CAPÍTULO IV - Livros e bebedeira

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Que droga! Beije-me!

Internamente imploro, mas não me movo. Estou paralisada por causa de uma necessidade estranha, desconhecida e completamente cativada por ela. Estou olhando fixamente para a boca perfeitamente esculpida de Lauren Jauregui, hipnotizada, e ela está olhando para mim, seu olhar encoberto, seus olhos verdes escurecidos. Ela respira mais rápido que o habitual e eu paro completamente de respirar. Estou em seus braços.

Beije-me, por favor.

Ela fecha seus olhos, respira fundo e sacode brevemente sua cabeça como se respondesse minha pergunta muda. Quando torna a abrir seus olhos novamente, é com algum novo propósito, uma vontade de aço.

— Karla Camila, você deve ficar longe de mim. Eu não sou mulher para você... — sussurra.

O quê? De onde veio isso? Seguramente, eu é quem deveria decidir. Franzo minha testa para ela e balanço minha cabeça diante da rejeição.

— Respire, Karla Camila, respire. Eu vou ficar ao seu lado e irei te soltar agora — ela quietamente diz e se afasta suavemente.

A adrenalina corre por meu corpo, não sei se por causa do ciclista ou da proximidade inebriante de Lauren, mas estou fraca e arrepiada. NÃO! Minha mente grita quando ela se afasta e sinto-me roubada. Ela tem suas mãos em meus ombros, segurando-me numa distância de um braço, analisando minhas reações cuidadosamente. E a única coisa que consigo pensar é que eu queria ter sido beijada, deixei isto malditamente óbvio e ela não quis. Ela não me quer. Ela realmente não me quer. Eu definitivamente estraguei o café da manhã.

— Estou bem. — Respiro, achando minha voz. — Obrigada — murmuro cheia de humilhação.

 Como eu pude interpretar mal a situação entre nós? Preciso me afastar dela.

— Pelo que? — Ela franze a testa.

— Por me salvar — sussurro.

— Aquele idiota estava indo na direção errada. Eu estou contente de estar aqui. Estremeço só de pensar no que poderia ter acontecido com você. Você quer vir e se sentar no hotel um pouco? — Ela me solta, suas mãos ficam rentes ao seu corpo e eu na sua frente me sinto uma idiota.

Com uma sacudida, procuro clarear minha cabeça. Eu só quero ir embora. Todas as minhas esperanças inarticuladas foram esmagadas. Ela não me quer. O que eu estava pensando? Brigo comigo mesma. O que Lauren Jauregui poderia querer com você, afinal? Meu subconsciente zomba de mim. Eu me abraço e me viro em direção à rua, notando com alívio que o homenzinho verde do sinal de trânsito apareceu. Rapidamente atravesso a rua, consciente de que Lauren Jauregui está logo atrás de mim. Já em frente ao hotel, giro brevemente para enfrentá-la, mas não consigo olhar em seus olhos.

— Obrigada pelo chá e por ter concordado com as fotos — murmuro, minha voz controlada.

— Karla Camila... eu... — Ela para e a angústia em sua voz exige minha atenção, então eu a olho, mas de má vontade. Seus olhos verdes são como o deserto, enquanto ela corre a mão pelos cabelos negros. Estranhamente, ela parece destruída, frustrada com algo e todo o seu controle parecia ter evaporado naqueles instantes.

— O quê, Lauren? — Fico irritada com seu silêncio e hesitação.

— Nada.

Eu só quero ir embora. Preciso levar meu frágil e ferido orgulho para longe dessa mulher e de alguma maneira curá-lo.

— Boa sorte em seus exames — murmura, por fim, mas sem me olhar de volta nos olhos.

É o quê? É por isso que ela parece tão desolada? Este é o seu grande fora? Desejar-me sorte em meus exames?

Cinquenta tons de verde (Camren)Onde histórias criam vida. Descubra agora