O Olhar Do Oceano Sobre Mim -Kageyama Tobio

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BIA POINT VIEW:

Um dia...

Apenas um dia para o campeonato.

A ansiedade está tomando conta de mim, e por mais que eu tenha prometido para mim mesma que não ficaria assim, simplesmente não consigo evitar. Mesmo não sendo titular, estou tão nervosa quanto as outras garotas. Elas me dizem para relaxar, e eu tento, mas é como se uma tempestade estivesse se formando dentro de mim. Ontem, o treino com os garotos foi intenso, e embora tenha sido deixada de fora da parte mais importante, por escolha própria, o ambiente competitivo só aumentou minha apreensão. Foram horas de saques, bloqueios, levantamentos, passes e ataques... Literalmente tudo, para o grande momento de amanhã. O treino de hoje com as garotas foi uma repetição exaustiva, e todas estavam tensas, tão concentradas que até Misaki para minha surpresa evitou suas piadinhas sobre Kageyama do tipo "seu namorado está te esperando lá fora", e eu agradeço por isso.

Me encontro na varanda do meu quarto, olhando para um céu sem estrelas. As nuvens escuras e o céu nublado. Eu gosto de ficar sozinha, de me perder em meus próprios pensamentos. Mas parte de mim deseja que ele apareça. Que ele venha até a varanda ao lado. Quero que ele me diga algo que acalme minha mente, que me faça acreditar que amanhã vai dar certo. Que eu vou ser capaz. Não é como se fosse uma dependência emocional, é só... Eu não sei o que é.

Na verdade eu sei.

Quero que ele fique comigo.

Já está tarde, e para minha insatisfação, Kageyama ainda não apareceu. A luz do seu quarto  está acesa há um tempo. Considero jogar pedrinhas na janela para chamar sua atenção. E, sem pensar muito, começo a atirar algumas, não tão forte, apenas o suficiente para que ele perceba. E lá está ele.

– Já passou da hora de crianças estarem na cama – ele diz com aquele tom provocador, ainda do lado de dentro do quarto, as mãos nas brechas da porta entreaberta.

– Tá escondendo o quê? – Digo ignorando seu comentário. Ele parece hesitar por um momento, como se estivesse nervoso.

– Nada. Vai dormir.

– Não até você me dizer o que está escondendo – insisto, cruzando os braços e sorrindo sarcasticamente.

Ele se aproxima da grade, deixando a porta se fechar atrás de si.

– Já subiu no telhado? – Ele sabe se desviar do assunto como um mestre, como se estivéssemos conversando sobre qualquer outra coisa.

– N...não? – Minha resposta soa mais como uma pergunta do que uma afirmação, um misto de curiosidade e receio.

Com um movimento ágil, ele apoia o pé na grade e, com uma facilidade impressionante, se lança para o telhado. Parece que já fez isso inúmeras vezes. Ele me olha de cima e estende a mão.

Achei que ele fosse cair, mas não cai.

– Se eu cair, é culpa sua.

– Se você cair, eu caio junto – ele responde com um sorriso, sua voz firme e segura.

Rio, mas meu coração está acelerado enquanto imito seus movimentos desajeitadamente. Seguro sua mão, e ele me puxa para cima. E mais uma vez, o seu toque me trazendo uma sensação de segurança. Subo com esforço, tentando não parecer tão desajeitada. É como se eu fosse uma criança de novo.

– E aí? – ele pergunta, com um sorriso brincalhão, os cabelos negros balançando levemente com o vento. Ele está usando um moletom que o protege do frio, enquanto eu com minha regata fina, sinto o vento gelado me cortar.