#6 Galo de briga

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De volta ao ano presente de 2012, a sala estava imersa em uma atmosfera de abandono

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De volta ao ano presente de 2012, a sala estava imersa em uma atmosfera de abandono. O ar carregava um cheiro de poeira e desuso. As paredes, outrora brancas, estavam cobertas de fuligem e manchas de umidade, lembranças de tempos mais vibrantes. As cadeiras espalhadas pelo ambiente estavam em diferentes estados de degradação: algumas com pernas quebradas, outras com o estofado rasgado, expondo o enchimento. Uma luz fraca atravessava as janelas sujas, lançando sombras compridas.

Gabriel estava ocupado no centro da sala, arrumando as mesas antigas com cordas para improvisar um ringue de boxe. O som da corda sendo esticada ecoava no espaço vazio. A porta rangeu ao ser aberta, e Rédi entrou na sala. Apesar da surra merecida que havia levado no dia anterior, ele se manteve firme e decidido. Seu corpo ainda carregava marcas, mas ele parecia mais determinado do que nunca. Cada passo que dava fazia a poeira se levantar do chão, criando pequenos redemoinhos de sujeira.

Ao ouvir a chegada, se virou lentamente. Seus olhos encontraram os de Rédi, e ele cruzou os braços, mantendo uma postura imponente. Havia uma autoridade silenciosa em sua presença, algo que fazia qualquer um hesitar antes de falar. O silêncio entre os dois era palpável. Rédi, apesar de sentir um calafrio percorrer sua espinha ao enfrentar a figura intimidadora do líder, não desviou o olhar. Havia uma determinação feroz em seus olhos, uma necessidade de provar algo não só para Gabriel, mas também para si mesmo. Ele respirou fundo, sentindo o peso do momento, e falou diretamente ao líder, sua voz firme e clara.

— Errei ontem, fui moleque! Eu não deveria ter mexido com a sua mina, se eu tivesse no seu lugar eu também meteria a porrada em mim mesmo.

Gabriel manteve o olhar fixo em Rédi por um momento, avaliando a sinceridade em suas palavras. A sala parecia se fechar ao redor deles, como se o espaço estivesse segurando a respiração, aguardando a resposta.

— De boa, mano, cê me deve só uns quietinhos.

— Como? — os olhos dele cresceram.

— Uma surra não basta, não. Aqui a gente resolve no ringue ou nas apostas, sacou?

Rédi estava em um beco sem saída, atolado e olhando para chão, em dívidas com metade da escola e, agora, devendo também ao líder Galo, que tinha o poder de tornar seu ano ainda mais difícil. Galo observando-o com uma expressão séria e inquisitiva. Quando Galo mencionou dinheiro e apostas, Rédi sentiu o peso das palavras. A situação parecia sombria e sem solução, até que algo inesperado aconteceu. Uma luz suave e quente entrou pela janela, iluminando diretamente Rédi. A princípio, então uma ideia começou a tomar forma em sua mente, clara e brilhante como a luz que o iluminava. Rédi endireitou-se, sentindo uma súbita onda de confiança. Ele sabia que essa ideia poderia ser sua saída, a chave para reverter sua situação. Com um sorriso crescente, ele olhou para Galo.

— Eu sei como quitar a minha dívida, eu lembrei que você colocou no mural da escola que estava precisando de um lutador né?

— Cê vai lutar pra pagar tua dívida? Sei não, hein.

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