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JOHN

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JOHN

Desde que me lembro, as pessoas ao meu redor me chamam de sonhador. A palavra era repetida em minha casa, quase como se fosse um elogio disfarçado, mas eu nunca a vi como algo ruim. Pelo contrário, sempre senti uma certa força nos meus devaneios, especialmente naqueles momentos em que me imaginava colossal, cruzando os céus com um rugido capaz de fazer o mundo tremer. A liberdade que esses sonhos prometiam parecia cada vez mais distante conforme o tempo passava. Para mim, um pássaro ou um dragão sempre representavam essa liberdade que eu tanto desejava, enquanto as rochas ao redor da ilha se pareciam mais e mais com correntes invisíveis.

Jamais pensei em trair os Targaryen ou a princesa Rhaenyra; a casa Emberlyn sempre foi fiel, conhecida por seus cavaleiros que protegiam Dragonstone e serviam a família real. Nossos ancestrais chegaram à ilha muito antes dos dragões, mas quando os Targaryen vieram, nós nos curvamos e aceitamos a sombra flamejante que pairava sobre nossas cabeças. Meu avô, que sempre falava sobre suas batalhas e como defendia cada herdeiro da linhagem, dizia que era nosso dever manter essa tradição. Ele contava suas histórias com orgulho, mas sempre havia um tom de tristeza quando falava de todos os que tinha visto partir. Era como se o peso das lembranças fosse maior do que as vitórias. Para ele, o legado da casa Emberlyn era algo que eu precisava honrar, uma responsabilidade que às vezes me sentia incapaz de carregar.

Na Pedra do Dragão, eu frequentemente me isolava, caminhando até o ponto mais alto que conseguia alcançar, onde o mar parecia se encontrar com o céu. O vento frio trazia consigo o cheiro do sal, e a visão das ondas quebrando nas rochas lá embaixo me fazia pensar em coisas grandiosas. Às vezes, eu me perguntava se um dia deixaria de ser apenas um menino que gostava de sonhar e me tornaria realmente alguém digno de escrever minha própria história.

Eu não via a família real de perto com frequência. A maioria das minhas lembranças deles era de momentos em que meu pai me levava ao castelo ou ao campo de treinamento. Mesmo nessas ocasiões, parecia haver uma distância imensa entre nós, algo que não era possível atravessar apenas com palavras. Não importava quantas vezes eu visse o esplendor dos dragões ou ouvisse as histórias sobre os feitos de Rhaenyra e Daemon, eu sempre me sentia como um espectador, assistindo de longe, sem realmente fazer parte daquele mundo.

Naquele dia em particular, eu estava sentado em um canto isolado da ilha, onde o verde da vegetação ainda conseguia resistir à presença constante das pedras. Estava perdido nos meus pensamentos, observando o mar, quando o som me atingiu. Era profundo, poderoso, e ecoou pelas colinas como um trovão distante. Meu coração quase parou. Um rugido inconfundível preencheu o ar – Syrax, o dragão de Rhaenyra, estava se aproximando. A força do som me fez levantar instintivamente, sentindo uma mistura de medo e curiosidade. Logo depois, outro rugido se fez ouvir, mais suave, mas igualmente imponente. Caraxes, o dragão vermelho de Daemon, se juntou ao coro, criando uma sinfonia que enchia os céus e reverberava por toda a ilha.

Levantei-me e comecei a caminhar na direção do som, incapaz de conter o desejo de ver os dragões de perto. À medida que me aproximava do pátio do castelo, pude avistar as enormes criaturas pousando. Suas asas agitavam a poeira e as pedras, enquanto o vento gerado pelos movimentos das asas parecia até mudar a direção das ondas no mar. Rhaenyra desceu de Syrax com a mesma graça que sempre imaginei. Seus cabelos prateados brilhavam como a luz do sol refletida na água, e havia algo em sua postura que fazia qualquer um perceber que ela era uma verdadeira herdeira dos Targaryen.

Ao lado dela, estava Joffrey, seu filho mais novo. Ele olhava para os dragões com os olhos arregalados, como se mal acreditasse no que via. Era compreensível – qualquer criança ficaria maravilhada ao ver criaturas tão majestosas de perto. Eu o observava com curiosidade, imaginando se ele um dia teria a chance de montar um dragão e voar tão alto quanto eu sempre sonhei.

Mais atrás, Lucerys caminhava com um ar sombrio. Seus olhos estavam fixos no chão, e o peso da responsabilidade parecia curvar seus ombros. A briga com Aemond ainda o assombrava, era o que se dizia pelos corredores. Parecia que cada passo que ele dava era carregado de dúvidas e arrependimentos.

E então veio Daemon. Ele parecia absorver toda a luz ao seu redor, como se sua presença fosse uma força própria. Seus olhos percorreram o pátio, atentos, como se procurassem por algum sinal de ameaça. Ele era conhecido por ser impetuoso, por estar sempre pronto para uma batalha. Olhar para ele me fez entender por que tantos diziam que ele era o mais perigoso dos Targaryen.

O pátio do castelo logo se encheu de vozes. Os criados se apressavam em atender às ordens que vinham de todas as direções, e os cavaleiros estavam de prontidão, como se soubessem que algo importante estava por acontecer. Rhaenyra se virou para seus filhos e disse com firmeza: "Preparem-se para a reunião. Temos muito a discutir, e a Pedra do Dragão precisa estar pronta para o que vier."

Enquanto todos corriam para cumprir suas tarefas, eu fiquei parado, apenas observando. Havia algo no ar, uma sensação de que aquele momento não era apenas mais um dia comum na ilha. Era como se algo estivesse prestes a mudar, e, por algum motivo, eu sentia que meu lugar, de alguma forma, estava ligado a tudo aquilo.

A verdade é que eu não era apenas um sonhador. Eu queria fazer parte do mundo deles, mesmo que para isso precisasse abrir mão da tranquilidade dos meus refúgios. Naquele dia, enquanto os dragões rugiam e os Targaryen se preparavam para o que quer que fosse, eu decidi que não iria mais me esconder. Eu não seria apenas um menino que observava de longe. Não, eu encontraria meu próprio lugar, mesmo que tivesse de conquistá-lo com as minhas próprias mãos.

E assim, na Pedra do Dragão, onde o mar se encontrava com o céu, eu fiz minha promessa silenciosa: um dia, eu também rugiria.

E assim, na Pedra do Dragão, onde o mar se encontrava com o céu, eu fiz minha promessa silenciosa: um dia, eu também rugiria

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✩ 001 — Vejo vocês em breve. :)

𝐀 𝐒𝐄𝐌𝐄𝐍𝐓𝐄 𝐃𝐄 𝐃𝐑𝐀𝐆𝐀𝐎 | LUCERYS VELARYONOnde histórias criam vida. Descubra agora