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Suas palavras ecoavam pela sala de música, e de repente o ar começa a ficar denso. Meus dedos pararam de deslizar sobre as cordas do instrumento em minhas mãos e tudo o que eu podia fazer era olhá-lo. O seu olhar era intenso, como se estivesse me estudando.

- Até que não toco tão mal? - Digo revirando os olhos, enquanto tento esconder o calor que subiu ao meu rosto. Eu deveria estar acostumada a ter esses momentos com ele, mas de alguma forma, a situação está ficando diferente.

Ele deu de ombros.

Esse silêncio está me matando, não gosto de tocar quando estão me olhando. Principalmente tão intensamente. Mas ele parece perceber o meu incomodo.

Então vai até o contrabaixo que estava do outro lado da sala, pega um cabo e o conecta na mesma caixa que a minha.

- Então você também toca baixo? - Pergunto, tentei aprender a tocar quando era menor mas não deu muito certo, é um pouco mais fácil que a guitarra mas eu não me identifiquei muito.

- Sou multifunções.- Reviro os olhos para o garoto a minha frente. Ele é tão convencido, ou só tem confiança consigo mesmo. - Qual música você quer tocar? - Ele pergunta com o instrumento nas mãos.

- Não sei, pode ser Poet?

Ele parece com dúvida, mas concorda.

- Você conhece né?

- Não, mas eu dou meu jeito.

Era a única música que eu me lembrava, o som flui de uma forma incrível, os acordes da guitarra saíram bem melhor do que eu esperava e as notas e ritmos do baixo também foram bons. Senti que eu havia voltado no tempo, quando eu tinha apenas 11 anos de idade. Me senti segura. A presença dele me faz me sentir assim.

Ficamos ali por mais um tempo, apenas tocando e conversando sobre isso, contei para ele que tocava quando criança mas parei por conta do vôlei. Ficamos nos encarando por um tempo. Mas... O clima não estava estranho, estava confortável.

Kageyama deu um suspiro longo, com uma expressão um tanto calma, colocando o instrumento no suporte e se levantando. Como se me observar de longe já não bastasse, ele caminha até mim. Cada passo ecoando pelas paredes da sala, e a cada eco meu coração parecia bater mais forte a cada segundo.

- Eu tinha vindo aqui para te buscar. Vamos? - Disse, como se fosse a coisa mais simples do mundo. Seus olhos azuis estavam fixos em mim. Tudo nele era meio intenso, mas ao mesmo tempo reconfortante. E isso me desarmava.

- Me buscar? Eu sou uma criança por acaso? - Tentei soar irritada, mas a verdade é que a presença dele me afetava mais do que eu gostava de admitir.

Ele riu de leve, aquele sorriso que aparecia apenas em momentos inesperados. E foi aí que eu percebi, que ele sabia o efeito que tinha sobre mim. E isso me irritava.

- Você até que toca bem, Bia. - Essa foi a primeira vez em que escuto o meu nome sair de seus lábios. - Só... Relaxa um pouco.

A última frase foi dita com uma calma imensa, seu tom de voz que sempre é frio com os outros, parece mudar quando ele está comigo.  Kageyama Tobio estava me elogiando? O mesmo Kageyama que só elogia a ele mesmo? O antigo Rei da Quadra. Esse apelido mexe comigo tanto quanto mexe com ele.

- Relaxar? - Fiquei sem reação por um segundo. Mas logo balanço a cabeça tentando recuperar o controle da situação. - Quem disse que eu estou nervosa? Eu tô super calma.

- Aham, sei. - O sarcasmo de sempre e aquela cara convencida. E mais uma vez, e silêncio pairava sobre nós.

Eu ia responder com alguma provocação, algo que quebrasse esse clima estranho. Mas de repente, a porta da sala se abriu com força.

- Eu sabia que iria te encontrar aqui! - Era Hinata, olhando para Kageyama com uma expressão convencida no rosto e ao mesmo tempo tediante. Mas ao mesmo tempo essa expressão muda ao me ver parada ao lado do mesmo. Seus olhos saltavam de mim para Kageyama, claramente surpreso. Até soltar um sorrisinho malicioso e começar a sair da sala. - Eu vou deixar os dois sozinhos... Só não se esqueçam do treino!

Fiquei sem reação, literalmente. Fiquei parada ali, com o rosto em chamas e uma vontade imensa de rir. Ou de matar alguém.

- Idiota. - O garoto alto ao meu lado estava com a cara emburrada. E começa a andar em direção a porta, me deixando ali. - Vê se não se esquece do treino, e come alguma coisa. - Disse sem se virar.

Eu fiquei ali, sozinha, parada processando as coisas que aconteceram nesse curto período de tempo. A expressão e a palavra de Hinata, ele vai contar para todo mundo. Mesmo que eu não tenha nenhum tipo de relação com Kageyama, isso me incomoda. Mas uma coisa é clara, ele está mechendo comigo de um jeito que eu não esperava, e sinto que eu também estou mechendo com ele.

KAGEYAMA POINT VIEW:

O caminho até o ginásio nunca pareceu tão longo. O silêncio que eu normalmente apreciava agora me incomodava, me forçando a pensar nas últimas horas.

Bia.

Tivemos aulas depois do que aconteceu na sala de música, e agora temos treino. Os garotos estão jogando melhor do que o esperado. Talvez consigamos ganhar algum jogo e ir para o nacional. Eu devia estar pensando no jogo, em técnicas e tudo mais. Mas eu não conseguia parar de pensar nela.

Ela sempre estava na minha mente ultimamente, de um jeito que eu não conseguia controlar. E o pior de tudo é que ela nem percebe o efeito que tem sobre mim, ou talvez perceba, mas ela agr de um jeito tão... Despreocupada e intenso ao mesmo tempo.

Mas a verdade era que eu não conseguia tirar os olhos daquela garota. Quando ela estava ali, na sala de música tocando a guitarra com aquela paixão que fez com que seus olhos brilhassem, eu senti algo que  fazia tempo que não sentia.

Eu estava... Fascinado.

- Kageyama, você tá aí? - A voz de Nishinoya me tira dos meus pensamentos. Ele estava junto de Tanaka e Hinata.

- Tô. - Murmurei tentando não parecer distraído, não fazia ideia de qual era o assunto de antes.

- Parece que viu um fantasma. - Hinata me olhou com uma certa curiosidade, e então, solta o mesmo sorriso de hoje cedo na sala de música. - Ou é amor?

Revirou os olhos sem responder, me virando para o quadro de treinos atrás de mim, mas Nishinoya e Tanaka trocam vários olhares suspeitos. Eles sempre conseguiam percebe quando algo estava fora do normal.

- Aposto que tem haver com a Bia, não é? - Noya ri e da uma cotovelada no braço de Tanaka.

Tentei disfarçar, mas o jeito que eles me olhavam, prontos para zombar de qualquer coisa que eu dissesse ou fizesse, me fez suspirar.

- Vocês não sabem de nada. - Disse fechando a cara para não prolongar mais o assunto.

Antes que eles pudessem fazer qualquer comentário, Ukai entra na quadra, cumprimentando a todos juntamente e sinalizando o início do treino. Eu agradeci mentalmente pela interrupção. Preciso focar. Pensar em garotas ou qualquer outra coisa neste momento não vai me ajudar e muito menos ajudar o time.

Mas quando ela entrou no ginásio, percebi que não seria tão fácil assim.

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Se puderem indiquem a fic para amigas ou colegas de vcs! <3

O Olhar Do Oceano Sobre Mim -Kageyama TobioOnde histórias criam vida. Descubra agora