo. Ele disse que, por enquanto, podia me chupar, e, olha, ele era o melhor nisso. Mas tinha um lance nele que me deixava maluco: ele era muito sociável, abraçava todo mundo, vivia de risinhos com o pessoal. E isso me deixava puto! Porque eu não sentia que ele era só meu. Não ia deixar qualquer um chegar perto dele!

Um dia, chego na sorveteria do bairro dele e dou de cara com o Eduardo conversando com sei lá quem. Na hora, não pensei duas vezes e já puxei ele dali. "Qual é o seu problema, Matheus?" ele solta, já em voz alta. "Cê não falou que ia ficar em casa hoje porque tava cansado? Aí eu te encontro aqui com outro, é isso mesmo?", rebato, sentindo a raiva me consumir. "Você fala como se eu estivesse te traindo, Matheus! Eu já tô de saco cheio disso!", ele responde, com uma frieza que nunca tinha visto. "Como assim, Edu, você não me ama mais?" Ele respira fundo, me olha bem nos olhos e solta:


— Você me sufoca, Matheus! Tô exausto. Acabou! Não quero mais te ver, já deu!

— Cê não vai terminar comigo, não! Você é meu Eduardo, entendeu? Só meu!


Eu segurei o pulso dele com força, não querendo deixar ele escapar. Mas ele reagiu rápido, deu um chute forte em mim, me fazendo cair na calçada. " Se você me tocar ou vier falar comigo de novo, vai ser muito pior!" ele gritou, com os olhos cheios de raiva. Eu me levantei, tremendo de raiva e confusão, e saí correndo dali. Não sabia o que fazer, o que pensar. Ele estava me traindo, e isso era imperdoável. Mas, no fundo, eu ainda o queria comigo. Eu queria ser o rei, e ele... ele seria a minha rainha.

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