Cinquenta tons de verde (Camren)

CAPÍTULO XII - Legal?

Pela primeira vez na vida, decido sair para correr sem ninguém me obrigar. Calço meu par de tênis que nunca uso, visto uma calça de moletom que fica justa em meus quadris e uma camiseta. Faço uma trança em meu cabelo e coro com a recordação que ela me traz. Ligo meu iPod e saio de casa. Não consigo mais ficar sentada na frente daquela maravilha tecnológica, descobrindo e absorvendo informações perturbadoras. Preciso gastar um pouco dessa energia excessiva e enervante.

Para ser sincera, cogitei correr até o Hotel Heathman e simplesmente exigir sexo daquela maníaca por controle. Mas são oito quilômetros, e acho que não serei capaz de correr nem mesmo um quilômetro, quem dirá oito, e, claro, tinha a possibilidade dela me mandar voltar, o que seria bastante humilhante.

Dinah está descendo do carro quando saio de casa. Ela quase deixa cair as sacolas de compras quando me vê. Posso até imaginar o que ela está se questionando, enquanto tenta assimilar o que vê: Camila Cabello de tênis de corrida? Aceno e sorrio ironicamente, decidindo não parar para lidar com sua inquisição. Preciso muito mesmo ficar sozinha. Com Snow Patrol aos berros em meus ouvidos, parto no crepúsculo azulado.

Atravesso o parque. O que vou fazer? Eu a quero, mas nos termos dela? Simplesmente não sei. Talvez eu deva negociar o que quero. Ler aquele contrato ridículo linha por linha e dizer o que é aceitável e o que não é. Em minha pesquisa, descobri que o contrato é legalmente inexequível. Ela deve saber disso. Imagino que assiná-lo simplesmente estabeleça os parâmetros da relação. Ilustra o que posso esperar dela e o que ela espera de mim, que é a submissão total. Será que estou preparada para isso? Será que ao menos sou capaz?

Algumas perguntas me atormentam. Por que ela é assim? Será porque foi seduzida quando ainda era tão jovem? Simplesmente não sei. Lauren ainda é um grande mistério.

Paro ao lado de um pinheiro grande e ponho as mãos nos joelhos, ofegando, puxando o precioso ar para os pulmões. Ah, a sensação é boa, catártica. Sinto minha determinação se fortalecer. Sim, preciso dizer a ela o que está bom e o que não está. Preciso lhe enviar por e-mail minhas ideias, e depois podemos discuti-las na quarta-feira. Respiro fundo, tomando um fôlego purificador, e volto correndo para o apartamento.

Dinah andou comprando, como só ela é capaz, roupas para suas férias em Barbados. Principalmente biquínis e cangas combinando. Ela vai ficar um espetáculo com todos eles, mas mesmo assim, me deixa sentada, e desfila cada look para que eu faça comentários. Não há muitas maneiras diferentes de dizer "Você está maravilhosa, Dinah". Ela tem um corpo de dar inveja, esguio, torneado e lindo. Não é de propósito que faz isso, eu sei, mas peço desculpas e vou para o quarto toda suada com o pretexto de ter que embalar mais caixas. Será que eu poderia me sentir mais inadequada? Levando comigo meu impressionante aparelho tecnológico gratuito, coloco-o sobre minha mesa. Mando um e-mail para Lauren.

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De: Karla Camila Cabello

Assunto: Chocada

Data: 23 de maio de 2011 20:33

Para: Lauren Jauregui

Tudo bem, já vi o suficiente

Foi legal conhecê-la.

Camila

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Clico em "enviar", abraçando-me, rindo da minha brincadeirinha. Será que ela vai achar graça nela? Ah, merda, talvez não. Lauren Jauregui não é conhecida pelo senso de humor. Mas eu sei que o humor está lá, já vi. Talvez eu tenha ido longe demais. Aguardo a resposta dela. Espero... e espero. Olho meu despertador. Dez minutos se passaram.