CAPÍTULO V - O dia seguinte e o elevador nº 3

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Tudo está em silêncio, as luzes estão apagadas. Estou muito cômoda e aquecida nesta cama. Que bom... Abro meus olhos, por um momento estou tranquila e serena, desfrutando do ambiente que não conheço. Não tenho nenhuma ideia de onde estou. O travesseiro da cama tem a forma de um sol enorme. Parece-me estranhamente familiar. O quarto é grande e está luxuosamente decorado em tons marrons, dourados e bege. Já vi isso antes. Onde? Meu ofuscado cérebro procura entre suas lembranças recentes. Droga! Estou no hotel, em Heathman... em uma suíte. Estive em uma parecida junto com Dinah, mas esta parece maior. 

Oh, droga. Estou na suíte de Lauren Jauregui.

Como cheguei até aqui?

Pouco a pouco, as imagens fragmentadas da noite começam a me torturar. A bebedeira. Ah, não, a bebedeira. A ligação. Ah, não, a ligação, meu vômito. Ah, não, eu vomitei. Shawn e depois Lauren. Ah, não. Morro de vergonha. Não recordo como cheguei aqui. Estou vestindo uma camiseta, o sutiã e a calcinha. Sem as meias três quartos e nem o jeans. Merda.

Observo uma mesinha do quarto. Há um copo de suco de laranja e dois comprimidos. Ibuprofeno. Sua obsessão por controle está em todos os lugares. Levanto-me da cama e tomo os comprimidos. A verdade é que não me sinto tão mal, certamente estou muito melhor do que mereço. O suco de laranja está delicioso. Tira-me a sede e me refresca.

Ouço uns toques na porta. Meu coração bate tão forte e minha voz quase não sai por minha boca, mas mesmo assim, Lauren abre a porta e entra.

Misericórdia, ela estava fazendo exercício.

Veste uma calça de moletom cinza que lhe cai ligeiramente bem sobre os quadris e uma camiseta da mesma cor de ginástica, empapada de suor, assim como seus cabelos presos em um rabo de cavalo. Lauren Jauregui está suada. A ideia me parece estranha. Eu respiro profundamente e fecho os olhos. Sinto-me como uma menina de dois anos.

— Bom dia, Karla Camila. Como se sente?

— Melhor do que mereço — respondo em um tom baixo e tímido.

Levanto o olhar para ela, que larga uma bolsa grande, de uma loja de roupas, em um divã e pega ambos os extremos da toalha que tem ao redor dos ombros. Seus impenetráveis olhos verdes, naquela manhã meio acinzentados, me olham fixamente. Não tenho nem ideia do que está pensando, como sempre. Ela sabe esconder o que pensa e o que sente muito bem.

— Como cheguei até aqui? — pergunto em voz baixa, constrangida.

Ela se aproxima e se senta num lado da cama. Está tão perto de mim que poderia tocá-la, poderia cheirá-la. Minha nossa... Suor, perfume natural e Lauren. Um coquetel embriagador, muito melhor que as margaritas, agora sei por experiência.

— Depois que você desmaiou, não quis pôr em perigo o tapete de pele de meu carro te levando para a sua casa, assim te trouxe para este local — responde-me com certo humor, sem se alterar.

— Você me colocou na cama?

— Sim — responde inexpressiva.

— Voltei a vomitar? — pergunto em voz mais baixa.

— Não.

— Tirou a minha roupa? — Agora a minha voz é um sussurro.

— Sim. — Ela continua me olhando nos olhos, sempre, elevando uma sobrancelha e eu fico mais vermelha que nunca.

— Não fizemos...? — Não consigo finalizar, deixo no ar, num sussurro, com a boca seca de vergonha, mas não posso terminar a frase.

Olho para as minhas mãos.

Cinquenta tons de verde (Camren)Onde histórias criam vida. Descubra agora