CAPÍTULO XVIII - Iniciação aos jogos

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A Dra. Grey é alta, ruiva e impecável, e usa um tailleur azul-royal. Ela me lembra daquelas mulheres que trabalham no escritório de Lauren, só que sem os cabelos loiros. Seu cabelo longo está preso num coque elegante. Deve ter uns quarenta e poucos anos.

— Sra. Jauregui.

Ela aperta a mão que Lauren lhe estende.

— Obrigada por atender a este chamado tão em cima da hora — diz Lauren.

— Obrigada por fazer com que ele valha a pena para mim, Sra. Jauregui. Srta. Cabello.

Ela sorri, o olhar frio e avaliador.

Apertamos as mãos, e noto que ela é uma dessas mulheres que não tem paciência para gente boba. Como Dinah. Gosto dela de cara. Ela lança um olhar para Lauren, e após um instante esquisito, ela se dá conta.

— Vou estar lá embaixo — resmunga, e se retira do que será meu quarto.

— Bem, Srta. Cabello. A Sra. Jauregui está me pagando uma pequena fortuna para atendê-la. O que posso fazer por você?

* * *

Após um exame minucioso e uma conversa demorada, a Dra. Grey e eu optamos pela pílula. Ela redige uma receita e me dá instruções de como devo proceder. Adoro sua atitude séria, ela me fez um sermão sobre a necessidade de tomar a pílula todos os dias à mesma hora. E posso dizer que está morta de curiosidade sobre minha relação com a Sra. Jauregui. Não lhe dou detalhe algum. De alguma forma, acho que ela não ficaria tão calma e serena se tivesse visto o Quarto Vermelho da Dor. Enrubesço ao passarmos por sua porta fechada e descemos para a galeria de arte que é a sala de Lauren.

Lauren está lendo, sentada no sofá. Uma ária impressionante está tocando, envolvendo-a, aconchegando-a, preenchendo a sala com uma música doce e comovente. Por um momento, ela parece sereno. Vira-se e olha para nós quando entramos, sorrindo com carinho para mim.

— Terminaram? — pergunta como se estivesse realmente interessada.

Aponta o controle remoto para uma caixa branca lisa embaixo da lareira que abriga seu iPod, e a melodia intensa perde força, mas continua ao fundo. Ela se levanta e vem até nós.

— Sim, Sra. Jauregui. Tome conta dela. Ela é uma mulher linda e inteligente.

Lauren fica desconcertada, como eu. Que coisa imprópria para uma médica dizer. Será que ela está lhe dando algum tipo de aviso não muito sutil? Lauren se recupera.

— Pretendo fazer isso — murmura, perplexa.

Olhando para ela, dou de ombros, encabulada.

— Vou lhe mandar a conta — diz a Dra. Grey secamente ao cumprimentá-la. — Bom dia e boa sorte para você, Camila.

Ela sorri, estreitando os olhos enquanto nos cumprimentamos.

Taylor aparece para acompanhá-la até o elevador. Como ele faz isso? Onde ele fica à espreita?

— Como foi? — pergunta Lauren.

— Bem, obrigada. Ela disse que eu tinha que me abster completamente de atividades sexuais por quatro semanas.

Lauren fica boquiaberta, chocada. Não consigo mais me manter séria e sorrio para ela feito uma idiota.

— Peguei você!

Ela estreita os olhos, e paro de rir na mesma hora. Na verdade, ela parece bastante severa. Ah, merda. Meu inconsciente se encolhe no canto e o sangue me foge do rosto; imagino-a de novo me dando palmadas.

— Peguei você! — diz, e ri. Lauren me agarra pela cintura e me puxa para si. — Você é incorrigível, Srta. Cabello — murmura, olhando nos meus olhos enquanto enfia os dedos nos meus cabelos, prendendo-me ali. Ela me beija com força, e eu me apoio em seus braços para me equilibrar. — Por mais que eu queira foder você aqui e agora, precisamos nos alimentar. Não quero você desmaiada em cima de mim depois — ela fala baixo, com a boca encostada na minha.

Cinquenta tons de verde (Camren)Onde histórias criam vida. Descubra agora