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Desfazemos o abraço depois de alguns segundos, mas agora com nossos corpos mais próximos do que antes. E nossos rostos também. Eu estava com um leve sorriso no rosto, um daqueles que surgem sem que você perceba, mas ele notou. Seus olhos percorrem meu rosto com uma delicadeza que faz meu coração bater mais rápido.

- Você deveria sorrir mais - ele diz, quase como um sussurro, com um leve sorriso nos lábios.

Aquelas palavras me atingem de uma forma que ele jamais imaginaria. Sorrir mais... Como se fosse algo fácil para mim. Ele não sabe, mas para mim, sorrir tem um preço. Um preço que eu aprendi a pagar cedo demais.

Quando eu era criança, sempre fui extrovertida, aquela que ria alto sem medo. Mas foi justamente meu sorriso que se tornou o alvo de piadas. Diziam que meus dentes eram grandes demais, tortos, que meu sorriso era "estranho" ou "engraçado". Não importava o que eu fizesse, sempre havia um comentário maldoso, uma risada disfarçada no fundo da sala. E aquilo começou a me afetar. Cada vez que eu sorria, imaginava que estava dando a eles mais motivos para me machucar. Com o tempo fui sorrindo cada vez menos, como se esconder esse lado de mim pudesse me proteger.

Olho para Kageyama que espera uma resposta, talvez sem perceber o que suas palavras despertaram em mim.

- Não é tão fácil assim - murmuro, minha voz baixa, desviando o olhar. Não quero estragar o momento, mas sinto que ele já percebeu que algo não está certo.

- Por quê? - ele pergunta, sua voz suave, mas com um toque de curiosidade genuína. Não há pressa no tom dele. É como se ele realmente quisesse entender.

Suspiro, sentindo minhas mãos tremerem levemente.

- Quando eu era criança riam de mim por causa do meu sorriso - Começo, com a voz hesitante, nunca me senti bem de desabafar com ninguém, mas com ele é diferente. Nos conhecemos a pouco tempo, mas parece que já faz séculos. - Diziam que era estranho, que meus dentes eram feios. Cada vez que eu sorria, era como se eu estivesse me expondo a mais humilhação. Então, eu parei.

Kageyama me escuta em silêncio, e ao invés de tentar me interromper ou mudar de assunto, ele me encara com uma intensidade que me faz querer continuar.

Ele desvia o olhar por um segundo, e vejo seus punhos se fecharem levemente, como se estivesse tentando conter a raiva que minhas palavras provocaram.

- Idiotas - ele murmura, a voz baixa, mas carregada de uma firmeza inesperada. - Eles não sabiam o que estavam perdendo.

Sinto um calor tomar conta de mim ao ouvir isso. Ele fala com tanta sinceridade que por um momento, parece que todo o peso do passado desaparece. E pela primeira vez sinto que talvez, só talvez, ele tenha razão.

Ele se inclina um pouco mais, seus olhos focados nos meus. O silêncio que se instala entre nós é diferente de antes, não é desconfortável, é carregado de algo mais profundo. Meu coração bate rápido no peito, e cada segundo parece se alongar. Seus olhos caem para os meus lábios por um breve momento, antes de voltarem para o meu rosto. Eu não me mexo, mas meu corpo responde de alguma forma, me inclinando levemente em direção a ele.

- O seu sorriso é como uma canção que toca no fundo da minha alma, doce e inesquecível. - Isso foi definitivamente uma das coisas mais encantadoras que já ouvi, sendo dirigidas a mim... E veio do garoto mais encantador e gentil que eu já vi. Ele pode ser um pouquinho egocêntrico as vezes, mas sinto que ele é a pessoa certa.

Ele diz tão suavemente que mal consigo ouvir, mas sei que aquelas palavras vão ecoar dentro de mim por muito tempo. E dessa vez, quando sorrio não é pesado. É leve, sincero... Porque foi ele quem fez isso acontecer.

O Olhar Do Oceano Sobre Mim -Kageyama TobioOnde histórias criam vida. Descubra agora