AEMOND
Corri o mais rápido que minhas pernas permitiam, o som das folhas secas esmagadas sob meus pés ecoando como gritos no silêncio sombrio do pátio. Sentia-me como uma presa encurralada, perseguida por algo que não deveria existir. A respiração ardia em meus pulmões, mas o orgulho mantinha meus passos firmes. Não cederia. Não agora. Não jamais.
O bastardo. Ele deveria estar morto. Morto e enterrado, reduzido a cinzas junto com seus sonhos patéticos de grandeza. Quando caiu dos céus, pensei que os deuses tivessem finalmente decidido corrigir o erro de sua existência. Mas não. Não só ele sobreviveu — aquele verme maldito teve a audácia de aparecer com um dragão. E não qualquer dragão. Não uma criatura menor, fácil de subjugar. Mas um monstro colossal, maior até mesmo que Vhagar, a mais velha e temida de todas as feras aladas.
Era um insulto, uma afronta dos deuses que eu não conseguia suportar. A raiva pulsava em minhas veias, alimentando minha fuga desesperada enquanto me afastava das sombras fumegantes de Harrenhal. Isso não pode ser obra do acaso, pensei, meus dentes cerrados com tanta força que um fio de dor percorreu minha mandíbula. Isso é um golpe deliberado, uma provocação.
Os olhos daquela besta — vermelhos como brasas ardentes — ainda estavam gravados em minha mente. Eles pareciam me observar mesmo agora, perfurando minha alma com um desprezo que eu jamais admitiria sentir. Por um instante, um instante fugaz e vergonhoso, tremi. Mas logo espantei a sensação, esmagando-a sob a força do meu ódio.
Aquela criatura não poderia pertencer a ele. Era impossível. Dragões não obedecem a qualquer um. Eles reconhecem o sangue, o direito, o destino. Apenas um Targaryen verdadeiro, um herdeiro legítimo de Valíria, seria capaz de comandar algo tão poderoso. Não o bastardo da prostituta do reino. Não aquele usurpador de nomes e títulos.
E, no entanto, lá estava ele. Como um espinho enfiado na carne, recusando-se a ser arrancado. Cada passo meu era acompanhado pela lembrança de seu rosto, da chama em seus olhos, do sorriso desdenhoso que parecia dizer: Você não é nada diante de mim.
Pousei com firmeza, o peso de Vhagar fazendo o solo estremecer sob suas garras maciças. Não olhei para trás enquanto descia de sua sela, os pensamentos pesando mais que o aço da minha espada. Segui direto para meus aposentos, desejando apenas o silêncio e a solidão que as paredes de pedra prometiam.
Após um momento de hesitação, cedi ao cansaço e me deixei afundar na cadeira de madeira próxima à lareira. O calor fraco das brasas era pouco mais do que um lembrete de que, ali dentro, ainda havia vida. Lá fora, o frio da noite se estendia como um manto de gelo, cobrindo Porto real com um silêncio pesado.
Uma batida suave interrompeu meus pensamentos. Me levantei, passos firmes mas irritados — eu não estava de humor para visitas. Ao abrir a porta, encontrei Helaena, sua figura pequena e serena envolta em um simples vestido azul. Ela parecia deslocada, como se aquele corredor gelado não fosse lugar para ela.
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𝐀 𝐒𝐄𝐌𝐄𝐍𝐓𝐄 𝐃𝐄 𝐃𝐑𝐀𝐆𝐀𝐎 | LUCERYS VELARYON
Fanfiction━━ 𝐀 𝐒𝐄𝐌𝐄𝐍𝐓𝐄 𝐃𝐄 𝐃𝐑𝐀𝐆𝐀𝐎| John, o garoto capaz de se transformar em um dragão negro, e Lucerys Velaryon , herdeiro de um legado manchado por sangue, enfrentam um destino incerto. Unidos por amor e divididos por escolhas, eles precisam...