09

78 11 3
                                    

BIA POINT VIEW:

  É sério que eu acabei de perguntar se ele quer que eu vá na casa dele? Sem os pais dele? Eu só posso estar louca. Não tenho segundas intenções, e nunca vou ter. Principalmente com esse garoto. Eu devo estar vermelha que nem tomate.

  – Quero. - Ele fala rápido sem expressão nenhuma vergonha. Aí droga...

  Agora o convite já foi feito, e infelizmente foi por mim, nossas varandas são bem próximas, quase coladas mas com uma vala no meio. Será que eu consigo pular? Se eu não conseguir eu me quebro toda no chão. Caminho até a grade que da ao lado da casa de Kageyama e fico olhando para baixo, ele me observa ainda encostado na parede.

  – No que está pensando? - Ele pergunta, parece saber exatamente o que eu estou pensando. Olho para ele e ando um pouco para trás. - Não está pensando em pular né? - Ele descruza os braços e se sai da parede rapidamente, parecia um pouco preocupado.

  – Se eu morrer é culpa sua. - Digo e me preparo para pular, eu consigo pular bem alto então acho que são será um problema.

  – Por que não vem pela porta?

  – Tô com preguiça de ter que descer e subir a escada novamente. Eu vou por aqui mesmo. - Ele me olha se dando por vencido. Sinto um leve frio na barriga, é sério que eu vou pular a de uma varanda para a outra só pra ir na casa desse garoto? O que eu fiz de tão ruim para merecer isso? Pensando bem, fui eu mesma que me ofereci. Ele parece perceber o meu nervosismo.

  – Tem certeza? - Ele pergunta ainda com os braços cruzados.

  Não, eu definitivamente não tenho certeza.

  – Você sabe que você não precisa vim. Né? - Ele parece perceber o meu nervosismo e o meu medo, pular de uma varanda pra outra não é uma coisa que se costuma fazer todo dia né?

  – Você tem comida aí? - Pergunto cruzando os braços e o olhando de onde eu estava, de um jeito provavelmente estranho. É impressionante como mudei de assunto tão drasticamente, mas ele parece não se importar, não expressa dúvida, curiosidade pelo motivo pela qual mudei de ideia e nem nada. Simplesmente sem nenhuma expressão, ele também não parecia ter segundas intenções ou algo do tipo. Me sinto aliviada com isso.

  – É... - Ele coloca a mão na nuca e suas bochechas ficam um pouco vermelhas. - Tenho. - Ele claramente estava mentindo.

  – Você não sabe mentir. - Digo de um jeito sarcástico.

  Ficamos em silêncio por um tempo, apenas nos encarando e desviando o olhar para algumas coisas em volta, plantas, a rua e tudo mais o que estava no nosso campo de visão. Até o clima ficar incrívelmente estranho.

  Kageyama solta um suspiro cansado e ao mesmo tempo frustrado, coloca uma das mãos na cabeça e a outra na grade da varanda procurando um apoio, ele parecia mal estar se aguentando em pé.

  – Eu vou entrar, depois a gente se fala.- Sua voz sai um pouco fraca e logo depois entra em seu quarto cambaleando. Ele não parecia nada bem. Deveria estar com dor.

[...]

  Já se passou uma semana, e hoje é segunda novamente. Não falo com Kageyama desde aquele dia na varanda. Trocamos olhares de ódio durante as aulas e treinos mas nada a mais. Voltamos juntos todos os dias depois dos treinos, quando tenho treino com as meninas ele me espera. Infelizmente. Sinceramente não sei o motivo, ele anda uns 5 ou até mais passos atrás de mim. Talvez seja para mim me sentir segura.

  E funciona.

  Mesmo não falando nenhuma palavra no caminho, nem sobre as aulas, treinos, um boa noite. Nada. Não que eu queira falar com ele, só é... Estranho. Parei de andar definitivamente com os fones na rua. E quando ando, é com o volume baixo.

O Olhar Do Oceano Sobre Mim -Kageyama TobioOnde histórias criam vida. Descubra agora