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A luz estava piscando, precisam trocá-la. Já faz mais de dez minutos que estamos aqui, Bia estava batendo na porta nos primeiros cinco minutos mas agora desistiu. Estamos sentados no chão, casa um de um lado e distantes um do outro.

Suas pernas estão encolhidas e os cotovelos encima do joelho e a cabeça escondida entre os braços. Sua perna não para de bater no chão por um segundo, causando um barulho irritante. Fico a observando por um tempo, suas mãos estão tremendo e parecem estar um pouco suadas também.

- Você tá bem?- Pergunto.

- Desculpa... - Sua voz sai fraca, ela começa a alisar sua perna com a intenção de se acalmar, enquanto solta suspiros pesados. Ela deve ter crises de pânico, assim como minha irmã.

- Você tá bem? - Pergunto novamente. Minha voz sai fria. Continuo a olhando de onde estou, talvez ela não goste de lugares apertados.

BIA POINT VIEW:

Seu olhar estava fixo em mim, como se estivesse lendo a minha mente. É um pouco desconfortável, ele não tirava os olhos de mim um segundo sequer, parecia estar me analisando por completo, mas o nervosismo não é por conta disso. Não gosto de lugares apertados, minha mente fica agitada e a ansiedade começa a atacar, as crises já haviam parado a um tempo. E agora volta tudo de novo. A última pessoa que eu quero perto de mim nesse momento é ele.

- Você tá bem? - Ele estava me observando atentamente, as mesmo tempo que parecia se preocupar parecia também não dar a mínima. Tento me conter e falar que sim, mas a ansiedade toma conta. É como se eu quisesse gritar e ao mesmo tempo pular em um lago gelado e calmo, mas agitado com ondas fortes e monstruosas. Ele faz menção de se levantar e vim até mim.

- Tô... - Não estou - E só que... Não gosto de lugares apertados - Dou um dos sorrisos mais falsos que eu consigo, não sou boa em mentir mas acho que ele acreditou.

Eu estava pressionando minhas mãos contra elas mesmas, minhas unhas estavam grandes, e quando elas entravam em contato com a palma da minha mão elas ficavam vermelhas, elas estavam frias e um pouco suadas. Apertei tanto que uma delas começam a sangrar e o sangue começa a escorrer por ela. Não demonstro dor nem nada do tipo, por que realmente não estava doendo, só ardendo. Pode ser a adrenalina ou o nervosismo.

Droga.

Faz tempo que isso não acontecia.

- Como pretende ser levantadora se ficar com as mãos machucadas? - Sua voz soa calma e como um sussurro, ele se levanta e começa a mexer nas prateleiras, parecia estar procurando alguma coisa.

Em uma das caixas que ele pega um rolo de esparadrapo que alguns jogadores geralmente usam para jogar. Odeio eles. Se tiver nem que seja um milímetro de distância entre minhas mãos e a bola, não consigo senti-la por completo. Kageyama vem até mim e se senta em minha frente, pega a minha mão machucada e começa a enfaixa- lá com cuidado.

- O que tá fazendo? - Pergunto enquanto o observava, ele parecia concentrado no que estava fazendo. No momento em que senti seu toque, senti um turbilhão de emoções e um calafrio subir pela espinha, suas mãos estavam quentes e eram maiores que a minha. O seu toque me deixou nervosa, mas calma ao perceber que estava cuidando do meu machucado.

- Não tá vendo?

- Idiota. - Bufo e revirou os olhos.

- Digo o mesmo.

- Sabe... - Começo a dizer enquanto mexo em minhas unhas com a outra mão. - Eu tinha um "apelido" parecido com o seu. Então não se ache o único membro da realeza por aqui. - Ele me olha confuso pelas palavras repentinas.

O Olhar Do Oceano Sobre Mim -Kageyama TobioOnde histórias criam vida. Descubra agora